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18.3.04

Não sou Zeca Pagodinho, mas também vivo minha guerra de cerveja. É que o casamento acrescenta muito em nossa vida. Os amigos dele, os bares que ele freqüenta, a família dele... E os dilemas dele. Incluindo os barraqueiros da praia.

L. e R. eram casados e a ida à praia combinada a uma cervejinha básica era tranqüila. Mas eu cheguei na história quando L. e R. já haviam se separado e estavam disputando, nem sempre de forma amigável e civilizada, o mesmo trecho na areia para vender bebida e alugar cadeiras e guarda-sol. Ela tinha o apelo de ter sido acompanhada pela maioria dos incontáveis filhos e aquele jeitão gostoso de tia de favela. Quando cheguei naquele trecho da praia, a escolha já tinha sido praticamente feita e ela nos servia. Pronto! Nessa época eu nem sabia direito quem era ele. Apontavam na multidão e eu fazia um-hum porque só queria minha gelada e não conflito familiar dos outros bem na hora do meu merecido relax semanal.

Mas, depois de anos de fidelidade, ela adoeceu gravemente, os filhos tentaram segurar a peteca, mas faltava o carisma da matriarca, o pulso forte pra gerir o negócio de ambulante que não ambula... E começou a acontecer de a gente chegar na praia e só a barraquinha dele estar funcionando. De mansinho, ele foi ganhando de novo a freguesia perdida. E nós fomos nessa onda.

Agora ela volta alguns quilos mais magra por causa da enfermidade. Mas sempre chega depois que já estamos instalados nos domínios dele, tendo as bebidas fornecidas por ele nas mãos. Ela puxa papo, chora miséria, adula criança, diz ter saudade. Faz brotar em nós um resquício de culpa.

E se ela chegar mesmo cedo na praia na próxima vez em que formos lá? Quem nos fornecerá nosso suco de cevada? Como administrar nossa simples praia sem um estresse com L. ou R.?

17.3.04

Uma coisa que é preciso ter sempre em mente: assuntos diferentes são tratados com amigos diferentes.

Tem gente com quem é muito bom passar tempo jogando conversa fora na praia. Com outros você gosta mais de conviver em torno de uma mesa de bar decidindo os destinos do mundo como se vocês tivessem poder real para tal.

Os problemas começam quando os canais são trocados.

Um inocente papo furado sobre o tempo com aquele seu camarada gente boa mas meio estressado que trabalha na Bolsa de Valores pode gerar uma queda nas ações da agroindústria.

E aquela sua colega que é um doce de pessoa mas que só marca os encontros para trocar receitas na casa das outras para não correr o risco de que elas se encontrem com o marido dela? Sim, ela é muito ciumenta, chega a ter um pezinho na paranóia, mas não há como ela para explicar com toda paciência e carinho os segredos do chantilly para uma analfabeta em culinária como você. Já imaginou se você resolve trazer para uma roda onde ela esteja aquele comentário que deveria ter feito com a sua companheira de estudos de psicologia dos relacionamentos? Bem provável que ela conclua que você está querendo insinuar algum adultério do cônjuge dela.

Entretanto, e felizmente, este tipo de confusão nem sempre acontece. Às vezes é só a inadequação que incomoda.

Já tentou explicar pro homem da sua vida os motivos de não voltar mais ao seu salão de beleza favorito? Repare na carinha dele quando você contar que fazia as unhas sempre com a mesma manicure que um dia não pôde atender você que chegou sem marcar. E então contrariada e apressada, você fez as unhas com outra manicure que, além de muito mais rápida, não tirou nem um bifinho e ainda deixou suas unhas lindíssimas e pintadas de uma forma que não lascou, como a primiera jamais conseguiu. A esta altura sua alma gêmea já deve estar bocejando e procurando com os olhos o caderno de esportes sobre a mesinha de centro. Conclua afirmando que não poderia voltar para a antiga sabendo que teria um serviço inferior, mas que não consegue simplesmente abandoná-la pela outra para não ferir seus sentimentos, afinal ela sempre foi tão legal com você. Por isso você não põe mais os pés lá. (*)

Você poderá ter como resposta um silêncio sepulcral já que ele desligou automaticamente ao ouvir "sal?o de beleza" ou uma cara de incredulidade por você estar perdendo seu tempo em tal dilema e por ainda estar tomando o tempo dele contando isso nos mínimos detalhes.

Por isso, é bom a gente repensar com cuidado sobre a nossa implicância com os encontros dele com os amigos onde nem sempre somos bem-vindas. Afinal qual seria a nossa própria cara ao ouvir pela milionésima vez a descrição minuciosa daquele gol do Flamengo na decisão do último campeonato ou sobre os novos acessórios daquele carrão.



(*) Você pode ter assistido a episódio do Sienfeld com história semelhante, mas a vida imita a arte. Eu atesto.
Um ano sem Gabriela
Missa: dia 25 de março
Igreja São Francisco Xavier
(ao lado da estação de metrô homônima, na Tijuca)
18h00


Há um ano a noção de cidadania dos pais de Gabriela os salvou do desespero. Sua filha única havia sido morta por uma bala perdida numa estação de metrô. Um dos criminosos envolvidos no crime já havia sido preso e condenado, mas usando uma brecha da lei acabou sendo posto em liberdade e matando uma inocente de apenas 14 anos.

O destaque dado a este caso, infelizmente igual a outros que diariamente devastam 105 lares, segundo as estatísticas, está sendo usado pela corajosa família de Gabriela para reivindicar mais severidade nas leis e no seu cumprimento.

É nosso dever ajudá-los em sua luta.

É nosso direito viver num país mais justo, livre da impunidade.

Impunidade mata, omissão enterra.
Diga não à impunidade.
Assine a petição.
Participe!






De quem foi a luminosa idéia de fantasiar as crianças das escolas públicas do Município do Rio de Janeiro de garis?

16.3.04

Reflexões pertinentes à minha semana:

"A idade não nos protege contra o amor. Mas o amor, até certo ponto, nos protege contra a idade."
(Jeanne Moreau)

"A vantagem da idade é saber viver. Quem fica se martirizando não vive bem."
(Dona Canô)

"Alegre-se com a vida, pois ela oferece a você a chance de amar, trabalhar, divertir-se e olhar para as estrelas."
(Henry van Dyke)

"O mundo que nos cerca é o espelho da nossa mente. Para os pessimistas, sempre está tudo errado; para os otimistas, sempre há motivo para comemorar."
(Martius)

"Celebrar a vida é somar amigos, experiências e conquistas, dando-lhes sempre algum significado."
(autor desconhecido)

"O pecado mais perigoso, mais grave, é a recusa de viver, de vibrar."(Monier)


Exatamente, meu aniversário está chegando. E "este ano não vai ser igual àquele que passou".

14.3.04

Programa imperdível para hoje à noite: a estréia da novela Metamorphoses na Record. Depois do troca-troca de autores, com declarações bombásticas de Mário Prata e da polêmica da realização de cirurgias plásticas reais como parte da trama, finalmente a estréia. Tudo está despertando minha curiosidade.

Em primeiro lugar, o estilo tosco que geralmente domina a produção de folhetins off-Globo. Isso, em pequenas doses, evidentemente, sempre rende bons risos.

Depois, o fato de terem atores de verdade e de prestígio no elenco (o que é absolutamente inusitado nesses casos), como Joana Fomm, Gianfrancesco Guarnieri e Lúcia Alves, além de alguns que até bem pouco estavam no segundo time de belos da Vênus Platinada (Vanessa Lóes e o pai da Sasha, por exemplo).

Além disso, eles vão estrear uma novela em pleno domingo.

No mínimo, têm coragem pra jogar alto.

Provavelmente, não vou resistir quando as tais intervenções cirúrgicas com pé no BBB começarem, mas quem resiste a uma sinopse como essa abaixo que apareceu no JB?

"Hoje, às 20h15, estréia na Rede Record a novela Metamorphoses, uma parceria da emissora com a produtora Casablanca. A novela protagonizada por Vanessa Lóes, Luciana (sic!) Szafir e Paulo Betti é centrada em uma clínica de cirurgia plástica e envolve uma complicada trama policial com a Yakuza, a máfia japonesa. No capítulo de hoje, a cirurgiã plástica Circe (Lígia Cortez) casa-se com Takashi Mifume (Kissei Kumamoto). Durante a lua-de-mel no Japão, além de descobrir que o marido é ligado à mafia japonesa, Circe é obrigada a operar um dos chefões. Apavorada, Circe trata de fugir para o Brasil, o que envergonha seu marido, que comete suicídio. Ao saber da morte de Takashi, o chefão ordena a morte de Circe. Antes de escapar, Circe consegue mandar algumas mensagens para o Brasil, o que faz entrar em cena o agente da polícia federal Marcos Ventura, interpretado por Paulo Betti. É Ventura que consegue livrar Circe dos japas e a retira do aeroporto sã e salva. Só que, durante a escapada, Circe acaba sofrendo um trágico acidente de carro com sua meio-irmã Lia (Vanessa Lóes), que fica gravemente ferida. Percebendo que vai morrer, Lia pede ao doutor Lucas (Luciano Szafir) que troque o seu rosto com o da irmã. Ou seja, Circe fica com a cara de Lia e se livra da perseguição dos japoneses. A troca de rosto acontece no capítulo de quinta-feira e, para todos os efeitos quem morreu foi Circe e não Lia. Para facilitar o desenvolvimento da trama, quando recupera a consciência, além de estar com o rosto de Lia, Circe sofre uma amnésia e não se lembra de nada, o que vai facilitar assumir a vida da meio-irmã."

Pode?

Dá pra perder?
De muito mal gosto e desnecessária a capa da Veja esta semana.

Será que foi uma homenagem em estilo reality show ao sangrento A Paixão de Cristo de Mel Gibson?

Ou quem sabe sucumbiram à estética do jornal O Povo?

Dá para registrar o horror da tragédia de um atentado sem ser tão grotescamente explícito.

Cadáver esfacelado na capa? Ora, faça-me o favor!