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14.5.04

Sei lá porque, o Blogger não deu as caras por aqui ontem. Deve ser adaptação ao novo sistem, sei lá. De qualquer forma, estes são os posts acumulados enquanto Blogger está fora do ar:

"Se alguma mulher roubar seu marido, vingue-se: deixe que ela fique com ele."




Sobre o protesto de ontem dos funcionários do Pesagro, que distribuiriam 2.000 galinha, diz o JB hoje, na primeira página que eles "melhoraram o jantar de quem trabalha no Centro do Rio".

E fiquei pensando cá com meus botões: quem ainda abate frango em casa? Porque, que nem criança urbana, criada longe de fazendas e grandes quintais, eu mal consigo estabelecer conexão entre aquele animal cheio de penas e o mirrado filé de peito grelhado da minha dieta. Será que é sintoma de esquizofrenia não associar aquele pedaço de carne congelada do supermercado àquele bicho engraçado e dado à ciscadas?

Não consigo comer animal que eu vi vivo. Costumo dizer que se minha vida fosse mais rural, acabaria por virar vegetariana. Já vi muita galinha ser abatida nos fundos de casa pra poder contar pra vocês: meninos, não é uma coisa bonita de se ver.

Além disso, herdando a vocação do meu pai, minha irmã também é veterinária e de vez em quando, nos tempos de faculdade, levava uns frangos pra estudar em casa. Bem, não eram os frangos o seu dever de casa, eram os vermes dos galináceos. Depois de ter contaminado minha retina com aquelas imagens era pra eu nunca mais experimentar a ave. Fazer o quê? Sou sem-vergonha mesmo.

Mas a foto da cacarejante me fez imaginar o sujeito voltando da hora do almoço com a penosa de baixo do braço pro escritório. Será que amarrou o bichinho ao pé da escrivaninha? E ainda, sobraçando a bicuda enquanto espera o elevador, encontra a mulher, também ela voltando do trabalho e mostra orgulhoso o futuro jantar. Quem se encarregará da degola? Quem ainda se lembrará dos rituais? Em que parte do minúsculo apartamento fazer isso? Que estranho processo leva os construtores a entregar imóveis cada vez mais reduzidos em suas dimensões a uma população cuja altura média cresce visivelmente e quando floresce a geração canguru? Quem matou Lineu Vasconcelos? Perguntas que não querem calar...

Felizmente nos dias de hoje podemos devorar nossos fasianídeos com farofa e hipocrisia à mesa sem nos preocuparmos com a morte e o sangue no tanque de roupas. Fico muito contente em trazer pra casa meu prato do dia já depenado, sem pele e quiçá desossado.

Não sinto a menor nostalgia dos tempos de perseguição e decapitação no quintal. Por isso não sou como os saudosistas que vivem a chorar pelo tempo que se foi. Lembro daquela frase do saudoso sambista João Nogueira que dizia que não é que os carnavais de antigamente fossem melhores; você é que não tem mais dezoito anos.




Transcrição na íntegra das palavras de Lúcia de Jesus que contêm a revelação da primeira e segunda partes do segredo de Fátima escritas por Lúcia no ano de 1941 e conhecidas logo a seguir:

"(...) o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar. A primeira foi pois a vista do inferno! Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras , ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saiam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor.

Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e acrosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros.
Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor.
Em seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza: Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração.

Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo dos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz".


Terceira parte do Segredo de Fátima, revelado em 13 de Julho de 1917, em Fátima, eue a Ir. Lúcia dos Santos, a única das três videntes ainda viva, redigiu em 03 de Janeiro de 1944:

"Escrevo, diz Ir. Lúcia, em ato de obediência a Vós meu Deus, que me mandais por meio de Sua Excelência Reverendíssima o Sr. Bispo de Leuria, e da Vossa e minha Santíssima Mãe. Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda.
Ao cintilar despedia chamas que pareciam incendiar o mundo. Mas, apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte dizia: - Penitência, penitência, penitência.

E vimos numa luz imensa, que é Deus, algo semelhante a como se vêem as pessoas no espelho, quando lhe diante passa um bispo vestido de branco. Tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre. Vimos vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz, de tronco tosco, como se fora de sobreiro como a casca. O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade, meia em ruínas e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena. Ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho.

Chegando ao cimo do monte, prostrado, de joelhos, aos pés da cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe disparavam vários tiros e setas e assim mesmo foram morrendo uns após os outros, os bispos, os sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares. Cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da cruz, estavam dois anjos. Cada um com um regador de cristal nas mãos recolhendo neles o sangue dos mártires e com eles irrigando as almas que se aproximavam de Deus."

12.5.04

Ligaram ontem da escola para que eu fosse buscá-lo mais cedo porque apresentava sintomas da epidemia do momento: conjuntivite.

Como ele teria que ter um atestado médico para hoje, fosse garantindo que não era contagioso e que ele poderia freqüentar as aulas ou abonando suas faltas, de lá fomos direto para oftalmologista. Conseguimos o último horário do dia na clínica. O pai passou de carro pela escola e por aqui em casa porque a carteirinha do plano de saúde estava comigo. Resolvi ir junto, na última hora, embora tivesse um compromisso profissional marcado em Copacabana às 19h00. Ia dar tempo.

Ele veio chorando no carro, aborrecidíssimo porque não poderia ir à aula de vôlei. Na sala de espera do consultório, observei sua apreensão, porque ele não conseguia se manter sentado. Ao contrário do normal, nada prendia sua atenção, nem a onipresente TV, nem as revistas, nem o game do celular, nem o papo de mãe tentanto tranquilizar o filho.

A médica, já conhecida, mal conseguia andar. Era o último horário de seu último dia antes da licença maternidade. No primeiro exame verificou-se que o menino está com dificuldades para enxergar. Ele, ainda mais contrariado, ouviu quando ela disse que depois que terminar a infecção, ele deve voltar para um exame mais detalhado. Provavelmente terá que usar óculos. Pinga colírio. Protestos inúteis. Aplica anestésico. Aí, isso arde muito! Não fique nervoso, só vou mexer na pálpebra pra ter certeza. Ei, não faz isso. Não se joga desse jeito que...

Bum! Ele caiu desmaiado pra trás e bateu com o parte posterior da cabeça com toda força no chão de granito. E ali ficou, com os olhos abertos e sem qualquer reação, completamente desacordado. Só me dei conta de que eu estava gritando quando a recepcionista entrou no consultório com ar desesperado para ver o que estava acontecendo. Olhei para a médica. Ela estava quase tão assustada e surpresa quanto eu. Não sei fazer parto e a barriga dela parecia maior que nunca.

Próxima parada: pronto-socorro infantil. O gigantesco galo cantava retumbantemente. O garoto só reclamando de fome e muito sono. Oh, céus! Sono não. Cadê o neurologista? Compromisso em Copacabana? Que compromisso em Copacabana? Cliente esperando retorno de ligação? Amanhã é outro dia.

Raio X. Ficha a preencher. Pesa, mede, examina. E então, doutora? Talvez seja necessária uma tomografia. Talvez seja necessário internar para ficar em observação. Alergia a algum alimento?

Finalmente o neurologista chega. Antecedentes? Não. Histórico familiar? Não. Ô garoto, você tava nervoso por causa do exame? Bingo! Ele até deu um nome bonito e pomposo pra esse tipo de reação de medo, comum em crianças em relação aos procedimentos médicos, mas já não estava mais ouvindo, tamanho o alívio.

O restaurante que eu quiser, mãe? A comida que eu quiser, pai?

Muita pizza no rodízio da Parmê pra comemorar que do coração não morremos mais.

Mas adivinha quem passou a noite em claro, levando muito a sério, corujamente, a recomendação de observação!

11.5.04

Kill Bill


Uma vez assisti na televisão a uma entrevista Maria Adelaide Amaral em que ela falava sobre a língua e os povos. Ela contava de uma viagem de carro que fazia com amigos brasileiros pelo interior de seu Portugal natal quando resolveram parar e pedir informações:

- Com licença, senhor. Bom dia. Esta estrada vai para a Espanha, perguntou um de seus companheiros de jornada.
- Se for, respondeu o lusitano abordado por eles, há de nos fazer muita falta.

A autora usava o episódio para ilustrar as diferenças entre o idioma português falado no Brasil e aquele usado na terrinha, observando que eles diziam muito sobre o caráter de cada povo. Concluiu afirmando que não é o gênio da nação que molda a língua, mas a língua que determina os limites do pensamento da nação.

Algo como o defendido por George Orwell no livro 1984, onde uma nova língua é imposta. Assim, especulava o grande escritor, sem palavras como “liberdade” seria impossível dominar seus conceitos.

E ainda havia um artigo que li uma vez que aventava a hipótese de as expressões em cada idioma acabarem por entregar as mazelas de cada civilização. Um flagrante, por exemplo, no Brasil seria “ser pego com a boca na botija”, o que indicaria o delito de quem furta para saciar a própria fome, traindo a endêmica miséria. Já em inglês, “caught with a smoking gun”, traduziria o traço armamentista dos estadunidenses.

Arrisco ao ir um pouco mais longe dizendo que todo o produto cultural de um país é a transpiração de sua essência em termos de sentimentos e visão da vida.

Kill Bill
fala muito mais do que deveria sobre a substância da gente que na primeira metade da primeira década do novo milênio já invadiu dois países, sustentou um golpe de estado na América do Sul e apoia incondicionalmente todas as insanidades israelense. Kill Bill também deixa escapar que tipo de alma habita jovens que resolvem seus problemas saindo um dia para a escola com o irredutível propósito de chacinarem todos os seus colegas e professores. Kill Bill imprime na tela o mesmo sorriso que a soldado torturadora tinha no Iraque. Kill Bill espirra sangue e o mal gosto. Kill Bill pretende transformar em arte o grotesco, evocando a honra samurai, assim como Bush pretende convencer o mundo de que sua sanha petrolífera tem a ver com Deus e o espírito dos pais da América, que devem estar se revolvendo em seus túmulos. Kill Bill entrega tudo. Com o risco adicional de ser uma retroalimentação.

Uma débil esperança me faz acreditar que depois da publicação das fotos hediondas o mundo vai acordar e começar a agir em relação às arbitrariedades do império e talvez até acabe com a vergonha para a humanidade chamada Guantanamo e outras bases ianques espalhadas pelo globo. Também me permito crer que não financiando mais produções como essas com o suado dinheiro do meu ingresso posso ajudar - como o beija-flor que transporta em seu bico a água para apagar o incêndio da floresta – a transformar este mundo num lugar melhor, onde pessoas como Tarantino recebam tratamento de saúde adequado ao seu caso.

Se perder essa fé, talvez acabe concordando com aqueles que apontam o roteirista e diretor como genial e eu deva me auto-flagelar por ser tão inculta e não dominar o universo citado em seu filme, por não admirar o desrespeito à vida humana, por não vislumbrar toda a plasticidade de uma mutilação, de uma decapitação, de uma chacina, de uma multidão sanguinolenta gemendo.

Kill Bill é a obra perfeita para quem prefere deixar de lado tudo de bom com que os Estados Unidos brindou o mundo - desnecessário desfiar exemplos como rock’n’roll e Woody Allen - e escolhe a cardina e o chorume do Tio Sam.

10.5.04

Eu sei, você tá achando tudo uma bosta.

Mas já reparou que:

* já são dois anos sem mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas?
* os manguezais dão sinais claros de crescimento?
* os socós começaram a voltar à região?

Você é uma das 50 mil pessoas que desfrutam as delícias da Lagoa nos finais de semana? Aproveita o local privilegiado pra umas caminhadas?

Já reparou o que está diante de você quando sai do Túnel Rebouças?
Fico abismada com a quantidade de Medéias que encontro.

Essas mulheres mal-amadas e/ou traídas que usam os filhos para punir e torturar (ex-)maridos podem até ratificar um dos mais antigos mitos da humanidade, mas que é nojento, covarde e pesadão pro carma, não há dúvidas.
Respondendo a um e-mail (com adaptações):

Vejo muitas meninas hoje reclamarem dos garotos que exigem super-mulheres perfeitas em todos as novas necessidades dos novos papéis, sem descuidar em nada do velho roteiro da Amélia e da mulher de Atenas.

Sabe que eu venho de um ponto no tempo e no espaço que ainda se valorizava a virgindade. Minha mãe, mesmo dando um excelente educação sexual pra mim e minhas irmãs, vivia repetindo que os rapazes não queriam casar com meninas que não fossem virgens. Até que um dia respondi pra ela que era eu quem não queria me casar com um homem tão inseguro que tivesse que se calcar na virgindade da moça.

Pois esses moços impertinentes não servem para nós, mulheres cheias de qualidades, mas passíveis de falhas pela própria condição humana.

Mas temos que tomar cuidado para não virarmos uma versão feminina desses chatos, exigindo deles o impossível.
No sábado, mais uma vez, fui à Portela para um de seus almoços de samba. Adoro o ambiente de samba. Há sempre uma aura de confraternização, uma felicidade contagiante, um prazer...

E cada dia vejo que isso é o contrário do que ocorre com outra grande riqueza da cultura nacional, o futebol. O esporte bretão anda rodeado de violência dentro e fora dos campos, muita briga, muita morte. Da minha janela, observo as torcidas indo e vindo. Enquanto nas escolas de samba, independente da competição, há sempre respeito pelas adversárias, no futebol, faz parte da graça espezinhar o oponente.

Noto - em algumas torcidas isso é mais evidente - que ainda mais comemorada que a própria vitória é a derrota do rival. Se você duvida, procure um vascaíno num dia em que o time cruzmaltino arrebenta a boca do balão e depois num dia de derrota do rubro-negro. É fácil constatar que nada lhe dá mais prazer que ver o Flamengo perder. Se for vexaminosamente, tanto melhor.

É por essas e por outras que acho que um ciclo do futebol brasileiro está encerrado. Talvez também faça parte do processo o enfraquecimento dos times cariocas, com sua jugular entregue aos cartolas. Outra razão poderia ser o fato de os jogadores não mais fazerem a bola rolar por gosto pelo esporte ou por amor ao seu clube. Joga-se pelos grandes deuses, o dólar e o euro. Tão logo conseguem alguma projeção, os rapazes arribam para o Velho Continente, para as Arábias, para a Terra do Sol Nascente. Fica por aqui quem (ainda) não conseguiu se destacar, quem não se adaptou e voltou com rabinho entre as pernas, quem já deveria ter se aposentado. Enfim, o sobejo.

E é dessa lavagem que se faz o futebol que se joga no Brasil hoje.
A cara nova do Blogger está muito bonitinha. Ainda estou testando pra ver se ficou mais prática também.

Ele está de volta, com carga total. Por favor, visitem e comentem.