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20.7.05

Sinto como se a velocidade dos meus dias loucos e corridos fosse tão alta que eu já não tocasse no chão. Sinto falta do chão, mas quero voar.

Às vésperas de uma grande alegria, no day after de divertido encontro, trabalhos entregues e deadlines. A festa de ver o filho crescendo e se desenvolvendo e a saudade do meu bebê. Alguém morre, recebo a notícia de um nascimento. Rompantes, rompimento, amor, afago. E tudo. E muito.

E tem vezes que me vem uma surpresa, um sentimento quase incontido de gozo e nem sei bem por quê. Apenas a sensação e nada de motivo. Fico olhando dentro de mim, bem quietinha, já que careço conhecer pessoa que aprecie tais esquisitices sem olhar desconfiado... Sempre sou eu lá no fundo, mesmo não tendo nada da menina que fui. Ela pariu a fórceps o que sou hoje e foi um processo longo, no qual aos poucos foi extinguindo-se. Um dia, já não estava mais lá. Agora só eu e meu júbilo solitário. É feio dançar sem par, cantar e incomodar o vizinho, sorrir para quem não está nem um pouco interessado em investir segundo que seja em conhecer o espírito por trás do sorriso largo.

Um pouco de cansaço me seda e me alinha num eixo inclinado em torno do qual giro como um cão perseguindo o próprio rabo. Mas não é só. A espiral me puxa e eu não luto. Tenho vontades demais, sonhos demais, utopias demais. É necessário ocupar a mente e as mãos para aplacar a fúria da alma sempre tão sedenta do que está além da próxima porta. E nunca a água é suficientemente cristalina ou fresca. O mundo sempre a polui por mais que a sua visão à distância prometa delícias refrescantes. E nem posso afirmar com certeza que minha palma afoita não contribui para revolver o fundo do lago maculando-a.

Preciso da âncora. Sonho com asas. Sou um ente terrestre. Talvez um dia descubra que não.