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7.8.03

Lembro do Pida desde sempre, da porta da escola, do ponto de ônibus, dos finais de tardes, quando, de banho tomado para esperar Papai e Mamãe que já iam chegar do trabalho, a empregada nos subornava com doces para que com brincadeiras de correr não nos sujássemos e desmantelássemos.

Era sempre uma deliciosa emoção infantil vê-lo dobrando uma esquina e ouvir de longe: "Olha o doce. Quem ainda não pediu que pida."

Sempre tinha alguém bem-intencionado para dizer que o certo era "peça", mas o Pida docemente respondia que ele sabia, mas que tinha iniciado a carreira falando errado e aquela tinha virado sua marca registrada. Nunca soube seu nome verdadeiro, mas dizem que, com seu pregão analfabeto, o Pida fez de todos os filhos doutores.

Depois de adulta comecei a reparar em flexões que crianças pequenas e pessoas de pouca instrução formal utilizam e tenho a impressão que são mais intuitivas ou vêm do português arcaico, mais parecido com o espanhol, mantido em áreas que permaneceram por muito tempo isoladas da corte.

Maninho parece diminutivo de hermano, não de irmão. Algumas pessoas no interior ou nordeste brasileiro utilizam entonces no lugar de então e petcho no lugar de peito.

Hoje estou sendo apresentada à música de Juanes e sua premiadíssima "A Dios le pido" do CD recordista do Grammy Latino Un Día Normal, sobre os quais eu tinha apenas lido.

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