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26.6.01

DE SALAMANDRAS E ALIENÍGENAS

Quando criança, fui voraz leitora de contos-de-fadas e lendas, principalmente brasileiras. E vez por outra me deparava com uma princesa salamandra e seu fogo misterioso, mas nunca entendi direito esta associação entre o bicho e o elemento.

Pois quem me esclareceu foi um programinha infantil que eu assistia com o moleque. Como sabemos, a geração expontânea era uma teoria amplamente aceita até pouco tempo. E as salamandras habitavam nos tocos usados como lenhas e se escondiam tão bem que as pessoas não viam que elas estavam por lá até acenderem suas fogueiras e lareiras e verem os anfíbios correrem para livrarem-se das chamas. Assim, dentro do conhecimento disponível na época, deduziam que era o fogo que gerava as salamandras.

Aliás, tenho reparado que os programas infantis não são como costumavam ser. Li que o nível de inteligência da humanidade aumentou muito no último século e parece que a televisão (pelo menos os canais infantis a cabo), sempre atenta ao seu público, tentam acompanhar esta evolução, respeitando e atendendo aos interesses das novas gerações. Há pouquíssimo gugu-dadá e muita informação interessante para quem procura qualidade. "A Magia do Cinema", por exemplo, é um programa que fala das técnicas da sétima arte em linguagem ao mesmo tempo didática e divertida, explicando como são elaborados e realizados os efeitos especiais, as animações e outro dia tive que ouvir uma aula do meu filho de seis anos sobre chroma key. Às vezes assisto com ele e outro dia vi uma reportagem bem interessante sobre o porquê do sucesso dos filmes de invasão alienígena. Falavam sobre a época áurea deste gênero e os traumas depois de duas grandes guerras, do início da guerra fria e a constante ameaça que isto representava no inconsciente coletivo, da sensação generalizada de que os governantes escondiam informações das pessoas comuns e eu fiquei pensando até que ponto uma criança pode registrar uma análise tão sofisticada.

A verdade é que eu mesma tenho prestado bastante atenção a este assunto desde que surgiu a história de que a Elba Ramalho havia sido chipada por ETs. Gosto de ouvir as teorias e suas bases de justificativa. Há coisas incríveis espalhadas por esta rede e com alguma paranóia e uma dose de asceticismo dá para embarcar nesta viagem mística intergalática.

Brincando com esta teoria de dominação da Terra por seres estranhos, vi um filme muito divertido no final de semana. Chama-se "A Família Applegate" (Meet the Applegates), uma produção de 1991 dirigida por Michael Lehmann e estrelada por Ed Begley Jr., Stockard Channing (por que será que eu jamais consigo memorizar o nome desta atriz, mesmo adorando o seu trabalho?) e Dabney Coleman. É a história de uma família de super-insetos que tentam se passar por cidadãos comuns, visando, claro, dominar o mundo. É filme para desopilar o fígado.

Ontem vi "Sabor da Paixão" de Fina Torres com Penelope Cruz e Murilo Benício. Apesar de tratar o Brasil como um grande objeto folclórico e exótico, pelo menos alguém se deu ao trabalho de pesquisar um pouquinho mais e não fazer o avião sobrevoar a Amazônia cinco minutos antes pousar no Aeroporto Antônio Carlos Jobim, por onde correm bodes e galinhas e se fala espanhol. Falta brasilidade a Penélope, uma alienígena na Bahia, mas ela é indubitavelmente linda. Não dá para deixar de imaginar o que uma Sônia Braga dos velhos tempos faria numa personagem como aquela. Aliás tem muito de Jorge Amado na história, uma espécie de Dona Flor sem o segundo marido. Murilo tem talento de sobra para ser ótimo em qualquer papel, mesmo neste bem tolo. Enfim, deu para rir um bocado, mas nós brasileiros engasgamos com uma malagueta aqui e ali, por mais complacência que se tenha.

25.6.01

Final de semana por aqui é sempre dedicado à família, quase em tempo integral. Desta vez, entre penúltimos preparativos para o grande dia e uma crise de bronquite do pimpolho, não deu para escrever.

Tenho recebido muito carinho da turma blogueira. A Fer colocou um elogio na sua página que me fez corar e trouxe até aqui (e me levou até) gente interessante. A Vicky tem um jeito divertido de nos colocar dentro de sua intimidade. O Binho gosta de brincar. Também recebi a visita da Daniela. Uma delicadeza de menina, cheia de citações. Sem falar das blogueiras amigas de todas as horas que já ganharam espaço cativo aí ao lado. Obrigada a todos.

Ando meio monotemática com toda esta história de casamento. E o mundo continua girando com seus infanticídios, suas guerras, seus desastres, suas mazelas, sua corrupção... Quanto mais leio, menos entendo. E o pior é que nada é realmente novidade, nem acontece mais do que sempre aconteceu. Apenas sabemos mais, temos mais acesso. E a informação torna-se vital porque qualquer coisa que aconteça do outro lado do mundo tem repercussão global. Mas daí a achar que tudo é um grande sinal, vai um abismo colossal...

Estou em tempo de aconchego doméstico. Ontem vimos O Homem Sem Sombra e, apesar dos incríveis efeitos especiais, achei bobo. Aliás, estou muito mais para romance que para terror sci-fi. É como eu disse: rodo, rodo, e acabo sempre no mesmo tema.

Descobri que uma pessoa que amo está ficando velha. E nem é uma questão de idade, porque conheço pessoas mais idosas que não ficam o tempo inteiro falando de doença e reclamando de barulho de criança. Acontece... Um belo dia você olha para alguém e percebe que o viço acabou, que ela abandonou o sonho, que cansou, desistiu. É triste...

Por outro lado, reafirmei a teoria de que as verdadeira amizades ficam apenas latentes na distância de tempo e espaço. Como é bom retomar contato com alguém querido!

Céu de brigadeiro e alma de passarinho...