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9.9.03

Costumo dizer que não sou siamesa de ninguém. Isso inclui familiares de sangue, marido e amigos. Pessoas que eu amo podem e devem ter opiniões diversas sobre os mais diversos assuntos, de religião a criação dos filhos, de política a gosto artístico.

Tem muito tempo que me liberei também das comparações. E isso pode ser bem complicado para quem, como eu, vem de uma família onde as filhas, todas mulheres, têm idades muito próximas. Deixei o mundo saber da minha dispensa em relação ao metro alheio quando um belo dia minha mãe veio mais uma vez com a ladainha:

- Puxa! Sua irmã não faria assim. Você é tão diferente dela.

Ao que respondi com um retumbante “Graças a Deus!” que calou este tipo de chantagem para todo o sempre. Amém!

Entretanto ser unique e manter opinião própria não exime a necessidade de pontos de contato com aquelas pessoas que tocam nosso sentimento. Em seu livro Decifrar Pessoas, Jo-ellan Dimitrius afirma que duas coisas são fundamentais para saber muito sobre determinado espécime humano. A primeira delas é conhecer a visão que o objeto de observação tem do mundo e seu próprio papel nele. Ele é uma pessoa satisfeita (ou amarga), otimista (ou só vê sombras), feliz com os resultados das decisões que tomou vida afora? A segunda diz respeito à compaixão, sua generosidade em compreender os limites alheios, sua disposição em ajudar, sua capacidade de perdoar. Assim, sabendo dessas duas coisas sobre uma pessoas pode-se dizer quem ela é e possivelmente prever como reagirá diante de determinada situação.

Claro que existem muitas outras pistas. Algumas pessoas conhecem intuitivamente, outras estudam para aprender mais sobre o assunto. Tem gente que usa conhecimento e dom para o bem. Muitos arúspices tentam fazer um gordo pé de meia apenas usando o que para alguém com alguma sensibilidade é transparente nos transtornados pela dor e tristeza. Ou será que alguém procura vidente/curandeiro quando está pleno? Com algum treino em observação, a margem de acerto pode ser altíssima.

Pois deixando de lado as entranhas, já notei que rapidamente posso dizer se determinada pessoa pode vir a ser um chegado. Trata-se da visão desse ente em relação a dois assuntos. Não que esses pontos sejam pré-requisitos para alguém tornar-se meu amigo. Simplesmente são questões emblemáticas, que contam muito sobre a forma como se observa o mundo e a humanidade.

Empiricamente afirmo que quem vê na cidade do Rio de Janeiro, além de mazelas, uma Cidade Maravilhosa e todo aquele que entende a pena de morte como uma abominação vai ter muitas outras coisas em comum comigo e tem grandes chances de vir a ser uma pessoa muito querida.

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