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14.7.01

Please, repeat after me:

- Brazil is not Argentina.

Thank you.

13.7.01

Soltar as amarras
Içar velas
Começar a velejar num mar de umidades
Sentir o arrepio que o vento traz
O coração batendo mais forte
Prevendo a futura experiência
Transcender ao permitido
Invadir e conquistar, aos poucos
Territórios estrangeiros, misteriosos
Deixando uma saudade quente
Por onde sua presença foi sentida
Até que a viagem termine
E só reste a certeza
De estar aportado
Em plaga segura

12.7.01

E chove gostoso...
Aquele frio que pede edredon e meu bem...
Amo tanto o vento
A essência airada
Qual minh'alma ariana
Acendo um incenso
E desato pelo ar
Minha ária sacana
Arriscando que caia
Numa terra árida
Tão arisca é ela
Até quando pálida
Pousada entre pedras
Propagará a aura
Que dia destes lustrou
E a beleza animal
Poderia se dar mal
Mas o vento ajudou


Durante a madrugada soprou um vento louco. As portas batiam nos apartamentos vizinhos, objetos eram derrubados, as cortinas requebravam e as persianas cantavam. Levantei para fechar as janelas e tive que lidar com um som de todos os espíritos do além batendo para entrar. ("I see dead people.":-)) Já que toda hora um ou outro ruído me despertava com susto, comecei a me contar histórias e fiquei num estágio intermediário entre o sonho e a vigília por muito tempo.

Tenho um repertório básico de meia dúzia de historietas que revezo nestes casos. Vou mudando alguns detalhes aqui e ali, continuo alguns episódios... Esporadicamente, alguma se torna urgente ou termina, sem que eu encontre nada para acrescentar ou modificar e então escrevo. Duas delas estão chegando a este ponto. Outra era uma ficção científica tão maluca que acabei abandonando. O Jornal Nacional informou que está prestes a se tornar realidade pelas mãos dos cientistas. Meu queixo grudou no colo. Não sei porque mantive a ilusão de ser a única lunática autêntica sobre a face da Terra.

11.7.01

A gente se vira pelo avesso para atender às necessidades dos filhos. O difícil é saber onde termina a necessidade e começam os desejos.

Tania Zagury faz uma listinha básica de dicas em seu livro Limites Sem Trauma. Ela afirma que "necessidade é algo inevitável, algo que, se não atendido, pode levar o indivíduo a ter problemas sérios no seu desenvolvimento, seja físico, intelectual ou emocional", enquanto "desejo é a vontade de possuir algo, de realizar algo, que pode ou não ser importante para o desenvolvimento. Está mais vinculado ao prazer". As necessidades seriam (em ordem inversa de importância): auto-realização, reconhecimento e prestígio, amor e afeto, segurança (física, psicológica, social) e fisiológicas (ligadas à sobrevivência).

Mas, no dia-a-dia as coisas são diferentes e não esperam que a gente consulte um guia prático para saber se aquela vontade expressa é uma necessidade de auto-realizacão ou apenas mais um fogo de palha.

Meu filho é uma criança de muito espírito. É inteligente, divertido, curioso, criativo, esperto. Estou tentando não ser coruja, hein! Ele se interessa por tudo que está à sua volta. Pratica esportes e adora as artes. Está descobrindo o mundo das letras e se orgulha dos dois livros que já leu sozinho e dos três que elaborou e ilustrou. Aliás, desenhar é um de seus maiores interesses e acho que ele tem realmente um dom para a coisa. Então, penso em inscrevê-lo em um curso de desenho. A questão é: quanta atividade extra-curricular uma criança pode absorver? A escola dele é bastante voltada para a cultura. Ele precisa de natação que alivia seus problemas respiratórios. Continua no judô, sua paixão. E ainda deseja fazer capoeira e escolinha de futebol. Eu piso no freio. Digo que é demais.

Agora apareceu um amiguinho mais velho fazendo aulas de violão. Ele está encantado com a idéia. Desencavou um velho violão que juntava poeira sobre o armário e vive com o instrumento para cima e para baixo, tirando uns acordes de free jazz :-)

Devo assumir que tenho um gênio multimídia em casa? :-) Como é que se faz para descobrir o que pode realmente ser mais adequado para ele entre tantas opções e interesses? Chuto o balde e loto a agenda dele para ver o que cansa mais rapidamente? E daqui a pouco ainda vamos ter providenciar aulas de línguas. Ufa! Estou cansada por ele...

10.7.01

A Vick é sempre de uma delicadeza admirável quando me escreve. Seu blog é para ser curtido com calma e gula.
ZAPEANDO

Outro dia ouvi a Gal cantando Honey Baby com participação do Zeca Baleiro no rádio e os versos ficaram martelando na minha cabeça: "ando tão à flor da pele que até beijo de novela me faz chorar".

Não é de todo mal. Estou mais sensível, mas ando menos chorona. Talvez porque eu mais sinta do que verbalize. É batata! Se eu começo a fazer uma declaraçãozinha de nada a voz embarga e meu olho vira uma cachoeira. Tenho calado. Bobagem...

Recebi muito carinho nos últimos dias. É bom... Amor alimenta... O que eu posso fazer se meu filho me dá um saco de delicado ou se a fatia de bolo de chocolate que aceitei na casa da minha amiga se transformou em um prato cheio com calda quentinha por cima? Vai daí que amor não só alimenta como também faz o mundo girar: sobre pneus.

E por falar em mundo, lá vou eu ganhar mais um pedacinho dele.

Neste final de semana, tem Cássia Eller no Canecão. Sem barriga (porque fértil têm estado as cabeças dos colunistas de fofoca), mas com aquele talento todo que Deus lhe deu. Eu babo por CE!

Não vou falar sobre o mais novo evento André Gonçalves, mas sobre a cobertura da Globo. A princípio, nem uma nota (pelo menos em horário nobre). Depois, no rastro do movimento internacional dos profissionais de vôo para abolir passageiros problemáticos, acabou se falando rapidamente no Jornal Nacional, que mostrou uma das fotos por um intervalo de tempo quase subliminar. Somente após a publicação da matéria de duas páginas na Veja, o moço ganhou os microfones do Fantástico para desmentidos (ele não cuspiu, não quis beijar o Pelé na boca, não arrumou confusão em Portugal, não tem culpa de ser gostoso, não quis agredir ninguém, não sabia o que estava fazendo ao consumir vinho com tranquilizantes, etc..), solidária e simpaticamente. E eu que achei que ele só fosse aparecer no Vídeo Show daqui a umas duas semanas mostrando algo como sua criação de bromélias e, já no finzinho da "reportagem" a Cissa Guimarães fosse perguntar assim, como quem não quer nada: "E essa coisa de ser ator, namorador e baderneiro de avião? Como você lida com isso?" Não foi assim com a chipada Elba?

Um texto me chamou a atenção na semana passada. O colunista comentava a entrevista do Daniel Filho para Observatório da Imprensa. Eu vi um trecho da entrevista, mas não me senti particularmente atraída e parti para o controle remoto. Só depois fiquei sabendo que ele falou de coisas muito interessantes sobre a televisão brasileira e o que chamou a atenção do jornalista foi o comentário sobre o deputado americano que se suicidou em frente às câmeras em 1987. Lembrei imediatamente do episódio e do choque que me causou (e ao colunista) o corte no exato momento do corte da imagem, quando a bala atingiria a cabeça do infeliz. O brilhantismo do texto fica por conta da comparação que se fez entre a morte diante das câmeras ontem e hoje, da banalização atual, quando uma professora é assassinada na frente de milhões através de diversos ângulos e estas imagens são reproduzidas até tornarem-se vulgares.

Para não dizerem que só falo mal da televisão, quero deixar registrado meu contentamento com Os Normais. Parece que vai virar filme. Oba!