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27.10.01


PÉROLAS


Vocês são do tipo que lêem bulas ou qualquer outra coisa? Eu sou! De vez em quando a gente se depara com algumas pérolas como estas.

1 - Na contracapa de um DVD alugado na Blockbuster:

"Favor rebobinar após assistir."

2 - Na contracapa do LP de The Beach Boys (Surfin´U.S.A.)

"This monophonic microgroove recording is playable on monophonic and stereo phonographs. It cannot become obsolete. It will continue to be a source of outstanding sound reproduction, providing the finest monophonic performance from any phonograph."


26.10.01

Dando início aos trabalhos de mudanças por aqui...

25.10.01


Dor de cabeça...
Sem saco...
Não tô podendo...
E ainda tem festa infantil à noite...
SOCORRO!

24.10.01


Num curto passeio, alguns motivos para sorrir:

* O médico disse que minha saúde está perfeita. Prescreveu um remédio para o pequeno incômodo e me deu os parabéns.
* A estátua no meio da praça presta homenagem ao pioneiro da ginástica pelo rádio!
* A rua das flores.
* Encontrei aquele papel raro que estava procurando há tempos e ainda me diverti olhando as novidades da papelaria.
* Fiz matrícula na hidroginástica, agora em outra academia que tem mais a minha cara.
* A moradora de rua me desejou boa tarde e não pediu nada em troca.

23.10.01


Meu silêncio não significa aquiescência.
Chamando a atenção

Não sei se é uma questão de deslocamento espacial ou temporal. A verdade é que certas expressões comuns na minha infância raramente chegam aos meus ouvidos nos dias de hoje.

Vagando pela calçada, acompanhei a conversa de uma mulher que levava o filho pela mão e dirigia-se ao marido. Ela mesma parecia ter saído de um canto recôndito da minha memória. Usava um vestido colorido barato, tinha um pano amarrado à cabeça que merecia um tratado de cultura afro-brasileira, o corpo rijo das jovens lavadeiras, uma fala de veludo e a pele negra era homogênea e brilhante. Tudo nela exalava elegância popular. Era destas mulheres que quase já não vejo, criada com feijão, verduras e legumes da horta da mãe, ovos e galinha do quintal e frutas roubadas dos galhos que escapam pela cerca do vizinho.

Ela contava que havia chamado a atenção da filha. Onde ainda se chama a atenção de alguém? Hoje briga-se, dá-se esporro, no máximo uma chamada. Os metidos a intelectuais desancam. O malandro dá uma idéia, um toque... Minha avó chamava a atenção.

E este ato revela uma relação hierarquizada. Quem faz isto deve ter forte influência moral sobre o chamado. E carece de classe, não deve humilhar, precisa apontar seus argumentos e razões sem tornar-se agressivo. É necessário também deixar claro que ao chamar a atenção não há chance para questionamento ou debate. Fica implícito que tudo deve ser acatado ou passa-se então para a fase de punição.

Talvez exatamente por tudo isto a expressão tenha caído em desuso. Os que chamavam a atenção geralmente eram aqueles a quem pedíamos a bênção.

22.10.01


Eu sei, eu sei, a gente vive em gueto, cercada de pessoas que em algum ponto tocam nossa própria realidade.

Mas não posso deixar de observar que num encontro em que estavam presentes quatro casais, três (e nós éramos a exceção) formaram-se a partir da Internet.

Da série As Mais Terríveis Pervesões:

Continuar amando o mesmo homem depois de dez anos.


Galeria do amor


femmes
Femmes de Tahiti (Sur la Plage)
Gaugin


A primeira vez que meu amo e senhor foi a Paris, não pude acompanhá-lo. Ele trouxe para mim, de uma loja do Louvre um sarongue vermelho que reproduz o que aparece nesta pintura. Só uso em ocasiões especialíssimas.


beijo
O Beijo
Klint


Quando oficializamos nossa união, recebemos alguns amigos mais íntimos para comemorar. Os convites que seguiram por e-mail tinham esta ilustração, não apenas por refletir nosso gosto artístico, mas também porque eu, atacada de um romantismo exacerbado, achei o casal parecido com nós dois.
A chuva cai afastando a ameaça de um verão sem ar condicionado.

As gotas de chuva formam um pequeno rio nas canaletas que formam os trilhos por onde correm os portões de ferro da garagem do prédio. Há uma certa poesia nisto e demoro a identificar o que é. São memórias remotíssimas da casa da minha infância onde a criança quieta e tímida que fui passava muito tempo obrservando as brincadeiras da água que vinha do céu nas vidraças e depois nas esquadrias, passeando em trenzinhos líquidos.

Estas percepções minúsculas de coisas absurdas foi parte da minha vida íntima por muito tempo. Durante as viagens eu me entregava ao zumbido do carro em movimento, à massa verde que a vegetação ao lado da estrada criava com o movimento acelerado, as listras contínuas que apareciam no asfalto quando sua heterogeneidade era submetida à nossa velocidade. Este era meu mundo particular. Só eu via estas coisas, eu pensava então.

O filme foi muito comentado na época, mas o que mais me encantou foi perceber que alguém compartilhava desta minha visão um tanto alucinada. Rain man tem umas cenas vistas pelo olho do autista que reproduzem meu pequeno universo. Foi assim que descobri que não sou tão original quanto pensava. A vulgaridade assusta, mas é bom não se sentir tão só.

Foi mais ou menos a mesma sensação que tive ao descobrir que a drag queen que vive em mim tem a sua turma. Sou uma ploc enrustida [o JB online está com problemas, por isso não tem link para a revista de Domingo com matéria de capa sobre esta nova tribo urbana]. Um dia vou deixar de lado os escrúpulos e sair por aí com uma mochila com a cara de uma das Meninas Superpoderosas estampada. Ou, quando a poeira assentar e eu for de novo a Nova Iorque, gasto uma pequena fortuna na Ricky´s da Brodway, comprando fiapos de cabelos coloridos e outros apetrechos exóticos para usar quando for ao supermercado.

Minha sogra diz que velhos são os outros. Pois então. A turma da minha auto-imagem, que ainda está na casa dos vinte e pouquíssimos, é esta. Esta jovem senhora séria e respeitável não sou eu. O espelho está mentindo! Vou ignorar o que ele diz e apenas observar a chuva reinando no meu universo diminuto.