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28.6.06

É tão fácil a gente se doer e falar quando nos machucam e muitas vezes não nos damos conta que qualquer deslize pode nos fazer repetir os comportamentos, se não estivermos alertas.

É que dentro de cada um de nós, existem aquelas coisas que eu chamo de monstrinhos, que crescem se a gente alimenta e fogem da jaula, se a gente não vigia. Há o monstrinho invejoso, o monstrinho "farinha pouca, meu pirão primeiro", o monstrinho assassino, o monstrinho mãe castradora, o monstrinho chefe tirano, o monstrinho sogra de anedota, o monstrinho coitadinho/vítima, o monstrinho preconceituoso...

Evidentemente, alguns desses monstrinhos funcionam como nossos aliados para a sobrevivência na selva. Mas, acredite, é mais fácil procurar uma selva mais tranqüila do que tentar recapturar esses titãs depois de soltá-los por aí.

A única forma de domar essas criaturinhas travessas para que elas não escapem pelas frestas dos nossos pensamentos, nossos atos e nossas palavras é com uma sólida formação de caráter e/ou auto-conhecimento somado à determinação firme de ser cada dia um pouquinho melhor.

Então o que tento fazer é manter meus monstrinhos devidamente identificados, adestrados e encarcerados bem longe do sol.
texto de Roberto Crema:


"Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho; nós mudamos nos encontros.
Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos encontros, desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela idéia e sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras que estão na nascente de um rio, e as pedras que estão em sua foz?

As pedras na nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas.
À medida que elas vão sendo carregadas pelo rio sofrendo a ação da água e se atritando com as outras pedras, ao longo de muitos anos, elas vão sendo polidas, desbastadas.

Assim também agem nossos contatos humanos.

Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar que não existem sentimentos, bons ou ruins, sem a existência do outro, sem o seu contato.

Passar pela vida sem se permitir um relacionamento próximo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar.
É começar e terminar a existência com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.

Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser, várias marcas de pessoas extremamente importantes.
Pessoas que, no contato com elas, me permitiram ir dando forma ao que sou, eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor, mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras, sem dúvidas, com suas ações e palavras me criaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas.

Faz parte...

Reveses momentâneos servem para o crescimento.
A isso chamamos experiência.
Penso que existe algo mais profundo, ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheia de excessos.

Os seres de grande valor percebem que ao final da vida, foram perdendo todos os excessos que formavam suas arestas, se aproximando cada vez mais de sua essência, e ficando cada vez menores, menores, menores...

Quando finalmente aceitamos que somos pequenos, ínfimos, dada a compreensão da existência e importância do outro, e principalmente da grandeza de Deus, é que finalmente nos tornamos grandes em valor.

Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?

Sabemos quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago.
É lá que está o verdadeiro valor...
Pois, Deus fez a cada um de nós com um âmago bem forte e muito parecido com o diamante bruto, constituído de muitos elementos, mas essencialmente de amor.
Deus deu a cada um de nós essa capacidade, a de amar...
Mas temos que aprender como.
Para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir, através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.

Por muito tempo em minha vida acreditei que amar significava evitar sentimentos ruins..
Não entendia que ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado faz parte da construção do aprendizado do amor.
Não compreendia que se aprende a amar sentindo todos esses sentimentos contraditórios e... Os superando.
Ora, esses sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento...

E envolvimento gera atrito.

Minha palavra final: ATRITE-SE!"