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22.12.01

Não me peça o que não posso dar. Sou toda intuitiva e empírica. Deixei as certezas na casa dos vinte. As condições morrem uma a uma a cada dia. Vivo apenas o real. Idealizações não mais.

Apesar de tudo isso, algo é perene em mim: eu mesma. E algo aqui dentro me diz que nem tudo é relativo. É preciso acreditar e guiar-se por alguma coisa que se crê absoluta.

Sob pena de perder a razão. Mesmo que seja apenas em uma discussão.

Ninguém me conhece...

Sequer preciso de uma poção para me transformar em Mr. Hyde.

Quem dera este aparelho de ar condicionado liberasse oxigênio.

O calor está derretendo meu pobre e preguiçoso cérebro...


AA UU
(Sérgio Britto/Marcelo Fromer)



AA UU AA UU
AA UU AA UU
Estou ficando louco de tanto pensar
Estou ficando rouco de tanto gritar

AA UU AA UU
AA UU AA UU
Eu como, eu durmo, eu durmo, eu como
Eu como, eu durmo, eu durmo, eu como

Está na hora de acordar
Está na hora de deitar
Está na hora de almoçar
Está na hora de jantar

AA UU AA UU
AA UU AA UU
Estou ficando cego de tanto enxergar
Estou ficando surdo de tanto escutar

AA UU AA UU
AA UU AA UU
Não como, não durmo, não durmo, não como
Não como, não durmo, não durmo, não como

Está na hora de acordar
Está na hora de deitar
Está na hora de almoçar
Está na hora de jantar


O MUIRAQUITÃ




Muiraquitã é o nome que os índios davam a um pequeno objeto em forma de rã, que segundo eles trazia felicidade a quem o possuísse.

A lenda do Muiraquitã vem desde os tempos do descobrimento, mas só nos séculos XVIII e XIX os amuletos se tornaram mais procurados, sendo atribuídas a eles qualidades de amuleto ou talismã.

Encontrado principalmente na região do Baixo Amazonas - região na qual encontravam-se as índias Icamiabas ou "mulheres sem maridos", mulheres guerreiras que viviam em uma sociedade isolada, e que regiam suas próprias leis. As Icamiabas realizavam uma festa anual dedicada à lua, e durante a qual recebiam os índios Guacaris (tribo localizada próxima a das Icamiabas), com os quais se acasalavam. Depois do acasalamento, mergulhavam em um lago chamado Iaci-uaruá (Espelho da Lua) e iam buscar no fundo do rio a matéria-prima com que moldavam os Muiraquitãs, que ao saírem da água endureciam. Então presenteavam os companheiros com os quais tinham feito amor... Os que recebiam, usavam orgulhosamente pendurados no pescoço, como um troféu e como símbolo de fertilidade e felicidade.

De qualquer forma quando se pronuncia Amazonas, não se pode deixar de pensar em Muiraquitã. O Muiraquitã é o amuleto de fertilidade e da sorte da Amazônia.


*****

Retirando-se a referência sexual da lenda, nada mais adequado que o texto acima para descrever a beleza do que trago agora. Uma guerreira amazônica me recebeu. Recebi um Muiraquitã para jamais esquecer esse momento único (como se fosse necessário alguma prova material do que arranhou minha alma...). Não sou eu que mereço o troféu por uma vitória, mas fico muito feliz por ter participado dela.

Meg, você é uma anfitriã maravilhosa, além de todas as suas outras qualidades, que eu não canso de louvar.

Peço desculpas, mas é impossível não gostar da Selma :-). Mas fique tranqüila, meu coração é grande... Prova disso é que o espaço que tenho reservado para você inchou ainda mais...

Foi muito bom poder abraçar você, olhar dentro dos seus olhos... Obrigada por reunir este povo querido (Letti, Nana, Joyce, Giselle) para que pudéssemos compartilhar esta alegria que é a sua presença...

20.12.01

Mensagem codificada:

Por favor, repare no canto direito das fotos, naquelas letrinhas bem pequenas. Tem nenguinho triste por aqui achando que ninguém reparou que a família inteira participou :-)

19.12.01

Era uma daquelas propagandas-brindes que a gente não agüenta mais receber. Mas achei lindo um pedacinho, recortei e mantenho sempre por perto:

O fundo é verde. No respaldar de uma janela azul, um globo terrestre com os continentes desenhados em amarelo e laranja serve de vaso para um viçoso girassol. Sob tudo isso:

Sua vida pode ter mais cor.

Sempre pode, sim!


Aflora
A flor - Ah!

Gracejo
Gaguejo - Beijo!

Imploro
Um poro - Hum!

Vambora
Agora - Ora!

Espreme
É fome - Homi!

Defloro
A flor - Oh!


18.12.01

A palavra da semana é Anamnésia!
ai-ai!

O que será
(À flor da pele)

Chico Buarque
1976


O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo


O que será
(À flor da terra)


Chico Buarque
1976


O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
Que gritam nos mercados, que com certeza
Está na natureza, será que será
O que não tem certeza, nem nunca terá
O que não tem conserto, nem nunca terá
O que não tem tamanho

O que será que será
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência, nem nunca terá
O que não tem censura, nem nunca terá
O que não faz sentido

O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E o mesmo Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno, vai abençoar
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo


O que será
(Abertura)


Chico Buarque
1976


E todos os meu nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem ljuízo

O que será que lhe dá
O que será meu nego, será que lhe dá
Quando não lhe dá sossego, será que lhe dá
Será que o meu chamego quer me judiar
Será que isso são horas dele vadiar
Será que passa fora o resto da dia
Será que foi-se embora em má companhia
Será que essa criança quer me agoniar
Será que não se cansa de desafiar
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de um folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo


17.12.01

Matéria de capa da Revista de Domingo de ontem:

Malu Mader, Cláudia Abreu e Carolina Ferraz: as musas de verdade. Elas têm em comum o fato de não terem posado nuas para a Playboy, não terem aplicado silicone nos seios (elas têm a fantasia, mas acham arriscado ou acabam concluindo que ainda dá para encarar do jeito que a natureza fez enquanto a gravidade não for muito severa), não gostarem do assédio dos paparazzi. Além disso, estão todas na casa dos trinta. Por todas estas razões são admiradas (e muitas vezes criticadas).

Gente! Eu sou musa e não sabia.

hahahahahahaha
Uma coisa que me dá imenso prazer é mostrar as coisas da minha cidade, do meu país para quem estiver interessado em conhecer. Não estou falando do pacotão clássico, que constam do catálogo de qualquer agência de turismo internacional, mas das coisas legítimas, que fazem parte do cotidiano dos locais.

O trabalho da amiga francesa que nos acompanhou ontem é relacionado com o candomblé e para isso ela está acostumada a ir onde o povo está. No final de semana anterior ela foi filmar um terreiro em Mauá. Conosco ela queria lazer, ir a um bar que tivesse samba de verdade. Estephanio´s nos pareceu a melhor opção.

Quando chegamos, reparamos que algo estava diferente. A mesa em torno da qual o grupo Roda de Saia faz o show estava do lado de fora do bar, ao contrário das outras vezes. A gente bonita que freqüenta o lugar não estava dando muita bola para a chuva insistente e tomava a rua. Quando nos aproximamos, reparamos que, além de tantã e cavaquinho geralmente usados no local, num canto havia surdão e outros instrumentos de bateria. Teríamos sambão!

No processo de aclimatação, ouvimos samba de raiz. Não consigo deixar de me emocionar com coisas como Folhas Secas e A Voz do Morro. De repente os grandes instrumentos tomaram o lugar dos demais. Ficamos sabendo que vai sair um bloco do bar. E que o enredo é Beth Carvalho.

Existe uma lenda que afirma que carioca não sai de casa quando chove. Talvez antes do Estephanio´s abrir suas portas...

Houve um tempo em que eu me sobressaia na multidão com 1,78m. Agora não mais. Pelo menos entre a juventude sarada e amante do samba na Zona Norte. Êta gente grande e forte!

E a chuva cai... E alguém anuncia que o enredo havia se materializado ali. E a ma-ra-vi-lhosa, po-de-ro-sa e vi-ta-mi-na-da Beth assume o microfone e é ovacionada. E dá uma canja de primeiríssima com seus maiores sucessos. E o povo canta junto... E a moçada samba... E a chuva cai lá fora, você vai se molhar, já lhe pedi não vá embora... E vou festejar... E é impossível ficar triste quando a gente se propõe a colocar o nariz fora de casa nesta cidade...

Botecos abrem e fecham... Alguns têm música... Outros têm bom chope... Alguns quitutes deliciosos... Pouquíssimos transcendem e têm espírito...
Fiquei tocada com os elogios que a Meg dirigiu a mim. E não sou boba de refutá-los. Guardo meu rubor e minhas dúvidas para mim.

Sabe, querida, não é à toa que a Janela de Johari está aqui no meu blog. É importante o feedback de quem nos quer bem. E não falo apenas de elogios, mas também das críticas bem intencionadas. (Por isso somos todos loucos pelos comentários. Será que o Falasério vai continuar me barrando na porta?) Talvez você tenha razão quando afirma que as pessoas questionam tantos os elogios quanto as críticas. No primeiro caso, embora todo mundo goste de ser enaltecido, há que se lutar contra os ensinamentos de que bonito é ser humilde. Alguém disse que a modéstia é para os medíocres. Portanto luto diariamente para fugir da mediocridade e aceitar com alegria os carinhos que recebo.

Sonho um dia me concentrar na questão da inveja. Para mim, ela nada tem a ver com a admiração que você expressou (e que é mútua). Tampouco é a mesma coisa que querer ter o que o outro tem (cobiça). O invejoso deseja destruir o outro, tomar o que é dele. Assim, como tantas vezes você sabiamente me alertou para o uso correto de certas palavras, peço licença para fazer o mesmo com você.