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17.10.05

DESARMAMENTO
(Nilton Bustamante - nilton.bustamante*superig.com.br)


Hoje, em nosso país, Brasil, passa-se pelo questionamento sobre desarmamento civil. Como não poderia deixar de ser há os que são favoráveis e os que são contra.

Em nome da defesa da vida e do patrimônio, mentes, olhos e corações sobressaltados armam-se de todo "arsenal" de argumentos técnicos, pesquisas, estatísticas, legislações, razões e dúvidas, na grande luta das idéias. Mas, faço um convite para esvaziarmos de tudo isso, de todas essas dúvidas, de todas essas certezas, que passam a ser secundárias na busca de um desafio muito maior. O maior desafio de todas as nossas histórias, de nossas vidas: a construção da não-violência. Até onde minha lembrança alcança, as grandes almas que por este planeta pisaram, em épocas diferentes, foram pelo mesmo coro, pela mesma voz, pelo mesmo pensamento: "só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio"; "o ahimsa (amor) não é somente um estado negativo que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal"; ou ainda, "Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? - Não te digo que até sete, mas, até setenta vezes sete".

Desarmar-se do pensamento que há um perigo crescente, concreto, na figura do "fora-da-lei", das agressões externas de todo tipo e forma; entender através da consciência racional que há um primitivismo a ser desmontado e vencido dentro de nós, para entender ainda que é preciso alcançar o próximo interruptor um pouco mais ao alto, para ascender às idéias mais repletas de Luzes e nos libertar da escravidão milenar da defesa através das armas, que facilmente passam a ser de ataque, conforme as circunstâncias e interesses dos sentimentos guerreiros, conquistadores, reflexos de sociedades beligerantes. Queremos realmente nos armar para defender nossa família e patrimônio ou dar vazão à outros chamamentos da alma?

Sim, é verdade. Você agora provavelmente está questionando que há homens violentos, desumanos, perversos, assassinos, sem consideração a nada e a ninguém. Mas, ainda, sim, e por isso mesmo, é preciso outro tipo de tática, outro tipo de luta. Outro tipo de convencimento: vencer o desafeto com amor; quantas vidas forem necessárias em nossa eternidade para tanto.

Mahatma Gandhi conquistou a libertação de seu país que estava sob o domínio secular da Inglaterra. E como ele conseguiu tal fato sem dar um único tiro? Provavelmente havia mil motivos para o povo hindu odiar os ingleses, mas não decidiram pela arma, mas sim, a inteligência como companheira. Como um país consegue se libertar da tirania de outro, sem jogar a guerra como solução? A resposta: conscientização!

Ele, Gandhi, através da convicção da idéia fortalecida de liberdade, apoiada e unificada pelo povo hindu, teve o brilhantismo em preocupar-se em esclarecer a parcela sofrida do povo inglês, também escravizada pelo próprio Estado dominador. Gandhi fez ver a todos que a luta era uma só, que havia de um lado: povos, pessoas, vidas, oprimidos e da mesma forma escravizados e de outro: o dominador, aproveitador, pior que animal selvagem, insaciável, que se alimenta de vidas, sonhos e consciências. Fizeram, os hindus, campanhas de boicotes, assim como a marcha para o mar, quando milhares de pessoas andam mais de 320 quilômetros a pé, para protestar contra os impostos sobre o sal.

É claro, há ainda interferências econômicas e políticas que o Grande Capital usa para dominar os povos de todos os continentes. Mas, é histórico, inquestionável, que já experimentamos várias etapas de "libertação" e de "conscientização", em toda parte.

O povo consciente de idéias de liberdade, igualdade e fraternidade, não há tirania que resista. A boa luta continua.

Então, sobre o desarmamento, penso que seja necessário à sociedade organizada conscientizar-se e fortalecer as Instituições para que essas cumpram seus deveres. A corrupção, a roubalheira, os desmandos só existem porque nós, povo, permitimos. Simples assim.

Se não consumirmos drogas, provavelmente não haverá traficantes. Se não subornarmos, provavelmente não haverá subornados. Se realmente nos preocuparmos e atendermos o caído na calçada, haverá caminhos mais floridos. Casas com muros, não são bonitas. Homens armados, não são exemplos. Quantas casas fortificadas em condomínios não ficaram livres dos crimes? Foram vítimas do mal-viver familiar. Então não é uma questão de muros e armas. Mas de evolução moral e espiritual.

Continuar, ainda que sozinho, ou ainda que em menor número. Antes ser mártir que assassino. A maioria dos grandes homens foi assassinada, mas nem por isso estavam errados; suas idéias avançadas levarão algum tempo para assimilarmos, mas não estão equivocadas, nem são menores por isso. Nós que somos pequenos, medrosos e atrasados. Realmente temos dificuldades em vencermos nossos perfis mais brutos, arquétipos milenares impregnados de grosserias. Simples assim.

E não cabe a nós, armar-nos, não cabe às nossas consciências regredirem nas esferas da evolução. É necessário querer o bom exemplo, querer as chaves que as Grandes Almas nos mostraram, ainda que pesadas ferramentas, ainda que sem jeito para manuseá-las, mas, pela vibração, pelo exemplo, saberemos que essa expressão é verdadeira: "O método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais rápido".



Luzes e Paz!

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