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11.5.02

10.5.02

Estou saindo para, pela sexta vez, tomar guaraná quente, comer bolo hiper-calórico e deixar rolar umas lagriminhas.

Festa de Dia das Mães na escola do filhote!
SINAIS DE NAUFRÁGIO


Se você apresenta alguns dos sintomas abaixo, é sinal de que também sofre de angústia da informação:

* Por mais esforço que faça, não consegue sentir-se atualizado com o mundo a sua volta
* Sente-se culpado cada vez que olha a pilha de jornais e revistas e o volume de e-mails recebidos que não conseguiu ler
* Fica abatido quando uma pesquisa na internet resulta num documento de dezenas de páginas, pois acredita que, se não ler todas eles, não saberá tudo o que deve sobre o assunto
* Acena afirmativamente, sem convicção, sempre que alguém menciona um livro, um filme ou uma notícia de que você, na verdade, nunca ouviu falar
* Acha que o problema é seu e não do fabricante quando percebe que não consegue seguir as instruções para montar um aparelho que comprou
* Cerca-se de aparelhos digitais na esperança de que a simples presença deles a sua volta ajude a torná-lo uma pessoa mais adaptada à alta tecnologia
* Sente-se envergonhado quando tem de dizer "Não sei" mesmo que a pergunta se refira à sucessão no Nepal ou ao programa de correio eletrônico da Microsoft


(Revista Veja, 5 de setembro de 2001)

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Recortei a matéria que me pareceu interessante para ler com calma e só hoje peguei nisso de novo.

Olha a carapuça entrando com tudo na minha pobre e sobrecarregada cabecinha!
De outros cantos: Mundo Perfeito


De outros cantos: Blowg

(também resolvi fazer minha listinha)

Já dormi na fila da barca para a Ilha Grande
Já tirei foto com a Anjelica Houston
Nunca passei fome
Já namorei um paraguaio
Já neguei dinheiro para um ex-namorado viciado
Já contei estrelas cadentes
Já comi jabuticaba direto do pé
Já fui corneada
Já corneei
Já corri atrás de um cara que bateu minha carteira e a recuperei
Já arranquei, a dentadas numa briga, uma lasca do braço de um cara insuportável
Já saí de casa sem batom e sem pentear o cabelo
Nunca fui à África ou à Ásia
Já casei duas vezes
Já passei muito atestado de otária
Já pensei em largar tudo e começar de novo em outro lugar
Já dormi em um ônibus porque não tinha dinheiro para hotel
Já explodi muitas pontes
Já defenestrei muita gente da minha vida
Já pedi desculpas
Nunca aprendi a hora certa de calar a boca
De outros cantos: Crônica do Dia

"Quantas vezes defendemos um amigo que é grosseiro ou espaçoso, só porque ele se fez presente em um momento delicado da nossa vida? Ficamos saldando uma dívida eterna..." (Cláudia Letti)

Favor conceituar grosseiro e espaçoso. :-)

A crônica de hoje está maravilhosa, mas isso não é novidade.

9.5.02

Com uma amiga, a gente aprende até quando ela pensa que só está jogando conversa fora.

Sobre meu chope e sua coca light, tarde/noite dessas, ouvi uma dica preciosa que estou colocando em prática.

Não é ótimo quando uma pessoa para ser genial só precisa ser ela mesma?
Homenagem ao blog Mundo Perfeito:

CONGRESSO APROVA NOVAS NORMAS PARA FABRICAÇÃO DE CORNETAS


Observando o número crescente de cornetas pelo país dada a proximidade da Copa do Mundo, o Congresso Nacional resolveu votar em regime de urgência urgentíssima as novas normas para fabricação de cornetas.

A nova regulamentação, aprovada ontem à tarde por unanimidade, prevê que todos os bocais de cornetas deverão ter pequenas agulhas previamente banhadas em curare. Esta substânica, usada pelos caçadores amazônicos em suas zarabatanas, aplicada sob a pele, paralisa os músculos, podendo ser fatal dependendo da dosagem.

Com essa medida visa-se diminuir o número de babacas entre a população brasileira.

Ainda sobre intervenções macabras:

Lembro que há alguns anos uns garotões resolveram fazer uma brincadeira pelas ruas de Copacabana. Penduraram um braço de plástico em tamanho real para fora do porta-malas de um carro e salpicaram umas gotas de tinta vermelha. A idéia era fazer parecer que havia um cadáver escondido ali e que seu braço pendia para fora do carro por descuido dos "assassinos". Começaram a circular pelas ruas da Princesinha do Mar observando a reação apavorada dos passantes.

Foi uma comoção. A polícia foi mobilizada, todas as saídas do bairro fechadas, o trânsito já caótico deu um nó total... Finalmente os rapazes foram localizados e tiveram que dar umas explicações na DP do bairro. Segundo a lógica atual, uma tremenda injustiça, já que deveriam ser considerados artistas plásticos.
Membros da família Scolari:

Edmilson
Emerson
Kleberson
Edilson
Denilson
Anderson
Nelson (Dida)
Jenilson (Júnior)
Zecson (Kaka)

(grande sacada do Joaquim Ferreira dos Santos)

Tomara que não tenhamos que usar em breve aquela expressão de baixo calão que fala de filho.

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"A vitória será sua. A derrota também..."
(ministro dos Esportes, Caio Luiz de Carvalho para Felipão, assim que soube os nomes escolhidos para ir à Copa)
Quem já me conhece há algum tempo sabe que tenho sérias dúvidas quanto à arte contemporânea. Tenho questões sérias principalmente no tocante ao uso de cobertores.

Peço desculpas aos amigos de longa data, mas quero contextualizar o comentário que farei a seguir e a menção aos cobertores. Visitando um museu famoso, eu me senti vendo uma exposição sobre a roupa nova do rei ao me deparar com um cobertor azul jogado sobre uma espécie de bolsa que inflava e esvaziava simulando alguém dormindo no chão. Tive um acesso de rebeldia e me recusei a continuar a visita.

Hoje, lendo o jornal, vejo a confusão armada por um auto-aclamado artista plástico que montou uma intervenção nos pilotis do MEC (centro do Rio) ontem. Eram blocos de gelo tingidos de vermelho e esculpidos na forma de corpos de crianças e cobertos por cobertores baratos. À medida que o gelo derretia, escorria para fora dos cobertores o líquido vermelho que lembrava sangue. Quem passava por ali levava o maior susto, enquanto o "artista" observava a reação das pessoas. A polícia apareceu duas horas depois, informada que havia corpos na rua. A intervenção A sangue frio era para ser uma metáfora da violência e acabou devidamente faxinada.

Sou uma ignorante e como tal carrego a prerrogativa de poder perguntar: isso é arte?

8.5.02

OS SETE PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CONHECIMENTO
(Leis Herméticas)


Primeiro: a mente é tudo. O universo é mental. Por baixo de tudo aquilo que
conhecemos há o plano de um Espírito que não podemos conhecer. Ele é a lei.

Segundo: como é em cima, é embaixo; como é embaixo, é em cima. Tudo se
corresponde. As mesmas leis que atuam sobre o homem atuam sobre uma lagarta
ou uma estrela.

Terceiro: nada descansa, tudo se move. Nada desaparece, tudo se transforma.

Quarto: tudo é dual. Tudo tem dois pólos. Os opostos são idênticos, da mesma
natureza, porém em diferentes graus. Os extremos se tocam.

Quinto: tudo flui, fora e dentro. Tudo tem suas subidas e descidas. O ritmo
compensa e mantém o equilíbrio.

Sexto: qualquer causa tem seu efeito. Qualquer efeito tem sua causa. Tudo
acontece de acordo com a Lei. Nada escapa dela.

Sétimo: tudo tem seu princípio masculino e feminino. O gênero se manifesta
em todos os níveis da existência.


(O Mestre de Quéops - Albert Salvadó - Ediouro)



Depois de driblar alguns assaltantes com o filho pela mão, sentei numa sala de espera lendo um conto que me fez lembrar da Lu a cada linha (Linda, uma história terrível, do Caio Fernando Abreu, que cita Cazuza e Ana Cristina Cesar), enquanto deixava de ser almodovariana (carne trêmula).

Ganhando a rua novamente, achei que seria uma boa idéia me lambuzar de Chicabom. Alguém sabe se alteraram a receita do meu picolé favorito? Ou é aquela história de retornar à velha casa da infância para descobrir que os cômodos enormes não passavam de cubículos? Ou será que o gosto só é completo quando misturado com maresia e areia?

Hoje eu só queria um Chicabom com gosto de Chicabom da minha memória...
E mais uma sem sair de cima (ou debaixo, fica a seu gosto):

Coisinha mais comum no ano passado andando pelas ruas de Nova Iorque era ouvir o som de Ben Jor.
Agora totalmente no clima:

Mestres da MPB
Jorge Ben Jor ao vivo
Repetir enquanto o número de linhas for menor ou igual a 979
abre janela
ilumina linha
copia
fecha janela
abre janela
ilumina linha
cola
fecha janela

Paradinha estratégica para colocar para tocar Raio X, da Fernandinha Abreu, que tem Jorge da Capadócia, o que me faz lembrar que não tenho tempo a perder e que devo voltar rapidinho à ralação.

7.5.02

Um dia você vai entender
Porque para você
Eu sou de fácil acesso
Você vai descobrir o que não escondo
Você vai compreender tudo.
Mas quando?
Porque, prá mim, você já é um sucesso
Porque meus olhos te convidam
Para me inundar com seu cálice
Talvez a mensagem seja mais clara assim
Do que se eu falasse
Porque brindo ao embaçado
Da minha embriagez com sua taça
Não sei o que mais
Você quer que eu faça
Porque quando você me olha
Meu sangue vira vinho
E eu fico tonta
Dentro do meu próprio corpo
Não preciso, para esse veneno,
Nem de copo
E suas intenções maliciosas eu adivinho
Se você quiser uma dose desta bebida
É cortesia da casa
Porque a chama deste cigarro
Já está acesa
E eu fecho as portas do bar
Para esta festa
E quando elas voltarem a se abrir
Nas prateleiras nada mais resta
A não ser o gosto amargo
Da ressaca
E o cheiro forte do cigarro
Que se apaga
Qunado eu crescer, é criança que quero ser.

6.5.02

Uma palavra de que eu gosto e não é proparoxítona: cocuruto.
He said that three groups of people lived in every village. First were those you could see - walking around, eating, sleeping, and working. Second were the ancestors, whom Grandma Yaisa had now joined. "And the third people - who are they?" asked Kunta. "The third people," said Omoro, "are those waiting to be born."
(ROOTS - Alex Haley - 1925-1992)


Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Philosophicamente.

Unica lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os colectivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

(MANIFESTO ANTROPOFÁGICO - Oswald de Andrade
Anno 374 da Degustação do Bispo Sardinha.)


Veja, ilustre passageiro,
O belo tipo faceiro
Que o senhor tem a seu lado
No entanto, acredite,
Quase morreu de bronquite
Salvou-o Rhum Creosotado

(slogan histórico, que vivia pregado nas janelas dos bondes)

eu quero esse homem de cor
um Deus Negro do Congo ou daqui

(BLACK IS BEAUTIFUL - Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle)


O tipo garboso que ora ilustra este blog não é outro senão meu bisavô, o "afamado propagandista", J. A. Roger da Costa.

O novo layout é uma brincadeira de recorte e colagem com um cartaz onde ele anunciava um dos produtos que comercializava.

Além de eu achar o cartaz muito interessante pessoal e historicamente, também é uma oportunidade de mostrar que o estilo sissi de ser (não no sentido norte americano, mas no baiano/hype e meguiano) está na quarta geração, pelo menos.

Um dos motivos para o sobrenome dele ser diferente do meu é o fato de ele ter sido pai da minha avó materna. Mas uma ala da família assina como ele. Não o conheci, mas algumas de suas história me foram transmitidas. Como sempre tive muita curiosidade sobre sua figura, minha tia-avó, sua nora, era quem me saciava. Era a única remanescente dos que o conheceram, mas se foi no ano passado.

Sua bênção, Biso.

5.5.02

Cariocas costumam falar alto. Alguém que goste de explicações poderia lembrar que a amplidão da praia e o barulho das ondas faz com que se eleve o tom da voz. Bobagem...

Mas o problema se agrava porque uma praga assola os locais públicos ultimamente. A TV é onipresente em bares, salas de espera de consultórios médicos, restaurantes... Ela fica ligada em um volume tal que nem é possível abstrair seu som nem distingüir o que está sendo dito. Para acompanhá-la um rádio toca, sintonizado geralmente em uma estação que você detesta. E todo mundo coloca um auto-falante na garganta para conseguir ser ouvido no meio do burburinho.

É, acho que estou ficando velha...
"Afakakikorta da kortissendô"

Eu adorava os fonemas sonoros que tinham um sabor ancestral. Lógico que eu não tinha ainda a menor noção do que fossem fonemas ou ancestral. Tampouco imprimia sentido nas palavras da canção de ninar. Só bem mais tarde é que descobri, como uma revelação, que os versos diziam "a faca que corta dá corte sem dor".

Lembrei disso cantando para meu filho dormir. E, seguindo um fio de recordações e associações bem peculiar, fui viajando. Guardo memórias bem antigas. Ainda tenho a imagem, o cheiro e o toque de minha avó materna bem armazenados. Talvez sejam apenas lembranças das lembranças que cultivei durante estas três décadas e meia, já que me parece impossível realmente recordar de alguém que se foi pouco antes de eu completar quatro anos. E naquela noite em que cantava para meu filho dormir, me lembrei dela cantando para mim quando minha mãe perdia a paciência, do meu choro baixinho e soluçado, das figuras que imaginava na parede não emassada no canto da cama enquanto tentava me concentrar para pegar no sono antes que ela também desistisse de me embalar. Ela era minha segurança.

A sensação mais forte que tenho é daquele dia na cadeira de balanço. Tive um furúnculo na parte interna da orelha e um primo e um tio me seguraram com firmeza, enquanto minha mãe tratava de espremê-lo. Eu tremia de raiva, impotência e dor. E foi lá, no seu colo negro, gordo e quente que encontrei conforto balançando, balançando, balançando...

Minha avó supriu aquela carência que toda crinaça sente à chegada de um novo bebê na casa. Penso nisso só agora. Ela está forte dentro de mim porque eu passava muito tempo com ela. Imagino que minha mãe passava muito tempo então cuidando de minhas irmãs mais novas. Vovó era muito doente e sabia que tinha pouco tempo conosco. Éramos muito cúmplices e ela sabia que eu sofreria muito com sua partida, então tratou de me preparar. No dia em que foi sepultada, fiquei sozinha em casa com a empregada. Os adultos no cemitério e não sei onde estavam minhas irmãs. A mocinha me perguntou porque eu, tão agarrada com minha avó, não estava chorando (ela mesma estava escondendo mal suas lágrimas). Respondi que minha avó tinha pedido para que eu não chorasse quando ela se fosse, que eu ia viver muito, ter uma vida muito bonita e quando eu fosse bem velhinha como ela (mentira, ela não era tão velha assim) e também morresse, a gente ia se encontrar no céu, porque é isso o que acontece com as pessoas que se amam muito.

Estou vivendo a minha vida muito bonita. Tenho em mim a marca dos primogênitos. Sim, os primogênitos são diferetes dos caçulas e dos filhos do meio. Já repararam? Os primogênitos são sempre os mais sisudos e mais esforçados. Os caçulas são os carismáticos e os do meio, quando os há, ou são os mais livres dos papéis familiares pré-estabelecidos ou são os porras-loucas, as ovelhas negras.

É através do mais puro empirismo que afirmo que os casais mais harmoniosos são formados por primogênito-primogênito, caçula-caçula, do meio-do meio. Os filhos únicos ou permanecem solteiros ou casam-se com alguém com vocação para a servidão e para os bastidores. Observe: o filho único vai estar espalhado pelo sofá enquanto seu parceiro se espreme num cantinho; ele vai dominar a conversa enquanto o outro apenas abana com a cabeça, chamado a opinar apenas para confirmar o que o outro disse.

Meu lindinho dormiu e eu fui tomar meu banho para nanar também. E enquanto a água caia morna sobre o corpo, pensei que o "fator filho único disfarçado" pode ser o causador de algumas rusgas por aqui.