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10.8.02

A Fer postou uma foto do Robert Johnson e lembrei de outras histórias.

A gente tem a mesma foto pregada na cortiça do Ricardo em um selo. Aliás é uma fila de selos. Tem, além de Robert Johnson, Muddy Waters, Billie Holiday, Jimmy Rushing, Howlin' Wolf e Bessie Smith.

Mas o que chamou a atenção dele quando viu a ilustração (ele contou que é sobre a única foto existente do cara) é que ela não foi "mutilada" como no selo. Sim, a onda do politicamente correto deletou o cigarro da ilustração que temos.

A prática é comum em outros cantos. Para o material de divulgação do festival de Paris foi escolhida uma linda foto feita por Pierre Verger de um mulato com um charuto na boca. Só que a divulgação ficaria restrita (não poderiam colocar cartazes no metrô, por exemplo) se as peças mostrassem alguém fumando. E assim todos os folders, cartazes e cia. saíram com uma foto adulterada do grande fotógrafo e pai de santo francês.
Você sabe do que estou falando?

Pépé Kallé - Zaire
Ricardo Lemvo - Congo
Papa Wemba - Zaire
Geoffrey Oryema - Uganda
Youssou N'Dour - Senegal
Johnny Clegg & Juluka - África do Sul
Salif Keita - Nigéria
Doudou N'Diayne Rose - Senegal
Nusrat Faeth Ali Khan - Paquistão
Ladysimth Black Mambazo - África do Sul
Orchestre National de Barbes - Marrocos, Tunísia e Argélia
Cheb Khaled - Marrocos
Cheb Mami - Marrocos
Nação Hausa - Nigéria

9.8.02

E ninguém reclamou porque fiz homenagem ao Caetano...

Já foi mais divertido provocar.
Ó o auê aí ó!

8.8.02

Canditato do PFL a deputado federal ameaça quem combate SPAM.
Oh, céus!

Meu próprio marido desconhece a cama a qual me referi no post abaixo.

Será que sou uma louca num surto neológico?
Será que a esclerose toma conta dele?
Será o nome ou a brincadeira regional demais?
Será que me tornei um ser tão hermético que nem aquele que compartilha mesa e leito comigo é capaz de compreender a mais pueril frase que profiro?

Consumida por todas essas questões, como último recurso, recorro ao meu pai, o Aurélio.
Constato, entre aliviada e encabulada, que me escaparam os hífens.

Fora isso, o sol venceu a nebulosidade e brilha sobre a Cidade Maravilhosa.

**********


Só por hoje não vou devorar um Toblerone.
Ainda não são 11:00.
Já derrubei café 2 vezes.
Meu filho está fazendo cama de gato com os pés.
Eu quero sol.

7.8.02

É hoje:











caetano sempre in-vulgar


caetano não é só um artista invulgar com a invenção na medula é também in-vulgar por mais simples por mais qualquer coisa que ele se queira ou deixe ser entrejóias por mais consumível ele nunca é vulgar leo ou léu por isso se equivocam os que buscam pinçar deslizes em sua elegância ou entre ver declínio em sua invenção a finura a sofisticação o requinte jamais estiveram ausentes de sua obra de brobar ric ao rock o tempo o confirmou como um intérprete privilegiado que está sempre revelando faces ocultas da nossa poesia e so nosso cancioneiro belezas raras que a sua comunicabilidade torna comunicáveis belezas brutas que a sua alquimia metamorfoseia em belezas puras ele já disse até prefere interpretar canções dos outros às próprias modéstia tática é o que caetano entendeu muito cedo o modo operacional da tradução criativa crítica "via" interpretação in-vulgar também aqui ele traduz introduz e sempre luz

augusto campos (1992)

[este, como todos os outros textos desta pequena homenagem, foram retirados daqui]


7 de agosto de 1942 Nasce Caetano Emanuel Vianna Telles Velloso, o quinto dos sete filhos de José Telles Velloso, funcionário público do Departamento de Correios e Telégrafos, e de Claudionor Vianna Telles Velloso. Em Santo Amaro da Purificação, pequena cidade do Recôncavo Baiano, próxima de Salvador.

Peço licença para viver

Meu humor não varia, estou sempre alegre, embora quem me conheça diga que tenho aparência de um triste. Sou tímido: não tenho força para chamar o garção, me atrapalho quando falo pelo telefone, não furo fila, tenho medo de magoar as pessoas. Peço licença para viver. Mas posso ser terrível se me agridem ou, principalmente, se me sinto injustiçado. Sou nostálgico: o lugar onde nasci e cresci, as pessoas, as paredes de lá, canções de velhos tempos, tudo me comove profundamente. Sou magro, quero engordar. Mas não me acho feio, absolutamente, como muitos dizem. Isso eu considero um equívoco, o mesmo que existe em relação a Bethânia, minha irmã, que julgo uma das mulheres mais bonitas do Brasil. Nunca brigo, ou quase nunca, com meus colegas, amigos e conhecidos. Nunca tive nem um leve atrito com meus colegas de televisão. Saí da Record de São Paulo porque quis e sem brigar com o Paulinho. Gosto do meu público e mesmo me orgulho dele. Acho que uma menina que gosta de Tropicália sem pedir explicação, e tem de discutir na mesa sobre isso com os mais velhos, é uma boa figura humana. Na verdade, ela é o que pretendo ser quando escrevo as canções e deve ser por isso que ela gosta de mim. Admiro muito alguns colegas e respeito outros. Sou fã do Roberto Carlos e do Chico Buarque de Hollanda. Não tenho televisão em casa, mas sempre que vejo um deles no vídeo, me interesso e me emociono. Não sei se eles acreditam nisso. Adoro Jorge Ben. Acho Chacrinha genial.

Caetano Veloso
02/09/1968

"Mas a gente pode cantar jóias da música popular brasileira acima do Ben e do Mautner."
Caetano Veloso - Pasquim - 1970
É hoje:







6.8.02

Outro dia estava comentando lá no blog da Carol sobre o Dusek e hoje li uma notícia preciosa no jornal.

A Universal Music está lançando o projeto Estréia, que vai levar para CD (alguns pela primeira vez neste formato) os primeiros discos de uma turma muito boa e mais outras coisinhas interessantes.

Sobre o Dusek, especificamente:

[citação]
Saltando para 1981, chega-se a Eduardo Dusek, revelado um ano antes [do lançamento do LP] no festival MPB Shell com Nostradamus, que ele cantou vestido de anjo. A apocalíptica música reaparece em seu disco de estréia, Olhar brasileiro, irreverente mas muito musical. A justificar o título, estão lá o samba-choro Injuriado, o maxixe Iracema Brasil e a marcha Folias no matagal, sucesso com Ney Matogrosso. Mas também tem o "roque" A Coitadinha e o tango A deputada caiu. Artista de talento, até hoje não inteiramente reconhecido, Dusek (agora Dussek) merecia que se reeditassem também seus LPs Cantando no banheiro (1982), Brega chique (1984) e Dusek na sua (1986).[/citação]
(Abrindo as portas do passado, S.E., Jornal do Brasil, Caderno B, 06/08/2002)

O que mais vem aí?

- Joyce (1968) - Joyce
- Taiguara! (1965) - Taiguara
- Para iluminar a cidade (1972) - Jorge Mautner
- Quinteto Violado (1972) - Quinteto Violado
- A farra da terra - Asdrubal Trouxe o Trombone
- Fonte da vida - Zé Renato
- Nana (1967) - Nana Caymmi
- Egberto Gismonti (1969) - Egberto Gismonti
- A voz do samba (1975) - Alcione
- Tamba tajá (1976) - Fafá de Belém
- Os Mutantes - Os Mutantes
- Build Up - Rita Lee
- Tim Maia - Tim Maia
- Pérola Negra - Luiz Melodia

Cada disco desses tem seus brilhantes, como a participação no disco do Asdrubal de um certo Pedro Luís :-)
Happy Birthday Andy Warhol
Cada vez com mais medo...

(vi a indicação aqui)

e ainda tem isso:


(Essa eu peguei aqui)
É amanhã!
Respondendo para a Lu:

[citação]
LENINE (Osvaldo Lenine Macedo Pimentel). Cant., violon., comp. Recife PE 2/2/1959-.

Entusiasta do rock até os 17 anos, passou a se interessar pela MPB quando ouviu o disco Clube da Esquina e assistiu a um show de Gilberto Gil. Por essa época, estudou música no Conservatório Pernambucano, mas abandonou o curso antes de terminá-lo. Mudou-se em 1980 para o Rio de Janeiro RJ, onde participou do festival MPB 81, promovido pela Rede Globo, com sua composição Prova de fogo, lançada em seu primeiro disco, um compacto pela Polydor/Polygram em 1981. Seu primeiro LP foi Baque solto, em dupla com Lula Queiroga (Polygram, 1982), e seu segundo disco solo é o compacto Baque da era (Polygram, 1983). Em 1990 conheceu o percussionista Marcos Suzano, ao vê-lo tocar com o grupo Nó em Pingo d'Água; ambos contribuíram com um tema para a novela Ana Raio e Zé Trovão, da TV Manchete, e gravaram para o selo Velas o CD Olho de peixe (1993), que chegou a ser um dos cem CDs mais vendidos no Japão. Uma das faixas desse disco, Acredite ou não (com Bráulio Tavares), foi regravada por João Marcelo Boscoli. Aclamado como um dos melhores compositores brasileiros da década de 1990, com músicas gravadas por Danilo Caymmi (Nada a perder, parceria com Dudu Falcão, 1994), Zizi Possi (Olho de peixe, 1996), Gilberto Gil, o grupo Batacotô (Quilombos, 1993), a norte-americana Dionne Warwick (Virou areia, parceria com Bráulio Tavares e a própria Dionne, 1994), Tim Maia, Sérgio Mendes e outros. O disco O dia em que faremos contato foi lançado em 1997 em Recife PE, na ponte Maurício de Nassau, com presença de grande público. [/citação]

(fonte: Enciclopédia da Música Brasileira Popular, Erudita e Folclórica - 2ª edição revista e atualizada - 1998 - PubliFolha)

5.8.02

- Hoje à noite você vai ver um filme com o comediante que eu mais gostava quando eu era criança.
- É? Como é o nome dele?
- Jerry Lewis.
- Ah! Sabe qual é meu favorito?
- Não. Qual é?
- Xa Xapolim.
- Ah, de Chaves e Chapolim eu não gosto não.
- E quem falou Chaves e Chapolim, mãe? Tá surda? Eu falei Chale Chapolim, aquele daquela coleção de filme velhos, bem velhos, em preto e branco, que minha avó me deu. Aquele que tem um filme com um garoto, sabe?
Faltam 2 dias!
LENINE


Existe um enorme abismo entre o que a crítica admira e o que o público gosta e raramente ambos encontram-se nesse Vale da Expectativa.

Mimada pelo Teatro Rival BR, já reservo uma certa má vontade para com shows no Canecão com sua difícil visibilidade do palco (o mínimo que você espera de um lugar chamado de balcão nobre a R$35,00 por cabeça é conseguir ver algum trecho do palco ao invés de ser obrigada a acompanhar o show pelo telão, certo?). Mas não foi isso que fez com que o show no Lenine não caísse no meu gosto.

A crítica ulula surpreendida por um Lenine roqueiro e eletrônico. Muita gente que já vai para o show com o texto pronto (falando mal sempre, é claro) teve trabalho para refazer tudo. O público, boquiaberto e um tanto apático não pode usar as letras de música que trouxe na ponta da língua e sente-se traído e meio ludibriado. A maioria pagou ingresso para ver e ouvir o Lenine que conhecem das trilhas sonoras da Rede Globo. Estes voltaram para casa de ouvidos abanando, sem alguns de seus hits.

Eu só achei chato. Não gosto de wah, wah nem de microfonia metida a moderna. Lenine é um tremendo talento, compositor estupendo, mas quer desvencilhar-se a todo custo do rótulo de nordestino. Ele quer ser visto como cosmopolita e universal. Mesmo que para isso tenha que extrapolar para o outro lado.

Os críticos foram realmente pegos de assalto? Talvez se a imprensa brasileira não fosse tão focada na desgraça e no negativo, no ano de 2000 tivesse sido dado destaque, além dos escândalos da exposição em Hannover, a um enorme festival de cultura brasileira que aconteceu em Paris na mesma ocasião. Teriam sabido que no Festival de Latitudes Villettte/Brésil o galego pernambucano aprontou coisa parecida.

Na primeira apresentação no festival, numa sala de ótima acústica (Cité de la Musique), com público sentado e bem comportado, ele apresentou-se com Carlos Malta e Pife Muderno e participações muito mais que especiais. Foi um show com forte acento regional. No dia seguinte, os jornais de Paris, onde arrisco dizer que Lenine é muito mais reconhecido que aqui, o apresentavam como o herdeiro e novo representante do nordeste brasileiro. Mas havia outro show por vir.

A Grande Halle, também no Parc de la Villette é um galpão onde foi montado um grande palco. Espaço para um público de umas 5 mil pessoas. E foi lá, no dia seguinte, que o parceiro de Bráulio Tavares, Lula Queiroga e Paulo César Pinheiro mostrou que podia apresentar ainda mais e mostrou praticamente o mesmo repertório do show anterior em leitura roqueira, com direito a cabeleira balançando à heavy metal.

Este tipo de coisa faz a genialidade de homem que foi batizado ao gosto do pai comunista. E ele é muito bom assim ou assado.

Só que eu prefiro MPB ao rock.


Cinefilia é uma delícia de blog e você já deve saber disso, mas o que quero comentar hoje é um achado da Fer.

Sempre houve um problema na hora de escrever para indicar que determinado trecho é irônico. Não raro a ironia escrita gera mal-entendidos mais ou menos graves.

Pois, assim como quem não quer nada, Fer mostra a solução: tags. Nada de aspas, itálico ou outra marcação que poderia ser também confundida e mal-interpretada. Simplesmente coloca-se [ironia] para começar o trecho irônico e [/ironia] para indicar seu final.

Adorei!