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7.8.03

Recebido por e-mail
(não sei quem é autor, se você souber, por favor, avise, que merece todo o crédito)

Frase do Dia:

"Briga de audiência é foda. Sílvio Santos diz que vai morrer, aí o Roberto Marinho vai e morre primeiro."
Lembro do Pida desde sempre, da porta da escola, do ponto de ônibus, dos finais de tardes, quando, de banho tomado para esperar Papai e Mamãe que já iam chegar do trabalho, a empregada nos subornava com doces para que com brincadeiras de correr não nos sujássemos e desmantelássemos.

Era sempre uma deliciosa emoção infantil vê-lo dobrando uma esquina e ouvir de longe: "Olha o doce. Quem ainda não pediu que pida."

Sempre tinha alguém bem-intencionado para dizer que o certo era "peça", mas o Pida docemente respondia que ele sabia, mas que tinha iniciado a carreira falando errado e aquela tinha virado sua marca registrada. Nunca soube seu nome verdadeiro, mas dizem que, com seu pregão analfabeto, o Pida fez de todos os filhos doutores.

Depois de adulta comecei a reparar em flexões que crianças pequenas e pessoas de pouca instrução formal utilizam e tenho a impressão que são mais intuitivas ou vêm do português arcaico, mais parecido com o espanhol, mantido em áreas que permaneceram por muito tempo isoladas da corte.

Maninho parece diminutivo de hermano, não de irmão. Algumas pessoas no interior ou nordeste brasileiro utilizam entonces no lugar de então e petcho no lugar de peito.

Hoje estou sendo apresentada à música de Juanes e sua premiadíssima "A Dios le pido" do CD recordista do Grammy Latino Un Día Normal, sobre os quais eu tinha apenas lido.

6.8.03

Os maus não estão proibidos de entrar no céu. Somente os bobos estão impedidos de ali penetrar, pois são incapazes de admirar as complexas belezas do Paraíso. Não existe maior ofensa ao Criador do que não lhe reconhecer o mérito, a competência.

(Jorge Luís Borges, citando Emanuel Swedenborg)

5.8.03

Antes, respondia àquela pergunta dos sem-assunto com um não.

Agora respondo cantando:

Eu e a Brisa
(Johnny Alf)

Ah! se a juventude
Que esta brisa canta
Ficasse aqui comigo mais um pouco

Eu poderia esquecer a dor
De ser tão só
Prá ser um sonho...

Dai então , quem sabe alguém chegasse
Buscando um sonho
Em forma de desejo...
Felicidade então prá nós seria


E , depois que a tarde
Nos trouxesse a lua
Se o amor chegasse
Eu não resistiria
E a madrugada acalentaria

A nossa paz...

Fica ...
Oh! brisa fica pois talvez quem sabe
O inesperado faça uma surpresa
E traga alguém que queira te escutar
E junto a mim , queira ficar...
Pobre blog abandonado...

E imagino que ao verem este espaço assim entregue às moscas pensem que nada acontece, que nada tenho a dizer, que nada interessante tenho visto, ouvido, provado... Pelo contrário. É quando a vida fica mais atribulada e/ou interessante que preciso silenciar por aqui.

Minha mãe me entregou, no final de semana uma folha retirada de um jornal de 1937. Ali, o proclama do casamento da minha avó e do meu avô. Também consta desta relíquia familiar os nomes completos dos meus quatro bisavós maternos, que eu não sabia. Estou pensando em uma restauração porque quero deixar isso em boas condições para ele.

O papel estava entre as coisas da minha tia-avó, detentora da nossa história ancestral, falecida há um par de anos. Seu filho mais velho, Tio Carlinhos, ficou como guardião do legado (que se tinha tal documento deve ter outras coisas incríveis). Bem, o Tio Carlinhos não era meu tio. Ele era primo da minha mãe, portanto meu primo em segundo grau, mas como era mais velho, este foi o tratamento carinhoso que adotamos para ele. Ele se foi há alguns meses e a caixa de família foi parar com a próxima na seqüência etária, minha madrinha. E foi ela que achou que o material estaria mais adequado nas mãos minha mãe, já que eram os nomes dos antepassados desta que estavam ali. E quem freqüenta este blog há muito tempo e chegou a testemunhar meu biso e ecos do seu tempo ilustrando este espaço, imagina que não foi o simples fato de eu ser a primogênita que fez o jornal vir parar aqui em casa.

Tudo isso pode parecer bobagem, mas acho interessantes as marcas, os rastros que os seres humanos deixam de sua passagem por esta terra. No mesmo encontro com minha mãe, ela mostrou o livro do Tio Carlinhos. Como contei por aqui na época de seu falecimento, ele pôs o ponto final no tal livro pouco antes de sair para jogar bola e ter um ataque cardíaco fulminante. O livro falava justamente sobre a praça onde isso aconteceu e o lançamento póstumo da obra foi também ali, na praça que agora tem o nome dele.

Na mesma Vila da Penha, o pedreiro Evandro, aquele que montou uma biblioteca comunitária em sua garagem, escreve um livro. É justamente sobre as pessoas importantes mas anônimas que passaram pelo bairro. Talvez o nome do meu tio figure no livro do Evandro.

Penso nessas coisas e imagino se algo na minha vida valeria uma citação num livro desse tipo...