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3.4.03

LIÇÕES INQUESTIONÁVEIS?

Você é daqueles que repetem as lições de D. Maricotinha, sua professora do primário, como verdade absoluta? Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 22 de abril de 1500? Graham Bell inventou o telefone? Tem certeza? Você admite a idéia de que questionamentos empurram a humanidade para a frente ou acha que esta história de ser cético muito torturante e prefere ficar bem quietinho no seu canto repetindo que Copérnico, Galileu Galilei e Darwin são uns chatos desmancha-prazeres?

Pois eu sempre achei D. Maricotinha muito simpática e carinhosa, mas que se até muitas das coisas que Mamãe me ensinou não eram bem daquele jeito, porque eu teria que ter fé cega na minha professorinha?

Quero abrir uma nova série por aqui e quero contar com sua colaboração.

Para inaugurá-la, Antonio Meucci, o inventor do telefone.

O Congresso norte-americano já corrigiu o erro histórico e os parlamentares reconheceram o florentino Antonio Meucci como o verdadeiro inventor do telefone. O escocês Alexander Graham Bell seria um oportunista que se aproveitou do trabalho de Meucci, um imigrante miserável que não tinha um tostão para pagar o registro de patetente de seu invento. O governo canadense discorda desta versão e defende Bell. D. Maricotinha também.

Saiba mais:

http://www.uol.com.br/debate/1109/cadd/cadernod05.htm
jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernos/domingo/ 2002/06/29/jordom20020629008.html
www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020620/ vid_mat_200602_9.htm
epoca.globo.com/edic/214/peri2a.htm
http://www.fotonadia.art.br/ameucci/
http://www.rnw.nl/parceria/html/so020618bell.html
http://planeta.terra.com.br/arte/arteculturanews/art262.htm


Que versão dos fatos você prefere?

A cultura do respeito à vida exigia que a impiedade se ocultasse na sombra da virtude. A infração assassina se estruturava de tal maneira que o nexo entre a causa e o crime se tornava inteligível à luz dos princípios éticos dominantes. Outra coisa são os crimes sem razão ou por razões morais irrelevantes. Nesses casos, o abismo entre a causa e o crime é tão profundo que não temos como entender, do ponto de vista moral ou emocional, o que aconteceu.

Nos dias atuais, é justamente isso que horroriza. As razões pelas quais se mata são tão irrisórias ou mentirosas que, frequentemente, somos levados a pensar que só há duas saídas: ou damos as costas ao que vemos ou desejamos que a lei do talião venha massacrar a baixeza, o cinismo e a brutalidade dos matadores. Em outras palavras, estamos prestes a jogar para o alto séculos de cultura humanitária, em favor de um mundo cuja escala moral é a sarjeta.


(trecho do texto maravilhoso de Jurandir Freire Costa , que encontra-se na íntegra aqui; dica do Repórter Mosca)
E por falar nisso:

Mutante
(Rita Lee)

Juro que não vai doer se um dia roubar
o seu anel de brilhante
Afinal de contas eu dei meu coração
e você pôs na estante
Como um troféu no meio na bugiganga
você me deixou de tanga
ai de mim que sou romântica
Quando eu me sinto um pouco rejeitada
me dá um nó na garganta
Choro até secar a alma de toda mágoa
depois eu passo pra outra
Como um mutante
no fundo sempre sozinho
seguindo o meu caminho
ai de mim que sou romântica
Kiss me Baby, Kiss me
pena que você não me quis
Não me suicidei por um tris
ai de mim que sou assim

Sou um ser mutante.

Assim, vou passando de fase para fase continuamente e quase sempre gradualmente. Entretanto, algumas vezes, sou capaz de detectar o momento exato do fechamento de um ciclo. Acontece agora.

Outras vezes, percebo que um relacionamento se exauriu. Não houve brigas ou confrontos, simplesmente as pessoas evoluem em direções diversas. E entra lei tostines. Você não vai perdendo o lastro porque a vida puxa para longe. A vida puxa para longe porque o lastro se perdeu.

Num momento e no outro, é preciso exercitar o desapego, deixar ir, arejar, abrir espaço para o novo.

Os mutantes são capazes de fazer isto sem grandes dramas.

2.4.03

Informação inútil, mas bonitinha:

Tesape, em guarani, significa iluminação, radiação, raio de luz.

Tesape para todos nós, então.
Acho engraçado pessoas que, mesmo depois de velhas, quando os argumentos acabam apelam:

- Boba, feia, chata!
Para arejar e dar um tempo nas grandes questões mundiais: colette!

1.4.03

31.3.03

Ráutchubi a carioca II

Olha, eu sou dura na queda, mas ando bem balançada. Tenho recebido e-mails de pessoas dos EUA que viram um programa que passou aí com aquele meu amigo que foi assassinado em janeiro. No fim do tal programa (minha irmã e o irmão dele, com quem ela é casada, acabaram de receber uma cópia em fita) há uma nota dizendo que ele faleceu pouco depois da gravação. É onde ele aparece como o carioca típico, feliz, em boa forma, trabalhando duro como professor de Educação Física, aproveitando a vida... As pessoas vêem aquele homem lindo, sarado, contente que só ele e logo depois uma nota sobre sua morte e correm para a Internet para saber o que houve e acabam me encontrando no blog. Como explicar que agora ser carioca típico também implica em morrer assasinado sem razão?

Ontem eu fui à missa de sétimo dia da Gabriela, a menina que morreu ao ser atingida por uma bala perdida durante um assalto a uma estação do metrô. Fui pelo Fábio, fui porque como mãe não consigo alcançar o que seja a dor de pais que perdem uma filha desta maneira estúpida, fui porque o assassinato aconteceu na minha estação de metrô, fui porque eu amo esta terra - caramba! - e quero andar pela rua (e estar em casa) com segurança.

Além de uma visível consternação de todos, havia no ar um clamor pelas providências,
pela punição dura dos culpados, por mais que uma mensagem de pêsames por parte da governadora mentiRosinha. Por todo lado lágrimas, branco e revolta.

Ainda durante a celebração da missa (na verdade, um culto ecumênico) foram anunciadas mais duas cerimônias-manifesto (uma pelo juiz assassinado no ES - dia 3/4 paróquia N. S. de Loudes em Vila Isabel; outra pela paz em geral - próximo sábado, a partir das 10:00 na Praça Saens Peña). Devo ir também às duas.

Porque há pouco mais a fezer além de prestar muita atenção para as próximas eleições e continuar se manifestando, mostrando o profundo descontentamento, protestando e rezando, rezando muito, muito, muito...
Ráutchubi a carioca I

Outono no Rio
(Ed Motta/Ronaldo Bastos)

Me dê a mão
Vai amanhecer
Juntos pela madrugada
Luz, contra-luz
Sobre os Dois Irmãos

Pra mim
Há um lugar para ser feliz
Além de abril em Paris
Outono, outono no Rio

No seu olhar
Já se fez manhã
Vamos logo a Guanabara
Vai se fechar
Vou levar você
Pra mim...