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21.10.05

Desatenção ou malícia
(Caetano Veloso)


"A matéria de Sérgio Martins sobre Moby da edição de 21 de setembro é o exemplo mais revoltante do que se faz de mau jornalismo em Veja. Além de importar o tom grosseiro dos tablóides de rock ingleses para a grande imprensa brasileira (sim, porque no New York Times ninguém escreve assim), Martins falseia fatos. Moby não pediu perdão a Hugo Chávez. E a frase sobre o Big Bang é minha, não de José Miguel Wisnik. Ela foi distorcida com intenção de ridicularizá-lo.

Expus a idéia no texto do encarte do meu disco A Foreign Sound, que já está à venda há muitos meses em todo o mundo. A conversa que tive com Wisnik a respeito (e que também está relatada no encarte) gerou a nova peça do grupo Corpo, que teve estréia recente com ampla divulgação. O repórter de Veja não tem o direito de ignorar esses fatos. É evidente que ele quis passar por cima dos mesmos com intenção de agredir Wisnik por motivos que ignoro. De qualquer modo, se ele desconhecia manifestações tão largamente publicadas não tinha qualificação para exercer a função que exerce - e se tinha, agiu de má fé. E a editoria geral da revista só pode admitir que algo assim aconteça por desatenção ou malícia. Lendo Veja sobre Moby e Wisnik somos levados a crer que José Dirceu é um homem honesto e sensato."

(leia mais)
Caros,

Tenho ouvido muitas desinformações causadas pela complexidade do tema e argumentos de boa vontade, porém facilmente rebatíveis na defesa do voto NÃO no referendo. Quero meter minha colher, porque não estou a fim de tomar um tiro na cara e gostaria de evitar chorar mais mortos por 38 da Taurus. Não visto branco, quero que a Sou da Paz e o Viva Rio se fodam, mas isso não me deixa burro o suficiente para achar que mantendo o atual Bang-Bang o país um dia vai ficar mais seguro por ordem e graça do Divino Espírito Santo. Eu quero mudar e acho que essa é uma forma de começar. Dizer NÂO é acenar pro bang-bang; tô fora! Vai com o pouco de informação que tenho, que, no entanto, percebo que é mais do que a que as
pessoas, de modo geral, dispõe. Serei breve:

1- Da importância do referendo: nenhum problema do Brasil é tão sério quanto o da segurança. O Brasil é o país no mundo onde mais se morre por arma de fogo. Mais de 50% das famílias, inclusive a minha, já tiveram componentes mortos por armas de fogo. O referendo, votemos sim ou votemos não, não vai mudar da noite para o dia essa situação. Mas votar NÃO significa manter tudo como está. Votar SIM significa diminuir o número de armas em circulação, e, por conseqüência óbvia, diminuir as chances de haver mortes por arma de fogo, como as dos cinco garotos que morreram em escolas estaduais de São Paulo só esse ano. Só vota NÃO quem tá satisfeito com o jeito que a coisa está.

2- O governo convocou o referendo. Não foi; foi o Congresso, antes dos escândalos começarem, e atendendo a uma campanha que começou no Brasil em 1997, por parte de mães que tiveram seus filhso assassinados. A primeira matéria que eu fiz sobre o tema foi em 1998. Os primeiros projetos datam dessa época. Políticios vagabundos de todos os partidos (Serra PSDB, Garotinho PMDB, Lula PT) apóiam o SIM. Do lado de la´tem o Fleury do Carandiru, o Bolsonaro e o Caiado da UDR).

3- Desarmamento não muda nada. Mentira. Desde que começou a campanha do desarmamento, o número vergonhoso de homicídos no Brasil diminuiu. Pela primeira vez em 13 anos, o número de mortes por arma de fogo caiu no Brasil. Pesquisa feita pelo Ministério da Saúde revelou que, depois do início da campanha, em 2004, o número de homicídios por arma de fogo
diminuiu 8,2% em relação ao ano anterior. Os dados mostraram que, em um só ano, 3.234 vidas foram poupadas. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade com o número de armas recolhidas e revelou que as maiores quedas ocorreram justamente nos Estados que mais recolheram armas. A Unesco divulgou outra pesquisa, também no mês passado, na qual estimou como seria a progressão no número de homicídios caso a campanha não tivesse ocorrido e concluiu que mais de 5.000 vidas foram poupadas

4- Ninguém tem que entregar arma nenhuma. É verdade. Quem já tem arma vai poder mantê-la. O porte de armas não muda em nada. Se o "Não" vencer, o comércio de armas continua como é hoje; se o "Sim" vencer, de acordo com o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento, só muda a venda de armas, que será proibida. Quem um dia precisar de proteção, por se sentir
ameaçado, ou morar em área isolada, poderá ter arma. Leis complemteares vão regulamentar isso.

5- Fato: As armas dos bandidos já foram de “cidadãos de bem” (sem dizer que qual é o cidadão de bem que você conhece que anda armado?). Os números a seguir são oficiais, da Polícia, não de ongs de merda. No Rio de Janeiro, 30% das armas apreendidas na ilegalidade foram originalmente vendidas para "cidadãos de bem", e depois desviadas para o mercado
clandestino [Polícia Civil RJ, 2003]. As armas compradas legalmente muitas vezes caem em mãos erradas, através de roubo, perda ou revenda. Só no Estado de São Paulo, segundo a Secretaria de Segurança Pública, entre 1993 e 2000, foram roubadas,
furtadas ou perdidas 100.146 armas (ou seja, 14.306 por ano).
6- Opinião da Veja não vale: Da colunista Barbara Gancia, sexta-feira, dia 14 de outubro de 2005, no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo ”Por que a revista [Veja] não nos contou que a empresa à qual pertence paga aluguel de cerca R$ 1 milhão à família Birmann, que vem a ser proprietária do prédio que serve de sede da Editora Abril e também, veja só, da CBC, a Companhia Brasileira de Cartuchos?” A CBC é a única empresa que produz munição no Brasil.

7- Da Época: As armas legais fazem um mal brutal pra mim, pra você e pra todo o mundo.ELAS ERAM LEGAIS Armas compradas por pessoas sem antecedentes criminais, em lojas regulares, foram usadas em: 67% dos estupros- 51% dos roubos - 46% dos latrocínios - 49% das lesões - 38% dos homicídios - 51% dos casos de tráfico com registro de flagrante.
Fonte: Iser 2003, registro de 3394 ocorrências da Polícia Civil no Rio, em 2003 8- O mercado negro vai aumentar. Bobagem. Então, é mais fácil comprar cocaína hoje do que quando ela era vendida em farmácia. Esse argumento é bobo demais. A Època já desmontou. “A cada ano, cerca de 35 mil armas de fogo são furtadas de cidadãos. Pesquisa feita com dados de ocorrências no Rio de Janeiro mostra que 65% das armas apreendidas eram de
pessoas físicas, haviam sido registradas e acabaram em mãos de bandidos. Essas armas formam a grande parte do mercado negro, que movimenta cerca de R$ 1 bilhão. Um efeito colateral é que também há armas apreendidas pela polícia e revendidas a bandidos várias vezes seguidas. Esse comércio, como o roubo puro e simples de armas, continuará existindo. Porém, se o cidadão comum tiver menos armas, o preço de cada peça no mercado negro vai subir. Isso já acontece desde a entrada em
vigor da nova lei. Em Santa Catarina, um revólver calibre 38 que custava R$ 200 na favela está em R$ 1.000. Em Porto Alegre, há quatro meses, um 38 custava R$ 80. Hoje, vale R$ 300.
9- Muita gente morre de bobeira, não na mão do bandido. Votar SIM ou votar NÂO não muda a necessidade de combater os bandidos. Ridículo e ingênuo é imaginar que uma lei poderia desarmar os bandidos. Mas tem o efeito de dificultar que ele se arme. O pé de chinelo que assalta e mata na rua (não é de AR-15, né?) não vai ter dinheiro para se abastecer no mercado negro. Mas a gente deve temer tb o “cidadão de bem” que está armado. Só assim a gente pode ficar livre de um “Dia de fúria” de algum maluco, pitboy, corintiano, bêbado ou chifrudo. “O sociólogo Guaracy Mingardi acompanhou 1.200 boletins de ocorrência e 300 inquéritos, em 14 distritos de São Paulo. Constatou que a maioria era de fato provocada por cidadãos comuns. "Assassinatos cometidos por criminosos são minoria. Quem mata mais não é o bandido, como a maioria das pessoas imagina. As mortes ocorrem nas brigas de bar, entre vizinhos, por ciúme", diz. São conflitos conjugais, violência contra mulheres e crianças, brigas de trânsito, disputas entre vizinhos, discussões em bar. "Os bandidos matam quando acham que a vítima está armada", observa o criminólogo Tulio Kahn. Segundo ele, somadas as chacinas, os latrocínios e as resistências seguidas de morte, tem-se 12% dos homicídios. Andar armado é um direito – Não é. Interessante como as pessoas falam "Eu não ando armado, mas defendo esse direito. Direito para quem!!??? Pra mim quem anda armado não é flor-que-se-cheire, salvo se trabalha com isso. O direito dessas pessoas vai continuar garantido pela lei. Comprar arma não é direito porque põe os outros em perigo, por sua ação ou pela de outro que se apossa da arma. Andar com um pitbull também não; acelerar a 140 por hora também não; vender bebida pra criança também não; jogar pedra portuguesa pela janela tabém não. Tudo iisso põe as pessoas em risco, portanto é normal que se proíba.

Então, queridos, pensem. Se for pra votar NÂO, votem. Mas esse referendo é mais importante do que a eleição presidencial. Quem acha o referendo um erro, vota NULO. Eu vou de SIM.

(Dirley Fernandes - Jornalista)
L'amour, toujours l'amour


(recebido por e-mail sem o nome do autor)

"Sabe, querido, quando você fala me faz lembrar o mar...
Puxa, amor. Não sabia que te impressiono tanto.
Não é que me impressione. É que enjoa."

"Querida, vamos ter que começar a economizar.
Tudo bem... Mas como?
Aprenda a cozinhar e mande a empregada embora.
Tá legal... Então aprenda a fazer amor e pode dispensar o motorista."

"Adão e Eva passeavam pelo Paraíso. E a Eva pergunta:
Adão, você me ama? E o Adão, resmungando:
E eu lá tenho outra escolha?"

"O cara pergunta para a mulher:
Querida, quando eu morrer, você vai chorar muito?
Claro, querido. Você sabe que eu choro por qualquer besteira..."

"Na cama, o marido se vira para a jovem esposa e pergunta:
Querida, me diga que sou o primeiro homem da sua vida
Ela olha para o babaca e responde:
Pode ser... Sua cara não me é estranha..."

"Um casal vinha por uma estrada do interior, sem dizer uma palavra.
Uma discussão anterior havia levado a uma briga, e nenhum dos dois queria dar o braço a torcer. Ao passarem por uma fazenda em que havia mulas e porcos, o marido perguntou, sarcástico:
Parentes seus !!!!
Sim, respondeu ela. Cunhados e sogra."

"Marido pergunta pra mulher: Vamos tentar uma posição diferente essa noite?
A mulher responde:
Boa idéia, você fica aqui em pé na pia lavando a louça e eu sento no sofá!!!!!"

"A mulher compra um kit da Tiazinha para surpreender o maridão que há tempos não se animava.
E aí, querido? Com quem eu fiquei parecida?
Do pescoço pra cima com o Zorro, do pescoço pra baixo, com o sargento Garcia."

"O marido decide mudar de atitude. Chega em casa todo machão e ordena:
Eu quero que você prepare uma refeição dos deuses para o jantar e quando eu terminar espero uma sobremesa divina. Depois do jantar você vai me fazer um whisky e preparar um banho porque eu preciso relaxar. E tem mais. Quando eu terminar o banho, adivinha quem vai me vestir e me pentear?
O homem da funerária - respondeu placidamente a esposa."

"Querida, o que você prefere? Um homem bonito ou inteligente?
Nem um, nem outro. Você sabe que eu só gosto de você."

"Marido e mulher estão tomando cerveja num barzinho. Ele vira pra ela e diz:
Você está vendo aquela mulher lá no balcão, tomando whisky sozinha?
Pois eu me separei dela faz sete anos! Depois disso ela nunca maisparou de beber.
A mulher responde:
Não diga bobagens. Ninguém consegue comemorar durante tanto tempo assim."

20.10.05

Os nazistas e as armas
Autor: Marcos Rolim
Fonte: ZH, 04/09/05

Há uma mensagem anônima na Internet na qual se sustenta a tese de que o desarmamento conduz à tirania. Nenhuma referência é apresentada, mas o leitor de boa-fé pode ficar impressionado. A mensagem afirma que Hitler, Stalin, Pol Pot e muitos outros facínoras "começaram por desarmar suas vítimas". Bem, espero, sinceramente, que este tipo de material não seja aquilo que os defensores das armas irão nos oferecer na campanha que está chegando. O exemplo de Hitler é bem interessante para desmascarar esta farsa.

Em 11 de novembro de 1938, um dia após o massacre da "Noite dos Cristais", Hitler editou uma legislação proibindo que judeus alemães comprassem armas e determinando o confisco das que eles tivessem em toda a Alemanha. Este é o fato verdadeiro. O que o e-mail não conta é que esta lei surgiu dentro de uma política amplamente favorável ao uso de armas pelos "cidadãos alemães de bem". Uma posição contrastante com a postura fortemente restritiva quanto às armas de fogo do governo alemão anterior, a democrática República de Weimar.

Se as leis nazistas forem comparadas com as leis de Weimar, ficará evidente que os nazistas foram extremamente liberais com as armas, enquanto o regime democrático foi muito restritivo.

Qual foi, então, a política nazista para as armas de fogo? A de que elas deveriam ser consideradas um direito dos "cidadãos alemães, ordeiros e cumpridores da lei". Já os "bandidos comunistas e os capitalistas judeus" não poderiam ter armas. Então, ironicamente, a posição de Hitler quanto às armas de fogo era, na verdade, muito mais próxima daquela sustentada hoje pelo lobby das armas.

A tese manipulatória de que "o controle de armas conduz à tirania" está integralmente exposta num livrinho chamado Gun Control: Gateway to Tirany, editado por uma ONG americana chamada Jews for Preservation of Firearms Ownership - JPFO (http://www.jpfo.org), uma organização de fanáticos de extrema direita que se apresenta como "a mais agressiva defensora da propriedade de armas da América". Um grupo que nada tem a ver com a opinião majoritária dos judeus norte-americanos (ver American Jewish Congress em:http://www.ajcongress.org/ptchoice.htm) e que se dedica a distribuir cartilhas entre as crianças para "ensinar" que a ONU é uma instituição perigosa que pretende acabar com a liberdade nos EUA, que os governantes japoneses são pessoas más que impedem o seu povo de ter armas e que armas de fogo podem ser usadas por crianças de maneira "segura e divertida" (sic).

Ah, eu ia esquecendo: há outros e-mails circulando por aí nos quais se afirma que os crimes violentos na Inglaterra, no Canadá e na Austrália - países onde as armas de mão (revólveres e pistolas) foram praticamente banidas ou receberam fortes restrições - aumentaram após a aprovação das medidas de controle.

Os dados oficiais disponíveis, entretanto, revelam exatamente o contrário. As taxas gerais de criminalidade - especialmente homicídios e crimes violentos - caem nessas três nações, consistentemente.

O mesmo ocorre na nação que mais fortemente combateu as armas de fogo em todo o mundo: o Japão.
CARTAS ÁCIDAS

FLÁVIO AGUIAR

19/10/2005

O demônio da cordialidade


A campanha do “não” pegou impulso a partir de um argumento que encontrou eco: o de que “estão querendo tirar um direito seu” de ter uma arma. O problema é que essa mágica fetichista da posse oculta a verdadeira dimensão do problema: o direito à vida e a negação do poder indiscriminado de matar


A subida do “não” nas pesquisas sobre o referendo do desarmamento tem várias causas. As mais visíveis são:

1) O desfoque da campanha do “sim”, que durante algum tempo se perdeu em apresentar “bons exemplos”, através de gente bonita e famosa, ao invés de argumentos.

2) A confusão da própria pergunta, que exige que quem queira dizer “não” ao desregrado comércio de armas deva votar “sim”, e vice-versa. Provavelmente quem formulou a pergunta se baseou na crença de que “o brasileiro” tem mais dificuldade de dizer “não” em público do que “sim”, o que é uma meia verdade, pois nós sabemos que uma das maravilhas da língua portuguesa é que as palavras podem significar o contrário de seu uso dicionarizado, dependendo do tom com que são ditas.

3) O “não” mobilizou o que o país tem de mais reacionário, num amplo arco que foi da revista Veja, satanizando (de novo) o MST à argumentação irracional de extrema esquerda de que é necessário manter a livre capacidade da população se armar contra o Estado burguês e a direita, como se fosse isso que estivesse em jogo e como se isso fizesse algum sentido. (Imagino o comando revolucionário do futuro ofuscante dirigindo um pedido a uma fábrica de berros: “precisamos de 3000 três oitão na segunda-feira, às 15 horas, pois temos uma revolução para terça de manhã”). Esse reacionarismo político tem como objetivo comum transformar o referendo numa espécie de plebiscito antecipado sobre o governo, visando a eleição de 2006.

4) O referendo também mobilizou um sentimento antipovo difuso na Casa Grande brasileira, para o qual não há sentido em ficar consultando as “massas” sobre matérias importantes; aí também grassa a percepção, que também atinge o condomínio da classe média, de que é um “desperdício” gastar dinheiro com tais consultas. Há aí o temor de que essa “moda” de “fazer referendo” pegue.

5) É claro que o lobby da indústria de armas, em escala nacional e mundial, foi mobilizado contra o “sim”. O referendo no Brasil poderia ser um marco para que outros países adotassem iniciativas semelhantes.

Mas há algo mais. A campanha do “não” pegou impulso a partir de um argumento que encontrou eco, o de que “estão querendo tirar um direito seu”. O argumento é capcioso; na verdade, o que a aprovação da proposta poria em prática seria uma regulamentação estrita para quem queira possuir arma, cuja finalidade teria de ser explicitamente declarada: uso profissional, nas razões previstas, arma de caça em situação de acordo, exercício esportivo. Isso traria um golpe de morte (do ponto de vista legal) para as milícias particulares agenciadas por fazendeiros, grileiros, bingueiros e outros “eiros” da vida. Além disso, quem quisesse adquirir uma arma para aquelas finalidades teria de se capacitar de fato para tanto.

Lembro-me da aparentemente paradoxal lição de um sargento, quando fiz instrução de tiro no CPOR. Dizia ele que a primeira condição para se usar uma arma era jamais, em circunstância alguma, aponta-la para alguém. Por quê?, era a perplexa pergunta. Daí vinham as duas outras: porque se apontar, é melhor estar a fim de usar. E se usar, é melhor saber atirar para matar. A truculência da lição apontava algo de real, pois é disso que se trata: atirar para matar, matar ou morrer. O que vejo na campanha do “não” sobre o “direito” de se ter uma arma, é um argumento que na verdade se dissolve na mágica fetichista da posse, como se ela por si só fosse a suposta legítima defesa contra a bandidagem, e um ocultamento da verdadeira dimensão do problema, que envolve na verdade o direito à vida e a negação do poder indiscriminado de matar.

Por paradoxal que seja a palavra, os argumentos do não mobilizam o velho espírito da cordialidade brasileira. Quem já se encontrou com o conceito de Sérgio Buarque de Hollanda, e não sua simplificação direitista sobre a “índole pacífica(!)” do brasileiro, sabe que essa cordialidade mobiliza tanto a simpatia e o afeto, quanto a antipatia e o ódio. Ela se traduz na ocupação do espaço público pelas lealdades da vida privada, e na incapacidade permanente de se constituir o espaço das garantias individuais sob o domínio, ainda que conflituado, da lei, porque tudo se estriba na rede de pequenos e grandes favores que organizam de fato a vida e a sobrevivência, numa rede que vai da domesticidade aos passos governamentais.

A contrapartida da falta de garantias individuais não é o coletivismo desbragado; é o individualismo feroz. Essa cultura (a do individualismo feroz) se manifesta nos espaços mais espetaculares, como no trânsito, onde freqüentemente a posse de um carro equivale à expectativa de que se ditem as próprias leis, e maior esta expectativa será quanto maior for o carro ou a ignorância de quem o use. Ou nos espaços mais comezinhos, como nas farmácias. Em qualquer país medianamente organizado (não precisa ser rico) é sabida a dificuldade de se comprar remédios além de aspirinas sem uma receita médica.

Aqui não: muitas pessoas se drogam com remédios anunciados com o mesmo espírito fetichista com que agora se defende a desregulamentada posse de armas. A comparação não deixa de ser interessante, ainda que mera comparação: de agora em diante, para se adquirir arma e munição, vai ter que exibir uma receita, e uma receita com reconhecimento público (como a do médico), coisa que apavora o individualismo feroz, mas disfarçado, de que temos o direito inapelável de fazermos e portarmos onde quisermos nossas próprias leis. Inclusive aos banheiros públicos, como é notório e sabido.

Vivemos assentados sobre esse pequeno monstro adormecido, que ao menor sinal de perigo desperta de modo avassalador, nosso demônio da cordialidade construído ao longo dos séculos de colonialismo, império e repúblicas meia-solas que tivemos. Ele agora despertou novamente com toda força, açulado por uma série de acontecimentos, que vão das denúncias no espaço parlamentar, governamental e partidário, ao escândalo do futebol. Este último é paradigmático; primeiro, pela compra de um juiz (pelo menos) para fabricar resultados; depois pela decisão unilateral, feita a portas fechadas, sem apresentação de um único indício convincente, de anular em bloco os onze jogos postos sob suspeita; e por fim, quando os resultados do desmando aparecem, no quebra-quebra no jogo entre Santos e Corinthians, o autor da decisão dá as costas, lava as mãos e vai embora do tribunal como se não tivesse de prestar contas de nada!

Já no primeiro caso, vimos e vemos a apropriação indébita da sigla do PT, por membros da direção partidária, de parlamentares e membros do governo para seus próprios fins; seguida do festival de pirotecnia verborrágica por parte das oposições “criando” a versão de que a corrupção tinha sido inventada pela esquerda. No meio do caminho criaram-se dois personagens imortais da cordialidade: o nosso Iago, o ex-deputado Roberto Jefferson, até agora o único cassado. E Severino Cavalcanti, o indispensável (para derrotar Greenhalgh), depois o descartável (para tentar o impeachment de Lula com Nonô na presidência da Câmara de Deputados).

O interessante é que os dois lados da questão se deixaram devorar pela própria arrogância, contrapartida política daquele individualismo feroz da cordialidade cotidiana. Os governistas envolvidos acharam que não seriam apanhados; enquanto os oposicionistas acharam que já tinham a faca, o queijo e a tábua na mão e, ao se livrarem do Severino que inventaram, abriram espaço para a eleição de Aldo Rebelo, e agora parecem jogadores de futebol que perderam a bola, “rebels”, ou melhor, “homens da ordem without a cause e without a case”.

É verdade que vivemos um momento de desacorçoamento e perplexidade, e nós, da esquerda, tentamos refundar o afundado, seja sob a forma de uma recuperação da memória e do futuro do PT, seja sob a forma da abertura de um novo partido, seja ainda sob a forma de buscar nos movimentos sociais o elo perdido da militância.

É neste contexto político que a campanha do “não” avança, repetindo, de outra forma, o velho argumento de que quanto menos Estado na vida do cidadão, melhor para ele: são os neo-armados do liberalismo destravado ou os neoliberais das armas destravadas, tanto faz. Mas os tempos não são apenas de desesperança, melancolia, ou perplexidade. Em meio à balbúrdia, fica claro que o Brasil se acomoda mal no espaço dominado, ainda que subrepticiamente, pelo demônio da cordialidade, apesar dos mais reacionários continuarem prevendo que ele é um país inviável, de gente inviável, e que o melhor para quem pode é emigrar para um bang-bang norte-americano de segunda mão.


Flávio Aguiar é professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e editor da TV Carta Maior.

19.10.05

Já repararam?

O que Thalma de Freitas, Luís Melodia, Evandro Mesquista, Sidney Magal e Paulo Miklos têm em comum? São todos cantores que fazem parte do elenco da novela Bang Bang no ar pela Rede Globo?

A mesma obra tem ainda Marisa Orth (Grupo Lune e Banda Vexame), Babi Xavier (do CD Do Jeito Que Eu Quero, lançado pela Universal, que teve inclusive participação de Chico Buarque), Guilherme Berenguer (da fictícia Vagabanda, da novelinha Malhação, que lançou disco à vera) e Kadu Moliterno (baixista do grupo Polissonantes, do qual também fazia parte Guilherme Arantes).

O que será que isso significa?
Armas: de que lado você está?

Desde pequenos aprendemos em casa
a evitar as más companhias...

Fonte: Campanha Diga SIM à vida


No dia 23 de outubro, o Brasil inteiro terá a oportunidade de escolher que tipo de futuro quer construir e legar para as futuras gerações. Para deixar bem claro o que está por trás dos argumentos que querem convencer pessoas sensatas de que arma serve para a “legítima defesa”, dá uma olhadinha na "Seleção do Não" e veja os interesses de quem lidera este movimento.

Neste time estão políticos que defendem abertamente a ditadura militar e seus anos de chumbo, políticos acusados de cometer crimes e até chacinas, e políticos que adoram criar obstáculos a reformas para a modernização das polícias e medidas que DESARMAM O BANDIDO. Praticamente todos tiveram suas campanhas financiadas pelas fábricas de armas e munições que lucram com cada tiro, não importa se vindo de cidadão de bem ou “do mal”. Conheça-os melhor:

1. Alberto Fraga
Coronel da PM do Distrito Federal, acusado de ser membro de um grupo de extermínio em Brasília, abusando de sua condição profissional. No Congresso Nacional é o lobista número um não só das indústrias de armas, de quem recebeu 75% de seu financiamento de campanha (dados oficiais do TSE - www.tse.gov.br), mas também dos setores conservadores das polícias, impedindo qualquer projeto de lei que tenha por objetivo melhorar ou avançar na modernização destas importantes corporações.

2. Luis Antonio Fleury Filho
Ex-Governador de São Paulo, saiu avaliado como um dos piores governadores de todos os tempos. Como grande marca de sua gestão, além de processos por corrupção, deixou os 111 cadáveres de presos do Carandiru, que lhe rendem mais processos na justiça e uma condenação ao Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Recebeu 50 mil reais de uma subsidiária da CBC – Companhia Brasileira de Cartuchos (dados oficiais do TSE - www.tse.gov.br) e no Congresso Nacional votou contra: aumento de penas para porte ILEGAL de armas, marcação de armas para rastrear os BANDIDOS, tipificação do crime de TRÁFICO internacional de armas e outras medidas destinadas a restringir o acesso de bandidos à armas, mas que podiam prejudicar a indústria que paga sua campanha.

3. Coronel Ubiratan
Sempre esteve junto com Fleury. Conhece de perto como funciona a mente criminosa, já que foi condenado pela justiça paulista a 635 anos de cadeia!!! Por ser primário, responde em liberdade e usa as prerrogativas de ser Deputado... Dispensa comentários.

4. Conte Lopes
Ex Policial, recebeu medalhas por "bravura" por diversas ações de brutalidade policial. Foi condecorado, e se orgulha muito disso, pelo Ex ­ Prefeito e Neo Presidiário Paulo Maluf.

5. Jair Bolsonaro
Ferrenho defensor e saudosista da ditadura de 1964. No Congresso Nacional, ao invés de usar seu mandato para contribuir com a sociedade, dedica-se a criar factóides levando e louvando torturadores e outros "amantes da paz e da democracia".

6. Bolsonarinho
Filho de peixe, peixinho é. Na esteira do pai, Jair Bolsonaro, repete seus discursos e ações na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.

7. NRA -­ National Riffle Association
É o lobby das armas americano, o mais poderoso do mundo. Ficou famoso no filme Tiros em Columbine, de Michael Moore, por ser uma organização que faz atos em cidades onde pessoas foram mortas em tragédias com armas, para que elas não se deixem levar pelos fatos e continuem comprando armas. É a principal fonte de dados para a campanha do Não no Brasil, que simplesmente traduz e copia suas estratégias.

8. Taurus/Rossi
Maior indústria de armas do Brasil. Atualmente têm 33% do mercado americano de pistolas. Lucram por ano mais de R$150 milhões de reais com a venda de armas. Tem atuado decisivamente para impedir qualquer avanço no combate ao tráfico de armas em nosso país ou na aprovação de medidas que permitam dar mais meios à polícia para ajudar a identificar desvios de armas. Produzem a imensa maioria das armas utilizadas por criminosos em nosso país e nunca foram responsabilizados por isso. Nos anos 90, depois dos USA, seu maior comprador internacional foi o Paraguai, como se a indústria não soubesse que estas armas não eram para os pouco mais de 6 milhões de paraguaios, mas para voltar pelas nossas fronteiras para armar criminosos.

9. Companhia Brasileira de Cartuchos – CBC
Praticamente monopolista do mercado de munições no país. Pode olhar nas balas perdidas e disparadas por criminosos que você logo encontrará o seu logo. Financia e apóia a campanha do Não e seus defensores. Faturam aproximadamente 160 milhões de reais por ano. Cada vez que um tiro é disparado em nosso país, eles ganham mais um realzinho.

10. Chico Santa Rita
Marqueteiro oficial do Não no referendo. Tem experiência em dar uma cara bonita para causas que só vem depois a prejudicar a população. Assim atuou para eleger Fernando Collor de Mello presidente da República e Orestes Quércia governador de São Paulo.

11. ??????? Você gostaria de ser o 11º jogador deste time????



Será que estas pessoas estão na Internet, rádios e TVs realmente preocupados com a SUA segurança? Será que eles realmente terão um futuro melhor se a violência CAIR em nosso país? Até hoje, o que ELES fizeram, do alto de seus mandatos ou recursos para reduzir a criminalidade à nossa volta?

Você gostaria de comemorar ao lado deles a vitória das armas em 23 de outubro?
Não se deixe enganar, quem ganha com a venda de armas não ganha com a queda da violência.

Pense nisso na hora de votar!

Obs.: Ao contrário de alguns Spams que circulam por aí, todas essas informações podem ser facilmente confirmadas.

(http://www.greenpeace.org.br/desarmamento/)
Brasília, 17 de outubro de 2005

Companheiros Secretários Municipais de Saúde

Não podemos nos omitir no referendo sobre a proibição do comércio de armas no Brasil, nós que conhecemos de perto a tragédia da violência, as conseqüências não apenas para os agredidos, mas para a saúde de seus próximos e de toda a sociedade.

A violência é a grande doença da sociedade hoje. Nòs que trabalhamos com a dor e com a morte, sabemos que não é multiplicando pronto socorros e UTIs – necessários, é claro – que iremos reduzir essas mortes evitáveis, esse grande sofrimento pessoal e coletivo. Queremos utilizar nossos recursos, nossos saberes, nossa tecnologia em favor da vida, para promover a vida.

Muitas pessoas parecem ter ficado em dúvida sobre o voto, com a propaganda dos "lobbies" que querem proteger o comércio de armas. A que custo! São 40 mil mortes por ano, 108 por dia. A maioria jovem. Temos o direito à vida. Temos o dever de cuidar da vida. Não é possível sobrepor um interesse – chamado de direito individual – acima da vida.

É importante que nós secretários e profissionais de saúde ajudemos a esclarecer a população, para que ela vote consciente, informada.

Temos disponibilizado todo o tipo de material informativo no site do CONASEMS: www.conasems.org.br. A Secretaria Executiva do Conselho e os funcionários do Escritório podem ser acionados para enviar esse material por e.mail, por fax, por sedex. O importante é que a gente contribua para divulgar informações pela vida.

Junto um pequeno texto. Fala de três aspectos que têm sido abordados de modo falacioso na campanha. Ajudem a divulgar, chamem os profissionais de saúde para informá-los e esclarecê-los, pois eles são formadores de opinião.

O Brasil precisa dar esse primeiro passo em direção à paz. Sabemos que é apenas o primeiro passo, mas é muito importante. O CONASEMS, por meio da Rede Gandhi, continuará trabalhando em outras frentes, pela cultura de paz e não violência.


Sim à Vida.

Sílvio Fernandes da Silva

Presidente




VOTE SIM
VOTE 2


"Discurso de quem defende armas é teórico, não humano. A vida é por um fio."

Sandra Aparecida Silva, que perdeu o filho, Sandro, de 15 anos, por arma de fogo (depoimento para O Estado de S. Paulo, de 15 de outubro de 2005)


OS DEFENSORES DAS ARMAS ESTÃO DISTORCENDO FATOS PELA INTERNET E PELA MÍDIA

PREVINA-SE

AJUDE A ESCLARECER AS PESSOAS PRÓXIMAS A VOCÊ



Há muitos argumentos, pesquisas e dados, mas três precisam ser insistentemente lembrados:


1. ARMA DE FOGO É FEITA PARA MATAR

E "a vida é por um fio" como sabem as mães e pais que perderam seus filhos estupidamente, porque havia uma arma de fogo a disposição de alguém.

Por mais que os fabricantes das armas e seus lobistas falem, o fato é que :

A ARMA DE FOGO É FEITA PARA MATAR, NÃO TEM NENHUMA OUTRA UTILIDADE.

2. O BRASIL É O PAÍS DO MUNDO COM O MAIOR NÚMERO DE PESSOAS MORTAS POR ARMAS DE FOGO.

A comparação com outros países somente com percentuais induz ao engano. Veja só alguns países que têm sido usados como exemplo de que não faz diferença proibir a comercialização: O Japão tem 0,03 homicídios por 100 mil habitantes; o Reino Unido tem 0,13 homicídios por 100 mil habitantes; a Suíça tem 0,46 homicídios por 100 mil habitantes e a Austrália tem 0,56 homicídios por 100 mil habitantes. Em todos eles menos do que uma pessoa morre por arma de fogo em cada 100 mil. Os Estados Unidos da América, onde o direito individual é soberano mesmo a custo do direito coletivo e que vivem em conflitos armados, têm 6,24 homicídios por 100 mil habitantes.

E o Brasil? O Brasil tem 26,78 homicídios por 100 mil habitantes!

As comparações percentuais não ajudam a enxergar o nosso grande problema: morrem mais de 26 pessoas em cada 100 mil habitantes por homicídio, a maior parte por arma de fogo! 108 pessoas por dia (DataSUS, 2003)

Este é o nosso problema. O problema que temos de tratar para não perder mais tantos brasileiros, tantos jovens, porque são os jovens os que mais morrem por tiro.

3. O DESARMAMENTO NÃO É "COISA DESTE GOVERNO". NÃO VOTE A FAVOR DA MORTE PORQUE VOCÊ ESTÁ ZANGADO COM O GOVERNO.

O Estatuto do Desarmamento é uma conquista de quase vinte anos da sociedade brasileira. Embora tenha sido aprovado em 2003, pelo Congresso Brasileiro, havia em tramitação 70 projetos de lei, alguns desde 1988. Setenta! Todos engavetados. O primeiro era de 1988, do então Deputado Eduardo Jorge.

Em meados de 2003, foi criada uma Comissão Mista, Senado e Câmara, para analisar esses projetos de lei que se amontoavam. A Comissão foi composta por cinco deputados e cinco senadores, sob a Presidência do Senador Edson Lobão. O relator foi o Deputado Luiz Eduardo Greenhaugh, que fez a proposta depois de analisar os projetos existentes.

Conheça o depoimento do Deputado Greenhaugh, publicado na Revista CONASEMS, de agosto de 2004, fls. 7 a 12:

"Na bancada do meu partido tinha gente contra, a base do governo era majoritariamente contra. Acabei tendo alento com o depoimento daquela deputada Sandra Rosado, de Natal (...) que começou a dizer que ia votar pelo desarmamento por uma coisa que havia acontecido com ela. Tinha um filho de 25 anos que morreu porque tinha, num determinado momento, ao alcance de suas mãos, uma arma de fogo. Portanto, ela ficava até hoje pensando que se não tivesse aquela arma de fogo, talvez o filho estivesse vivo. Foi um depoimento muito comovente. As pessoas foram parando para ouvir. Ela chorando e discursando, chorando e discursando. Todo mundo prestou atenção no que ela falou:

"Eu tenho uma vítima. A pessoa que eu mais amava na minha vida, o meu filho, morreu porque num determinado momento de depressão tinha uma arma de fogo."

Isso foi muito marcante na Comissão. Eu me fortaleci com o testemunho dela e articulei mesmo para ganhar. Na base do governo eu perderia, então articulei fora da base do governo. Articulei com o PSDB e com a base do PFL. O relatório depois de aprovado na Comissão de Constituição de Justiça, foi rapidamente aprovado no plenário." (...)

"ONDE HÁ UMA ARMA DE FOGO NÃO TEM DIÁLOGO.
QUANDO VOCÊ RESOLVE UM ASSUNTO COM A ARMA DE FOGO,
ESTÁ NO LIMITE MÁXIMO DA INTOLERÂNCIA"
O meu voto
(Antonia Leite Barbosa)



(...) O Brasil já tem armas demais. Somos o país com o maior número de pessoas mortas por arma de fogo no mundo. Vou votar por princípio. Não gosto de armas. Armas foram feitas para matar. O outro lado deste referendo tem munição o bastante para tentar derrubar os argumentos que reuni aqui e justificar a comercialização de armas. Cabe a você ser consciente e tomar a decisão na qual acredita. Vou defender minhas opiniões de forma aberta, de quem já teve uma arma apontada para si, e contar um episódio que aconteceu dentro da minha própria casa. Cada um tem sua história, mas o objetivo de diminuir a violência é comum a todos.

Famílias que guardam armas em casa podem ser vítimas de acidentes trágicos. Meu pai foi colecionador e guardava algumas armas de fogo em casa. Há alguns anos, no meio de um feriado, sofremos um assalto. Quando os bandidos encontraram os revólveres, ficaram transtornados, com medo que meu pai tivesse outros escondidos, ou fosse um policial que já tinha marcado bem a cara deles. A simples existência delas naquele momento quase matou minha família. Nem preciso dizer que saíram de lá mais equipados.

É verdade que as campanhas estão induzindo o voto do cidadão. É verdade que podem tirar nosso direito primitivo de defesa. É verdade que o poder público não está equipado para nos dar a segurança de que precisamos. É verdade que a proibição do comércio de armas de fogo e munição, isoladamente, não é capaz de solucionar o problema da criminalidade. Tirar armas de circulação é apenas um avanço nesta direção. Mas também é verdade que as armas de fogo matam mais do que doenças respiratórias, cardiovasculares, câncer, Aids e acidentes de trânsito. Além dos riscos para as crianças, armas em casa oferecem mais riscos também para as mulheres: 44% dos homicídios contra elas são realizados com armas de fogo sendo que 2/3 da violência contra a mulher têm como autor o marido ou companheiro. Quase metade dos presos por porte ilegal são jovens.

O custo desta violência para os cofres públicos é alto. Das armas usadas em crimes, nos últimos seis anos, 61% pertenciam a civis e foram desviadas para o crime. A arma legal alimenta os bandidos. Bandidos não compram armas em lojas, mas são as armas compradas em lojas que vão parar nas mãos dos criminosos. A redução da oferta no comércio legal vai levar a um aumento dos preços no mercado ilegal, tornando mais difícil a aquisição. Precisamos fechar a torneira. A chance de morrer numa reação armada a roubo é 180 vezes maior de que morrer quando não há reação. Crimes passionais são as primeiras motivações para os homicídios entre pessoas que se conhecem.

As armas que mais matam no Brasil não são as pesadas do tráfico de drogas, mas as armas curtas e nacionais, responsáveis por 80% dos homicídios no país. Instituições e movimentos importantes como a ABI, a OAB e o MST também participam das mobilizações pelo SIM. Dizer SIM no referendo é dizer SIM à vida. É construir uma cultura da paz.

18.10.05

Novidade: Faculdade CCAA

Veja a matéria d'O Globo sobre o assunto aqui.

17.10.05

DESARMAMENTO
(Nilton Bustamante - nilton.bustamante*superig.com.br)


Hoje, em nosso país, Brasil, passa-se pelo questionamento sobre desarmamento civil. Como não poderia deixar de ser há os que são favoráveis e os que são contra.

Em nome da defesa da vida e do patrimônio, mentes, olhos e corações sobressaltados armam-se de todo "arsenal" de argumentos técnicos, pesquisas, estatísticas, legislações, razões e dúvidas, na grande luta das idéias. Mas, faço um convite para esvaziarmos de tudo isso, de todas essas dúvidas, de todas essas certezas, que passam a ser secundárias na busca de um desafio muito maior. O maior desafio de todas as nossas histórias, de nossas vidas: a construção da não-violência. Até onde minha lembrança alcança, as grandes almas que por este planeta pisaram, em épocas diferentes, foram pelo mesmo coro, pela mesma voz, pelo mesmo pensamento: "só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio"; "o ahimsa (amor) não é somente um estado negativo que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal"; ou ainda, "Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? - Não te digo que até sete, mas, até setenta vezes sete".

Desarmar-se do pensamento que há um perigo crescente, concreto, na figura do "fora-da-lei", das agressões externas de todo tipo e forma; entender através da consciência racional que há um primitivismo a ser desmontado e vencido dentro de nós, para entender ainda que é preciso alcançar o próximo interruptor um pouco mais ao alto, para ascender às idéias mais repletas de Luzes e nos libertar da escravidão milenar da defesa através das armas, que facilmente passam a ser de ataque, conforme as circunstâncias e interesses dos sentimentos guerreiros, conquistadores, reflexos de sociedades beligerantes. Queremos realmente nos armar para defender nossa família e patrimônio ou dar vazão à outros chamamentos da alma?

Sim, é verdade. Você agora provavelmente está questionando que há homens violentos, desumanos, perversos, assassinos, sem consideração a nada e a ninguém. Mas, ainda, sim, e por isso mesmo, é preciso outro tipo de tática, outro tipo de luta. Outro tipo de convencimento: vencer o desafeto com amor; quantas vidas forem necessárias em nossa eternidade para tanto.

Mahatma Gandhi conquistou a libertação de seu país que estava sob o domínio secular da Inglaterra. E como ele conseguiu tal fato sem dar um único tiro? Provavelmente havia mil motivos para o povo hindu odiar os ingleses, mas não decidiram pela arma, mas sim, a inteligência como companheira. Como um país consegue se libertar da tirania de outro, sem jogar a guerra como solução? A resposta: conscientização!

Ele, Gandhi, através da convicção da idéia fortalecida de liberdade, apoiada e unificada pelo povo hindu, teve o brilhantismo em preocupar-se em esclarecer a parcela sofrida do povo inglês, também escravizada pelo próprio Estado dominador. Gandhi fez ver a todos que a luta era uma só, que havia de um lado: povos, pessoas, vidas, oprimidos e da mesma forma escravizados e de outro: o dominador, aproveitador, pior que animal selvagem, insaciável, que se alimenta de vidas, sonhos e consciências. Fizeram, os hindus, campanhas de boicotes, assim como a marcha para o mar, quando milhares de pessoas andam mais de 320 quilômetros a pé, para protestar contra os impostos sobre o sal.

É claro, há ainda interferências econômicas e políticas que o Grande Capital usa para dominar os povos de todos os continentes. Mas, é histórico, inquestionável, que já experimentamos várias etapas de "libertação" e de "conscientização", em toda parte.

O povo consciente de idéias de liberdade, igualdade e fraternidade, não há tirania que resista. A boa luta continua.

Então, sobre o desarmamento, penso que seja necessário à sociedade organizada conscientizar-se e fortalecer as Instituições para que essas cumpram seus deveres. A corrupção, a roubalheira, os desmandos só existem porque nós, povo, permitimos. Simples assim.

Se não consumirmos drogas, provavelmente não haverá traficantes. Se não subornarmos, provavelmente não haverá subornados. Se realmente nos preocuparmos e atendermos o caído na calçada, haverá caminhos mais floridos. Casas com muros, não são bonitas. Homens armados, não são exemplos. Quantas casas fortificadas em condomínios não ficaram livres dos crimes? Foram vítimas do mal-viver familiar. Então não é uma questão de muros e armas. Mas de evolução moral e espiritual.

Continuar, ainda que sozinho, ou ainda que em menor número. Antes ser mártir que assassino. A maioria dos grandes homens foi assassinada, mas nem por isso estavam errados; suas idéias avançadas levarão algum tempo para assimilarmos, mas não estão equivocadas, nem são menores por isso. Nós que somos pequenos, medrosos e atrasados. Realmente temos dificuldades em vencermos nossos perfis mais brutos, arquétipos milenares impregnados de grosserias. Simples assim.

E não cabe a nós, armar-nos, não cabe às nossas consciências regredirem nas esferas da evolução. É necessário querer o bom exemplo, querer as chaves que as Grandes Almas nos mostraram, ainda que pesadas ferramentas, ainda que sem jeito para manuseá-las, mas, pela vibração, pelo exemplo, saberemos que essa expressão é verdadeira: "O método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais rápido".



Luzes e Paz!
Dia 07 de novembro, segunda-feira:

Clube Caiubi desembarca no Rio de Janeiro para se encontrar com a M-Música

Show na Funarte, com oito compositores, prossegue intercâmbio RJ/SP e revela a música que está ajudando a escrever a história da MPB em São Paulo


O compositor-intérprete Max Gonzaga, que sacudiu o último Festival da Cultura, com "Classe Média", e os também compositores e intérpretes Alexandre Cueva e Álvaro Cueva, cujo CD ( Canabi Emotiva) o Rio de Janeiro já andou sorvendo em turnê recente da dupla pela noite carioca, são três dos compositores de São Paulo ligados ao Clube Caiubi de Compositores a se apresentarem, dia 7 de novembro, às 18h e 30min, na Sala Funarte.

A caravana faz parte de uma parceria entre o 'Clube Caiubí de Compositores' (SP) e o e-group 'M-Música' (grupo de discussão sobre música com sede no RJ e forte representação por todo o Brasil) e se completa com Daniel Pessoa, autor, entre outras canções, da irrepreensível "Um outro eu", e Tito Pinheiro, que a mídia paulistana já batizou de "cavalheiro da paz", pelo sentimento que faz transbordar em músicas como "Cabra Cega". Mas quem for à Funarte também poderá ouvir Márcio Policastro, em peças como "Mundinho Cult", crítica social que combina acidez e ternura. Nesse campo, porém, o da ternura, imperdíveis são Fernando Cavallieri, com a teatral "La Sílvia", parceria com Sonekka, e que integra o segundo CD do autor (In Alpha), além de Liz Rodrigues. A "musa" do movimento musical emociona com "Cisco no Olho", parceria dela com outros dois compositores do Clube Caiubi: Ricardo Soares, o gaúcho que levou um dos Festivais da Globo, e Sonekka, parceiro de vários desses compositores, que lançou em 2003 o lindo CD 'Incríveis Amores'.

Essa parceria, 'Caiubí' / 'M-Música' se dá da maneira mais natural possível, uma vez que vários de seus integrantes são comuns e já se apresentaram em eventos menores nesse intercâmbio que prossegue agora, dia sete de novembro com shows de caiubistas e dia oito de novembro, na mesma sala Funarte, com shows dos 'musgueiros', como carinhosamente são chamados os membros da lista de discussão.

Sobre o Clube Caiubi

O Clube Caiubi de Compositores é um movimento musical que nasceu há pouco mais de dois anos, quando alunos, professores e funcionários da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) passaram a se encontrar ali, com o objetivo de compor, tocar e cantar composições próprias. Ao longo do tempo, o espaço da Rua Caiubi, 420 transformou-se em centro cultural, aberto e democrático, de convivência dos vários gêneros musicais.

O curador do Caiubi, o cantor e compositor Zé Rodrix, compara o clima do local ao dos cafés do Greenwich Village, em Nova York, na década de 60. Hoje, além dos oito fundadores, mais de 20 artistas integram o Clube Caiubi, recebe, nas já tradicionais Segundas e Quartas-Feiras Autorais, grande número de pessoas que amam a boa música. "Há quem diga que não existem mais bons compositores no Brasil, que não há mais renovação na MPB, que não existe público para a música nova de qualidade. Mas o Caiubi nega veementemente essa crença. As canções produzidas são, na minha opinião, a coisa mais nova e fascinante que eu vi nesses últimos 25 anos na música brasileira", afirma Zé Rodrix.

Os artistas do Caiubi ganharam a noite paulistana em 2004, com apresentações no Supremo Musical, Teatro da Universidade Católica (Tuca), Sesc Ipiranga, Crowne Plaza e diversos municípios do interior de São Paulo. Neste ano, a agenda registra shows no Crowne Plaza, Espaço Cultural Santo Agostinho e em São José dos Campos, entre outros espaços.


SERVIÇO

Show Caiubi na Funarte - Projeto M-Música

Local Sala Funarte Sidney Miller (225 lugares)

Endereço Rua da Imprensa 16, Palácio da Cultura Gustavo Capanema, Centro, Rio de Janeiro (Metrô Cinelândia saída Pedro Lessa)

Endereço virtual www.funarte.gov.br

Horário 18h e 30min

Preço R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (meia)

Telefones 2240-5151 / 2279-8087

Ficha Técnica Alexandre Cueva. Álvaro Cueva, Daniel Pessoa, Fernando Cavallieri, Liz Rodrigues, Márcio Policastro, Max Gonzaga e Tito Pinheiro. Na percussão, Bebê do Góes. Participação especial, Tavito.


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Show do dia 08 de novembro, terça-feira:


ALGO DE NOVO NO AR



Há algo de novo acontecendo na música. Chega sem barulho, serpeando pelos entremeios da atual mesmice e da aridez constituída pelos poderosos interesses dos capitães da indústria e da mídia. Trata-se de um grupo heterogêneo ao extremo, formado por músicos, cantores, compositores, poetas, jornalistas, produtores, colecionadores de discos e agregados imprescindíveis, que são, antes de tudo, artífices do pensamento e do debate, além de apaixonados amantes dessa arte tão machucada e cambiante que é a música e seus entornos. O movimento, que, aliás, ainda não se reconhece como tal, originou-se de uma simples lista na Internet, inventada pela carioca Nana Soutinho há quase seis anos - despretensiosamente, como devem ser os movimentos humanos que geram dividendos culturais fortes e estabelecem zonas de equilíbrio significativas, que naturalmente se tornam pontos de partida para novas grandes idéias e ações conjuntas. Estabeleceu-se uma empatia natural entre os assinantes da lista; pela comunhão de interesses, pela liberdade de expressão inigualável impressa nos debates e pelo desejo imperioso de retomada da criatividade perdida nesses tempos onde tudo é fake, tudo se reporta a formatos ditados pela patética imitação do star-system hollywoodiano - da qual a cultura brasileira é refém como um todo. Na M-Música (esse é o nome da lista) discute-se e aprende-se tudo que se relaciona com a música mundial, das arábias ao Japão, do Oiapoque a Paris, de Nova Iorque ao Ceilão, de Lisboa a Ipanema. Há listeiros por todo o Brasil e muitos no exterior, amantes de todas as tendências, roqueiros, sambistas, jazzeiros aos magotes, MPBistas ferrenhos, antiquários da canção, estudiosos, eruditos... todos a defender seus pontos de vista, que convergem para um só ponto comum: a necessidade premente de se buscar novas orientações para o mercado e, principalmente, para nossos ouvidos. O listeiro Zé Rodrix, um dos mais atuantes, depois de mais de vinte anos afastado do mercado artístico, além de retomar as atividades com o genial trio Sá, Rodrix & Guarabyra, gravando um CD e um DVD pela Som Livre, voltou a exercer suas funções vitais de compor, cantar, tocar e ser feliz - segundo ele próprio nos relata:

" ...e fui retornando ao hábito de criar, compor, ainda de forma canhestra, desabituado que estava do exercício da criação livre. O surgimento da lista M-Música foi um alumbramento: aqui eu encontrava gente interessada no assunto de maneira real, disposta a debater e discutir suas preferências & gostos & idiossincrasias sem nenhum momento de terror, e a fim de provar que Música pode ser Arte, e que a Arte pode ser um exercício cooperativo e não competitivo, como vinha sendo ensinado nos ultimos vinte anos. (...) Hoje é impossível parar, depois de reiniciar corretamente o que antes havia sido apenas egoismo e auto-piedade. Hoje sei claramente o quanto valho: tenho certeza de que esse meu valor real não tem nada a ver com o que o mercado está disposto a pagar por mim, reconheço que existe um público real que persegue o novo mais do que gostaríamos de acreditar, e que é nossa obrigação correr o risco de errar e de acertar, sem medo das consequências; porque o futuro espera que sejamos, pelo menos, úteis."

Esse reflexo se alastrou por toda a lista, de variadas formas, se tornando uma verdade que revolucionou e abriu as comportas internas da alma de cada listeiro. Houve um envolvimento tal dos participantes da M-Música com seus pares que os compositores deram de compor furiosamente entre si, os jornalistas de reportar, os produtores de produzir, os agregados e colecionadores de gravar CDRs e distribuir através do Playing exclusivo dos listeiros. E, como era de se esperar, os amigos escritos não tardaram a se tornar amigos falados; e os encontros da lista se instalaram, oficiais e sólidos. Começaram pelo genial Clube Caiubi em São Paulo, com suas Segundas Autorais e suas Quartas Quartas (toda quarta quarta-feira de cada mês) e se sofisticando na "Sopa de Letrinhas". No Rio, instituiu-se a "Segunda Segunda" no Panorama, aprazível barzinho-restaurante do Leblon, e a já tradicional Domingueira do Grajaú, sob a exímia batuta culinária do João Bani. Nesses encontros, onde a democracia plena é exercida em todas as suas nuances, a moçada se solta como que em família, mostrando arte pura e autêntica, sem peias ou temores. Essas jams de liberdade se tornaram um dos mais vivos, atuantes e interessantes movimentos musicais de que se tem notícia nessa realidade seca e fosca da paisagem musical brasileira. A química é a da troca: os mais velhos passam generosas doses de experiência para os mais novos, que retribuem com sua energia borbulhante, tão imprudente quanto necessária. Gente como Etel Frota, Sérgio Santos, Alexandre Lemos, Sonekka, Cristóvão Bastos, Regina Makarem, Aparecida Silvino, Gut Guarabyra, João Bani, Tibério Gaspar, Marianna e Fernando Leporace, Celso Viáfora, Iso e Tato Fischer, Tavito, Tânia Méliga, Clarisse Grova, Cacala, Zé Edu Camargo, Cláudia Telles, Tavynho Bonfá, Cris Saraiva, Lucina, Sérvulo Augusto, Vlado Lima, Fernando Zdanovicz, Márcio Lott, Edu Camenietzki, Guilherme Rondon, Toninho Spessoto e muitos, muitos mais, tantos que não cabem nessa lauda, se misturam num saboroso pavê cultural de incontáveis tendências e formas e cores e credos – provando que a percepção e a construção de ideais sólidos estão diretamente atreladas ao talento, sim; mas também a um consistente e participativo espírito de grupo.