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1.10.03

Cara feia
Gabriel O Pensador/Liminha

Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come

É, não me distraí, não me distraí
Me deixa aproveitar a sensação um pouco mais
A sensação de esperança que invadiu o meu peito
Não me envergonha com esse velho preconceito
Não me atrapalha agora não, por favor
Não me apavora com as notícias do terror
O seu terror psicológico e as previsões sinistras dos seus mapas astrológicos
Não vão fazer o papai aqui fazer pipi na cama
Não sou do tipo que tem medo de sair da lama
Nós não somos covardes
E nunca é tarde pra cuidar de quem a gente ama
A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida

A gente sabe somar, e quer saborear a soma dividida
A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida
A gente sabe sonhar, e desse sonho a gente não duvida
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come

E quem não mata a fome, a fome mata
Quem não mata a fome some; quem não mata a fome, a fome come
(A fome não é só um nome)
E tem também a outra fome, fora do abdômen
Cara feia... eu vi na cara de um cara que matou um homem, por causa dessa outra fome
Fome de vingança, vingança do destino
E essa cara eu já vi na cara de um menino
E os meninos assassinos vão se renovando
E vão nascendo, vão morrendo e vão matando
É que eles pensam que o crime é o único caminho
Pra chegar em qualquer tipo de comando
Mas se os meninos forem mais malandros
Vão saber que ser trabalhador não é ser otário
Um bom exemplo vem da nossa presidência
Porque lá quem tá mandando é um operário

Refrões

Não faça cara feia de barriga cheia
Não faça cara feia de barriga cheia
Não faça cara feia de barriga cheia
Nem meta a colher em cumbuca alheia
Quem deixa um pé atrás
Nunca chega na frente
Quem tem medo do futuro
Vira escravo do presente
Não me enche com essa fome de derrota
Nem me bota nesse time que defende o pessimismo
Agora eu sei, cansei da linha burra que separa, desune
E empurra todo mundo pro abismo
O caminho é mais pro alto
No mar e no sertão, na favela e no asfalto
Todo mundo sente fome, fome de futuro
Pra que pichar, se eu posso derrubar o muro?
Não é com tanque, nem com trator
Não é com ódio, nem com rancor
Não é com medo, nem com terror
Minha campanha também é paz e amor.

29.9.03

"Paulinho da Viola - Meu tempo é hoje", documentário de Izabel Jaguaribe sobre o sambista que eu só consegui ir conferir no último final de semana é simplesmente o máximo. Mais uma prova de que o Brasil faz documentários de gente grande. Além de divertido, é informativo, bonito, inteligente e comovente sem ser piegas. Tem a melhor música do mundo e a Cidade Maravilhosa no que ela tem de melhor: sua gente e seu espírito. Tem Paulinho da Viola lindo, transbordando sua dignidade, sua nobre musicalidade, sua vida entre familiares, amigos e parceiros, suas idiossincrasias... Tem Monarco, Nelson Sargento, Zeca Pagodinho, Walter Alfaiate, Cristina Buarque, Teresa Cristina e mais um monte de gente boa. Tem mais ou menos 30 músicas amarrando as saborosas histórias e depoimentos. Tem expectador aplaudindo no final da exibição porque ficou se segurando para não fazer isso durante o filme.

Se você já viu, deve estar se perguntando como é que eu ainda não sabia disso tudo. Pois é, eu estava querendo ver este filme há um tempão, mas a chance ainda não tinha aparecido. Se você ainda não viu, corre que ainda está levando lá no Museu da República. E em volta tem os jardins, tem o café, tem o teatro, tem a livraria, tem as exposições ao ar livre, tem os saraus, tem o Museu do Folclore...

28.9.03

Imperdível!
E é de graça!

O artista plástico brasileiro Vik Muniz, radicado há 20 anos em Nova York, apresenta uma série inédita de fotografias. Intitulada Retratos de revista, a série traz imagens que são reconstituição do retrato de personalidades e personagens, que ele admira e/ou convive, com pequenas pastilhas feitas de papel recortado de revistas.

O ponto de partida do artista foi a observação de retratos publicados em revista que mostram a intimidade das celebridades, ao mesmo tempo em que são essas publicações que tornam famosos quase anônimos. Vik se colocou a pergunta: como fragmentar e reconstruir a fisionomia das pessoas com pedaços de outras imagens e ainda assim mantê-las reconhecíveis? Partiu então para fotografar cada um dos seus 'heróis'. De posse dos retratos, submeteu-os, em estúdio, a um processo de ampliação com lentes que ele próprio construiu e que produzem cromos de 20 x 25 cm, com definição extraordinária. A partir daí, remontou os retratos, a mão livre, com pastilhas de páginas de revista, feitas com furador de papel. A última etapa é a foto da remontagem, enfim o formato final, em ampliações de até 230 x 180 cm, que dá a impressão de um desenho pontilhista.

(trechos retirados daqui)

Em exposição no Paço Imperial até 12 de outubro.
Deliciosa e gay em todos os sentidos, especialmente o original: