Pesquisar este blog

14.7.04

Quero o segundo volume do livro A Casa da Mãe Joana de Reinaldo Pimenta.

Mas nem tenho coragem de entrar numa livraria com a pilha de livros que se acumulam na minha cabeceira aguardando sua vez de serem lidos.

Esta é mais uma prova de que eu precisava de uma daquelas férias em lugar ermo e silencioso, bom pra fazer nada, quer dizer, só ler e/ou namorar. E comer muito. E voltar depois de uma semana, morrendo de saudade de todas as facilidades da vida moderna e caçando uma boa dieta que compre nossa indulgência. Ah, queria mesmo.

Aliás, ando querendo um monte de coisas ultimamente, sabe?

Será que isso é bom?

Tem uma frase que eu li outro dia que ainda está flutuando aqui na cachola e diz mais ou menos que "Bom é ter esperanças, não expectativas."

Eis a história da minha vida nos últimos dias:



Ou Isto ou Aquilo
(Cecília Meireles)

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Além de poeta e benfeitora, pioneira e rebelde, sobretudo o melhor colo do mundo, minha avó adorava jardinagem. Quando ela faleceu, minha mãe com três crianças ainda pequenas e trabalhando fora fez o melhor que pôde para manter suas plantas. Nas últimas décadas, regou, podou, transferiu de vasos, plantou mudas...

Outro dia trouxe da casa da minha mãe vasinhos com mudas de antúrio e flor de maio, originários dos canteiros da vovó. E tanto quanto a cópia de seu caderno de poesias, essas plantas fazem, agora, parte dos meus tesouros.

Hoje logo que acordei, vi a primeira flor aberta no meu Zigocactus e pensei, como sempre, na minha fonte e referência de amor inesgotável, que me fez ser tão exigente nos meus parâmetros sobre o que é ser amada, e nessa crônica do Rubem Braga, que é a minha favorita.



FLOR DE MAIO

(Rubem Braga)

Entre tantas notícias do jornal - o crime do Sacopã, o disco voador em Bagé, a nova droga antituberculosa, o andaime que caiu, o homem que matou outro
com machado e com foice, o possível aumento do pão, a angústia dos Barnabés - há uma pequenina nota de três linhas, que nem todos os jornais
publicaram.

Não vem do gabinete do prefeito para explicar a falta dágua, nem do Ministério da Guerra para insinuar que o país está em paz. Não conta incidentes de fronteira nem desastre de avião. É assinada pelo senhor diretor do Jardim Botânico, e nos informa gravemente que a partir do dia 27 vale a pena visitar o Jardim, porque a planta chamada "flor-de-maio" está, efetivamente, em flor.

Meu primeiro movimento, ao ler esse delicado convite, foi deixar a mesa da redação e me dirigir ao Jardim Botânico, contemplar a flor e cumprimentar a
administração do horto pelo feliz evento. Mas havia ainda muita coisa para ler e escrever, telefonema a dar, providências a tomar. Agora já desce a
noite, e as plantas em flor devem ser vistas pela manhã ou à tarde, quando há sol - ou mesmo quando a chuva as despenca e elas soluçam no vento, e
choram gotas e flores no chão.

Suspiro e digo comigo mesmo - que amanhã acordarei cedo e irei. Digo, mas não acredito, ou pelo menos desconfio que esse impulso que tive ao ler a
notícia ficará no que foi - um impulso de fazer uma coisa boa e simples, que se perde no meio da pressa e da inquietação dos minutos que voam. Qualquer
uma destas tardes é possível que me dê vontade real, imperiosa, de ir ao Jardim Botânico, mas então será tarde, não haverá mais "flor-de-maio", e
então pensarei que é preciso esperar a vinda de outro outono, e no outro outono posso estar em outra cidade em que não haja outono em maio, e sem
outono em maio não sei se em alguma cidade haverá essa "flor-de-maio".

No fundo, a minha secreta esperança é de que estas linhas sejam lidas por alguém - uma pessoa melhor do que eu, alguma criatura correta e simples que
tire desta crônica a sua única substância, a informação precisa e preciosa: do dia 27 em diante as "flores-de-maio" do Jardim Botânico estão
gloriosamente em flor. E que utilize essa informação saindo de casa e indo diretamente ao Jardim Botânico ver a "flor-de-maio" - talvez com a mulher e
as crianças, talvez com a namorada, talvez só.

Ir só, no fim da tarde, ver a "flor-de-maio"; aproveitar a única notícia boa de um dia inteiro de jornal, fazer a coisa mais bela e emocionante de um dia
inteiro da cdade imensa. Se entre vós houver essa criatura, e ela souber por mim a notícia, e for, então eu vos direi que nem tudo está perdido, e que
vale a pena viver entre tantos sacopãs de paixões desgraçadas e tantas COFAPs de preços irritantes; que a humanidade possivelmente ainda poderá ser
salva, e que às vezes ainda vale a pena escrever uma crônica.

13.7.04

Eu fui ao Anima Mundi no sábado e no domingo, no Odeon para ver animações infantis com o filhote e Ricardo, mas acho que fui eu quem mais se divertiu. Bem, foi páreo duro. O programa agradou porque foi de ótima qualidade. No sábado ainda demos uma esticada até o Centro Cultural dos Correiros para brincar com as técnicas de animação. Com ajuda do moleque, que já tinha experiência acumulada do último ano, fiz meu primeiro filme (um curtíssima-metragem de animação com massinha). Convites para a première estarão disponíveis em breve.

Foi lá que fiquei sabendo de uma coisa que todo mundo já deve saber, mas achei que valia a pena mencionar, já que sempre pode ter alguém, como eu, desembarcando agora de Vênus. É o seguinte:


EDUCAÇÃO A 24 QUADROS
Uma aula diferente

Sessões especiais com filmes do mundo inteiro.
Não deixe sua escola perder essa!

Filmes para todas as idades.
Sessões seguidas de debates, atividades lúdicas e visitas guiadas aos bastidores do cinema.


Alguns filmes oferecidos:

Narradores de Javé, de Eliane Caffé
Cidade de Deus, de Fernando Meirelles
Diários da Motocicleta, de Walter Salles
As Bicicletas de Belleville, de Sylvain Chomet
Aventuras com Tio Maneco, de Flávio Migliaccio
Buena Vista Social Club, de Wim Wanders
Memórias Póstumas, de André Klotzel
A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyasaki
Ônibus 174, de José Padilha
Adeus, Lênin!, de Wolfgang Becker
Promessas de um Novo Mundo, de Justine Shapiro, B. Z. Goldberg e Carlos Bolado
Tainá, Uma Aventura na Amazônia, de Tania Lamarca e Sergio Bloch
entre outros lançamentos e clássicos

PROFESSOR VAI DE GRAÇA AO CINEMA
Sessões gratuitas para professores, acompanhadas de debate.



Informações
tel.: 21 2539-6142
e-mail: oce@estacaovirtual.com

www.estacaovirtual.com

12.7.04

Programa super legal e diferente!!!
E de graça!



João Gabriel Alves se apresentará tocando piano na próxima quinta-feira, dia 15 de julho às 18:30 h.
O recital solo será na Uni-Rio, Avenida Pasteur 436, Urca. (Sala Alberto Nepomuceno)
No programa Bach, Villa-Lobos, Mozart e Debussy.
Para quem for de ônibus tem que saltar no último ponto da Av. Pasteur. Fica pertinho da Biblioteca da Uni-Rio.