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14.3.03

Curiosidades


Você já reparou que não há um adjetivo pátrio satisfatório em português para quem é natural dos EUA.

Acho americano furado porque isso todos nós nascidos nas Américas somos. Sem mencionar que poderíamos estar falando de um torcedor do América Futebol Clube. Eu prefiro usar norte-americano que á mais restritivo geograficamente, mas também engloba os canadenses. O Aurélio sugere ainda estadunidense e ianque. Eu acho que a primeira, sabiamente adotada pela Fer, é a que melhor resolve o problema, embora seja uma palavra feia pra caramba e que a segunda tem um ranço meio negativo (coisa de quem viu muito cartaz "Yankees go home" na vida) .

Também não gosto de usar América pare me referir aos Estados Unidos. Acho uma espécie de apropriação indébita do nome do continente.

Acho graça também de: quem nasce na cidade do Rio de Janeiro é carioca (do tupi - casa de branco), no estado é fluminense (do latim flumine=rio + ense). Mais curioso é que nunca vi um carioca descrever-se como fluminense, mas muitas pessoas nascidas fora da capital se auto-proclamam cariocas. E ainda gosto especialmente de soteropolitano (helenização do nome Salvador, sotério=salvação + polis => Soterópolis), capixaba (do tupi - terra de plantação, roça) e potiguar (do tupi - comedor de camarão).
Vigília pela paz


VigiliaJunte-se ao movimento que planeja uma vigília à luz de velas no domingo dia 16 de março às 19 horas.

A organização pacifista " MoveOn.org" e a coalizão " Win Without War" junto com o Arcebispo Desmond Tutu e outras organizações religiosas pelo mundo estão conclamando esta vigília, e precisamos de sua ajuda.

Iniciando-se na Nova Zelândia esta iniciativa espalhar-se-á pelo mundo. Hoje estamos nos dirigindo aos indivíduos pedindo que organizem uma vigília em cada comunidade e esperamos que milhares de pequenos grupos se formem e façam esta ação pela paz.

Para obter maiores informações sobre como fazer isto acontecer, confira aqui ou na figura ao lado.

É hora do mundo unir-se neste momento de obscuridade para reacender a luz da razão e da esperança. É hora de de renovar nosso compromisso de construir um mundo melhor para nossas crianças.

Com sua ajuda podemos ver essa vigília varrer o mundo na tarde de 16 de março. Juntos podemos levar as nações do mundo a evitar a guerra desnecessária e apontar para um futuro de paz e prosperidade.

Este é um momento chave. Faça parte dele.

13.3.03

Solicitação de doação de sangue para Porto Alegre:

Rudy Alfredo tem 75 anos e é portador há 3 anos de uma doença relativamente rara chamada síndrome mielodisplásica. Não há tratamento específico para esta patologia.
Mantém-se vivo durante estes 3 anos graças a transfusões realizadas, atualmente, a cada 15 dias.
Neste período já ultrapassou uma centena de transfusões. Precisa de 2 doadores para cada transfusão.
Os doadores começam a rarear, uma vez que a maioria dos amigos, parentes, vizinhos e conhecidos já doaram várias vezes.

Todos que puderem ( e quiserem ) que ajudem fazendo doação de sangue no
Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, no Banco de Sangue, situado
no terceiro andar em nome de:

Rudy Alfredo Hammermuller
(é preciso dar o nome do receptor do sangue)
Eu quero dois fins de semana de choro!


I FESTIVAL ESTÁCIO DE CHORO

Yamandu Costa e Altamiro Carrilho
show de música instrumental
dia 14, às 22h

Nó em Pingo d'Água e Cristóvão Bastos
apresentando músicas do CD Domingo na Geral
dia 15, às 22h

Pagode Jazz Sardinha's Club e Mestre Zé Paulo
lançando o CD Choro Transgênico
dia 21, às 22h

Época de Ouro
grupo fundado por Jacob do Bandolim
dia 22, às 22h

R$20,00 (cada noite)

Casa de Cultura Universidade Estácio de Sá
Av. Érico Veríssimo, 359
Barra da Tijuca
M.A.S.H. para mim sempre foi aquela seriezinha da TV cujo humor não me agradava muito. Mas eu nunca conferi o filme original de Robert Altman e acho que isto é uma falha muito séria.

Hoje é uma grande chance de reparar este furo, já que o filme de 1970, vencedor do Oscar de melhor roteiro, da Palma de Ouro em Cannes e do Globo de Ouro, será exibido hoje no Telecine Happy às 21h45.

Aliás, o TCH tem me trazido boas surpresas. Ainda outro dia, numa reunião no apartamento de uma amiga ("Apartamento uma ova", nos corrigiu seu marido galhofadamente simulando ares de aristocracia britânica, "It's a penthouse.") falando sobre terapia de vidas passadas, me lembrei de um filme a que assisti há muito tempo. Não é a primeira vez em que tento inserir este filme na conversa e o nome me foge completamente. Então eu fico dando pistas para que outras pessoas, falando coisas como: Barbra Streisand, hipnose, cortesã... Mas ninguém das minhas relações jamais viu este filme. Uma outra vez, perturbei o Moa, para me ajudar descobrir o nome do filme porque eu queria alugar para rever. Não me lembro mais se foi ele ou se fui eu quem descobriu no IMDB, mas como não achei em nenhuma locadora, o nome do bendito acabou indo lá para uma gavetinha empoeirada da minha mente.

Então, na terça-feira, já prontinha para dormir, apenas dando aquela última olhadinha na TV para chamar o sono, eis que o filme surge na minha frente: Num Dia Claro de Verão (On a Clear Day You Can See Forever)! Por uma questão de honra e pela memória do meu gosto cinematográfico da adolescência esqueci do dia duro que teria pela frente ontem, levantei e fui assistir ao filme até o final na sala.

Como geralmente acontece, não achei o filme tão encantador agora já _ de acordo com as pesquisas que estabelecem a expectativa de vida _ na metade da minha jornada. A história era bem mais interessante antes de eu ler Kardec. Por outro lado, sou mais paciente com musicais e acho bonitinhas aquelas brincadeiras primitivas com a câmera e achei divertidos os efeitos especiais rudimentares. E ainda tem Jack Nicholson novinho fazendo (adivinhem!) um maluco beleza.

Preciso avisar a Márcia que eu não estava maluca quando comecei a misturar Hollywood com vidas passadas e que o filme de Vincent Minnelli terá reprise no TCH no dia 21/03 às 11h35.

11.3.03

Cleo: "We're intellectual opposites."
Ivan: "What do you mean?"
Cleo: "I'm intellectual and you're the opposite."
Ivan (bristling): "I'm an aristocrat, and the backbone of my family."
Cleo: "Your family ought to see a chiropractor."


Mae West em Goin' To Town
Mais do astral atual:


telegrama
(zeca baleiro)

eu tava triste tristinho
mais sem graça que a top model magrela
na passarela
eu tava só sozinho
mais solitário que um paulistano
que um canastrão na hora que cai o pano
(que um vilão de filme mexicano)
tava mais bobo que banda de rock
que um palhaço do circo vostok

mas ontem eu recebi um telegrama
era você de aracaju ou do alabama
dizendo nego sinta-se feliz
porque no mundo tem alguém que diz
que muito te ama que tanto te ama
que muito te ama que tanto te ama

por isso hoje eu acordei
com uma vontade danada
de mandar flores ao delegado
de bater na porta do vizinho
e desejar bom dia
de beijar o português da padaria
oh mama oh mama oh mama
quero ser seu
quero ser seu
quero ser seu papa

Resposta para você que veio dar uma olhadinha no meu blog porque quer saber como tenho passado:


Vaca Profana
(Caetano Veloso)

Respeito muito minhas lágrimas,
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo assim minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada

Ê, dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas
Segue a "movida Madrileña",
Também te mata Barcelona Napoli,
Pino, Pi, Pau, Punks,
Picassos movem-se por Londres
Bahia onipresentemente,
Rio e belíssimo horizonte

Ê, vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"
Quero que pinte um amor Bethânia,
Stevie Wonder, andaluz
Mais o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista meu mundo
Thelonius Monk's blues

Ê, dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas
Sou tímido e espalhafatoso,
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo,
No mundo um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York,
Sem mágoas estamos aí

Ê, vaca das divinas tetas,
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas
Mas eu também sei ser careta,
De perto ninguém é normal
Às vezes segue em linha reta
A vida, que é meu bem/meu mal
No mais as "ramblas" do planeta
"Orchata de chufa, si us plau"

Ê, Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas
La mala leche para los "puretas"
Nada de leite mau para os caretas
E o leite mau na cara dos caretas
Chuva do mesmo bom sobre os caretas
E o resto inunde as almas dos caretas

10.3.03

O suor foi a primeira sensação que ela conseguiu definir fora do sono. A música que lhe ecoava nos ouvidos - ela começava a perceber - vinha da lira de Morfeu. As unhas estavam cravadas nas próprias palmas e ela precisou de muito esforço para abrir os olhos. O único movimento de seu corpo era o peito ainda arfante. Ela conseguira fugir do pesadelo.

Já amanhecia e era a quarta vez, desde que se recolhera na noite anterior, que aquele mesmo sonho ruim a perseguia. Ela acordava invariavelmente apavorada e a única coisa que conseguia reter era a canção.

O fantasma dele agora vinha pelas ondas sonoras. Assim, além das horas de vigília, a ausência dele também a comprimia nos momentos que deveriam ser de descanso.

Ele sempre dissera que um dia viria a ser artista famoso e ouvindo a música dele tocando em todos os lugares nos últimos tempos, ela tinha a certeza de que ele não havia se importado em abrir mão de sua arte. O amor corrompido, o artista corrompido, o sono corrompido...

Ela sabia que seria inútil tentar voltar a dormir. Dali a pouco já seria mesmo a hora em que ela precisaria levantar-se. De um salto foi tratar da rotina matinal. O dia no escritório prometia ser duro, com várias reuniões previamente agendadas. Ela teve que caprichar no corretivo sob os olhos e lamentou que não houvesse maquiagem semelhante para os sentimentos.

Ficou pronta muito antes da hora de sair, assim havia tempo para usufruir da quase sempre inútil assinatura do jornal, que ela acabava lendo à noite, quando as notícias já estavam muito velhas. Por um instante, a palavra velha ficou brincando em sua mente, enquanto ela pensava em si mesma. O mundo talvez fosse melhor se as pessoas não sentissem tanta pena e raiva de si mesmas, ela pensou afinal. Na terceira página do caderno de cultura havia uma foto dele ilustrando uma pequena nota sobre seu próximo show. Era irritante que ele se fizesse assim presente de todas as formas. Angustiada, ela pensava que teria que evitar o mundo todo para se ver livre dele, pelo menos por aqueles quinze minutos que lhe cabiam.

Um outro café talvez trouxesse algum alívio e ela foi à cozinha. Do basculante, que dava para a área interna do prédio ela ouviu o rádio de alguém que, num irritante bom humor matinal, acompanhava o refrão da maldita música.

Não importava o trânsito caótico, não importavam o baixo salário, o trabalho frustrante, as broncas injustas do chefe, não importavam a violência, a guerra, não importava a solidão. Já seria demais pensar que a falta de reconhecimento para seu próprio talento não importava. Isso importava sim. Entretanto, infelicidade suprema era ela ser "ela" numa canção ruim composta por alguém que decidira pelo sucesso e pela fama, em detrimento da arte e do amor.

Suspirou, quis encher o peito de coragem, mas acabou enfiando o queixo no colo. Abriu a porta e saiu para mais um ensolarado dia de pesadelo.
Estou enjoada.

E ainda ouso sonhar em engravidar de novo. Acho que não agüentaria passar por tudo de novo.

No fundo, é tudo cansaço. Queria fechar os olhos e só acordar no ano que vem, quando uma fada-madrinha já tivesse resolvido tudinho por mim.

Como a probabilidade de isso acontecer tende a zero, acho que me satisfaria distribuindo meia dúzia de tabefes em fuças bem selecionadas.

Mas sou moça de boa família. Tudo o que faço é acionar advogados, abrir processos e escrever insanidades no blog.
Doce delírio

9.3.03

Ir a Modern Sound é complicado.

Vou planejando voltar com um disco e acabo trazendo muito mais.

Ontem fui procurando o CD do Monobloco. Acabei trazendo também um Norah Jones (a curiosidade matou o gato!), EletroPixinguinha XXI e uma trilha sonora de filme da Disney para o moleque que "adooooooora" aquela loja.

E ontem ainda foi dia de travessuras e gracinhas.

Mãe que se preze vive mandando o filho tomar banho e filho que é filho foge disso como o diabo da cruz. Pois já estava chamando pela terceira vez, só usando o poder da voz, quando resolvi fazer uma pressão presencial. Encontrei a pequena e amada criatura literalmente algemada a um móvel de seu quarto com a finalidade de evitar tão molhado destino. Atire a primeira pedra a mãe que conseguir manter-se séria diante de tal quadro.

Mais tarde, num papo furado depois de um almoço churrascado regado a chope, um amigo pergunta por que, afinal, eu não dirijo. Antes que eu pudesse formular uma resposta leve, que fugisse aos reais motivos que envolvem, entre outras coisas, consciência ecológica e cidadania e que não cabiam ali no momento, o guri me detona:

- Minha mãe não dirige porque bebe.
Dá gosto ter uma amiga assim!

Imperdível, principalmente para quem vive reclamando da mesmice na música.