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5.10.12

Mariene de Castro
 Muito prazer em conhecê-la



Fiquei admirada com o show da Mariene de Castro ontem no Imperator. Finalmente fui conferir sua performance ao vivo, depois de tantos links recebidos, de tantos elogios rasgados, de tanta admiração que causa em alguns dos meus amigos.

Velha conhecida de outros tempos, foi o primeiro show a que fui assistir naquela casa do Méier depois de sua reinauguração. Já me surpreendi quando me dei conta, ao comprar os ingressos no final de semana, que o espaço estava praticamente lotado. E ontem foi o que vi: casa cheia!

Mariene tem um público que canta as músicas de seu repertório a plenos pulmões. E não estou falando apenas dos clássicos que ela regravou, mas também de suas novas canções. As arquibancadas montadas pareceram inadequadas para um público que não se continha sentado, dançando como dava, com os braços levantados, batendo palmas, gingando nas cadeiras fazendo a estrutura balançar. Muitos se espremeram pelos cantos onde era possível ficar de pé para mexer o esqueleto mais livremente.
Ela não tem pudores de brilhar no palco, que domina e ocupa lindamente. Sua voz é poderosa e sua presença em cena é impressionante. Ela gesticula, gira, levanta a saia, balança a cabeleira, se lambuza de purpurina... Voltei pra casa com uma enorme vontade de também encher de pequenos pontos dourados meu pixaim.

A baiana é soberana quando canta a música de sua terra. Talvez o clima de adoração da platéia seja um tantinho exagerado, passando dos limites ao disparar os tradicionais elogios a cada pausa, gritando ao pé do palco para tocar a diva ao fim do espetáculo, admirando e emocionando a intérprete com aplausos de pé no meio do show. Mas é inegável seu carisma.

A questão é que vivemos uma época de remakes, de releituras. Tem sempre alguém que traz na manga a ideia de preencher um trono vazio com um novo nome. Assim, vemos Maria Rita regravando o repertório de Elis. Da mesma forma, Mariene canta Clara Nunes. Como ela mesma diz, sempre foi comparada com a mineira, mas sua influência na carreira da baiana é perceptivelmente menor do que podem fazer crer os elementos da religiões afro-brasileiras, o orgulho da carapinha e o charme que enverga. Embora entoe com dignidade o que a Guerreira cantou, percebe-se que não foi ali que seu talento foi forjado e se percebe uma leve insegurança. Já nos momentos em que abraça Caymmi, Edson Aluísio e Geraldo Pereira, sua estrela eclode.

Com participações de Diogo Nogueira e Arlindo Cruz, o público teve todas as oportunidades de se esparramar. Seja embalando os versos de “Meu Lugar” com Arlindo em pleno subúrbio, seja sacando centenas de câmeras para fotografar e filmar freneticamente a presença de Diogo. Foi enquanto esses astros estavam em cena que Mariene mostrou que possui uma qualidade rara nos dias que correm: a humildade. Foi uma beleza observá-la tocando prato à moda do Recôncavo, ali sentadinha e calada, para seus convidados sobressaírem-se.

Ainda faltar certa cancha à artista, especialmente para lidar com os excessos da platéia. Mas foi uma saída digna cantar o Hino do Nosso Senhor do Bonfim quando uma senhora perdeu a linha e começou a dar piti. E ficou mais bonito quando Toninho Gerais se levantou para prestar solidariedade a ela, na beira do palco onde se agachou para beijar a mão dele e abraçá-lo, cantando juntos.

Além da alegria de reencontrar o Imperator tinindo, uma nova estrela e alguns amigos e conhecidos, talvez o que melhor resuma a noite seja o comentário de meu acompanhante, Mr. R: “Acabamos de assistir a um show gospel, só que invés de evangélicos, quem veio foi o povo de santo.”

26.9.12

LUHLI É SHOW!



A letrista, compositora, violonista e percussionista LUHLI é homenageada no Rio de Janeiro por grandes nomes da música brasileira, no próximo dia 28 de setembro. Sua parceira LUCINA, JOYCE MORENO e MARIANNA LEPORACE (participação de Sheila Zagury) subirão ao palco para reverenciar a ruiva e seus 45 anos de carreira.

A artista, com músicas gravadas por Nana Caymmi, Joyce, Wanderléa, Tetê Espíndola, Rolando Boldrim, Zélia Duncan, Secos & Molhados e, principalmente, Ney Matogrosso (“O Vira”,“Fa
la”, “Pedra de Rio”, “Aqui e agora”, ”De Marte”, “Êta nóis!”, ”Me rói”,“Coração Aprisionado, “Chance de Aladim” e “Bandolero”), terá sua obra celebrada em grande estilo.

Vamos lembrar e conhecer mais sobre sua ativa participação no movimento ecológico, na resistência cultural, suas apresentações em shows por todo o Brasil e no exterior, sua participação em projetos de espetáculos com outros artistas, seus arranjos para coral, trilhas sonoras, direção musical de shows e discos, seus presentes musicais por encomenda, seus livros, seus desenhos, enfim, toda sua produtiva inquietação artística.

Alguns de seus livros e CDs estarão à disposição para venda durante o evento. Chegue cedo para assegurar o seu exemplar.

Lembramos ainda que é bom garantir logo o seu ingresso. Eles estarão à venda na bilheteria do Centro de Artes Nós da Dança ou a partir de agora com Danny Reis, Carla Cintia Conteiro, Danilo Davila, Denilson Santos e Tony Pelosi.

Vai ser uma grande festa!

Esperamos você lá!





Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1138, sobreloj
Copacabana - Rio de Janeiro





28/09/2012 (sexta-feira) às 21h

Ingressos a R$ 25,00

17.4.12

Sob o domínio do mau gosto

Ao ver o colunista do jornal pensamento único carioca cuspindo marimbondo contra a hegemonia da nova classe média, muita gente que até então guardava algum pudor, resolveu botar todo o seu rancor pra fora.

É tão século vinte reclamar da hegemonia deste ou daquele gênero de música ou outra qualquer forma de entretenimento. Isso fazia sentido quando os modismos vinham em ondas, especialmente a partir do final da década de 80. A cada, digamos, cinco anos, as rádios e as emissoras de TV ocupavam todos os espaços apenas com brega, ou só com pagode mauricinho paulista, então unicamente sertanejo, seguido de axé music... Naquela era longínqua, a gritaria até fazia sentido. A TV a cabo ainda não era parte da vida brasileira. Internet, então, nem pensar.

Mas, hoje em dia, quem não gosta do que vê (ou ouve) na TV aberta, pode escolher entre os canais da TV fechada. Se não gostar de ver ali o filme dublado, é só lembrar que alguns canais já colocam à disposição a possibilidade de escolha, com som original e legenda. Mas se nem isso for satisfatório, é só ir para a Internet. A programação do rádio está irritante ou tediosa? Baixe alguns podcasts e leve pra cima e pra baixo no seu gadget favorito. Isso e mais infinitas possibilidades.

Ao reclamar do mainstream, atualmente reduto da recém-inflada classe C, pode-se pensar que está comunicando aos seus pares que se tem gosto sofisticado, mas, na verdade, se está passando recibo de que ainda não acordou para o fato de que vivemos numa época de cultura de nicho. Isto quer dizer que todo mundo tem meios de encontrar o que combina com seu gosto por aí, não precisa contar apenas com o que pinta na/n’O Globo. “Cai na estrada e perigas ver.”

Claro que dá para continuar reclamando, mas é bom ter consciência de que quando se fala de alguma coisa, menos do que daquele assunto, contamos de nós mesmos. Não seria melhor deixar de passar a impressão de caretice, esnobismo, fascismo e obsolescência e optar por uma postura mais produtiva? Assim, quem acha que os meios de comunicação estão falhando ao não divulgarem o que se considera bom e merecedor de repercussão poderia mostrar um pouco do refinamento da sua inteligência privilegiada e do esmero da sua educação formal ao usar o espaço atualmente empregado em resmungos contra a chegada do mau gosto (dos seus irmãos brasileiros) ao paraíso do consumo para mostrar o que aprecia.

Tem espaço pra todo mundo. Cada um que ache o seu. O da antiga classe média não é no mainstream, local onde se bajula a maioria consumidora, atualmente os 50% dos brasileiros da classe média emergente. Isso, entretanto, não significa que aqueles que eram chamados de doutores pelos miseráveis até tão pouco tempo estejam culturalmente desabrigados. Da mesma forma que a cultura popular sempre viveu à margem por não ser consumidora, estas pessoas estão encontrando novas formas de consumir e divulgar seus valores. Mas não se tornarão marginais como eram os outros, apenas migram para seus respectivos nichos.

Como se dizia naquela que é evocada como época de ouro da grande cultura, “cada macaco no seu galho”.

***

Manifesto Antropófago

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.
O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.
Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.
Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.
Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.
Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.
Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.
A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.
Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre.Montaigne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos..
Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.
Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.
Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe : ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.
O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.
Só podemos atender ao mundo orecular.
Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.
Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vitima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.
Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.
O instinto Caraíba.
Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.
Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.
Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.
Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.
Catiti Catiti
Imara Notiá
Notiá Imara
Ipeju*
A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.
Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comi-o.
Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?
Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César.
A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue.
Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.
Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cairu: – É mentira muitas vezes repetida.
Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.
Se Deus é a consciênda do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais.
Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário.
As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo.
De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia.
O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas+ fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa.
É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci.
O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso?
Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.
Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.
A alegria é a prova dos nove.
No matriarcado de Pindorama.
Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.
Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.
Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI.
A alegria é a prova dos nove.
A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura – ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo – a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.
Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.
A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase típica de D. João VI: – Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.

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OSWALD DE ANDRADE

Em Piratininga
Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha
(Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)


19.3.12

Ricardo Pessanha

(Palestrante)




Catálogo da Editora Temple University Press anunciando o lançamento da terceira edição americana do livro "The Brazilian Sound". O livro teve ainda outras edições na Inglaterra, na França, na Alemanha e no Japão.




CARLA CINTIA CONTEIRO
(PROPONENTE / COORDENADORA DO PROJETO)


Lançamento do livro "Fel - Amargando Felicidade" na FLIP - Paraty, 2010:








Recebendo o Prêmio Internacional da União Brasileira de Escritores na Academia Brasileira de Letras
("Fel - Amargando Felicidade recebeu o Prêmio Paulo Mendes Campos como melhor livro de crônicas de 2010):





Revista Raça Brasil: janeiro 2011:


Capa do livro "Cronicidades" (com vários autores) - Incult - 2012:




Revista AG - Jornal A Gazeta ES - 30/05/2010:


Notícia sobre o lançamento do livro "Acaba Não, Mundo":


Convite para o lançamento do livro "Acaba Não, Mundo", no Rio de Janeiro. Houve coquetel de lançamento também em São Paulo, Brasília, Fortaleza e Belo Horizonte:

Livro L'âme brésilienne de Caetano Veloso, parceria com Ricardo Pessanha, Coleção Voix Du MOnde, Editions Demi Lune, França, 2008:

Portfolio Samba de Benfica


SAMBA DE BENFICA



Jornal O Globo, 27/01/2012.


Jornal EXTRA, 27/01/2012
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"Samba de Benfica" toca com diversos artistas na feijoada do Clube do Samba, inclusive com Diogo Nogueira.



"Eu sei de uma roda de samba / que é bom pra caçamba / e pra corda também / É onde se canta a alegria / É lá em Benfica / Então vem, meu bem." (música de Virgílio Santos)




"Samba de Benfica no Museu de Favela na homenagem a Bezerra da Silva. Morro do Cantagalo.



Mesa cultural do "Samba de Benfica". Culto à música, à literatura, ao cordel..

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"Samba de Benfica" tocando no Rua do Mercado, Centro do Rio.





"Samba de Benfica se preparando para tocar no "Trem do Samba".


"Samba de Benfica" tocando na abertura da exposição da artista plástica Patrícia Brasil co Centro Cultural Laurinda Santos Lobo.



"Samba de Benfica" com a equipe de produção e amigos, inclusive a artista plástica Patrícia Brasil, na abertura de sua exposição no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo. O quadro ao fundo foi inspirado no "Samba de Benfica".



"Samba de Benfica" na Gafieira Estudantina



"Samba de Benfica" em seu habitat, Benfica.





1.3.12


Tá na rua!

Saiu o novo livro com crônicas minhas, o CRONICIDADES.
Já à venda em versão impressa ou e-book.

"A InCult Produções Culturais promoveu, entre os meses de julho e agosto de 2011, o projeto Escritores Independentes. Nele, 50 pessoas foram selecionadas e escreveram juntas o livro de crônicas Cronicidades.

O objetivo principal do projeto é promover autores e escritores de crônicas desconhecidos do grande público através da publicação de um livro com textos inéditos."

29.2.12

Que coisa boa é a chegada de mais um livro com textos meus!

Os textos abaixo, são, respectivamente a dedicatória e a orelha do "Cronicidades" que daqui a menos de 1 dia estará prontinho, prontinho! Vai aí só um aperitivo, para dar água na boca...

"Sabe, sonho? Sonho no sentido de estado de espírito, onde conseguimos ir a lugares inusitados, desconhecidos e ao mesmo tempo conhecer e nos relacionar com pessoas que nunca vimos? Sabe, sonho? Sonho no sentido de almejar ser ou possuir algo, concretizar e vivenciar experiências, situações? Sabe, sonho? È como podemos definir o nosso “Cronicidades”. O projeto é o sonho, não de uma, mais de muitas pessoas envolvidas no processo: da Incult, representada pelos sonhadores, Nathália Lima, Jorge Nunes Chagas e Tatiana Garritano; do Clube de Autores; dos 50 escritores desse livro, dos outros milhares de escritores que enviaram seus textos; dos amigos que acreditaram e estimularam nossas imaginações; dos profissionais de comunicação, como nosso querido Márcio Ricardo que criou a linda logomarca da produtora online; e enfim, de todos aqueles que acreditam que podemos, sim, escrever a nossa cultura de uma forma mais bonita.

Crônicas, cidades..., não imaginaríamos outro nome para nossa antologia, além de “Cronicidades”. Afinal, são 100 crônicas, de 50 autores, de diversas cidades, de todo o Brasil. Escritores, contadores de histórias, homens, mulheres, brasileiros, gente do bem. O projeto “Escritores Independentes” nasceu. Em sua primeira edição, ganhou força, ganhou respeito, ganhou adesão, ganhou o Brasil, quiçá o mundo. Agora, ganha forma e te permite viajar por histórias que te farão sentir o prazer de sonhar com um bom livro!!"

“Toda pessoa normal tinha que ter um fã.”

(Ivete Sangalo, no “Altas Horas”, após receber a ajuda de um fã para lembrar o nome de um dos seus CDs, citada na Revista da TV d’O Globo em 26/02/2012.)

Olha, fã eu não sei, mas devia ser um dos itens listados na Declaração dos Direitos Humanos alguma coisa como:

Toda pessoa humana tem o direito inalienável de ter orbitando por sua vida e orbitar a vida de amigos que:

  1. Perguntem: “Mas, e você, como está se sentindo no meio disso tudo?” ou “Você já parou pra pensar o que isso que dizer, né?”
  2. Deem, com toda doçura, feedbacks desconcertantes, que deixam você pensando por dias, ao falar de coisas que observam a seu respeito, boas ou nem tanto, e que outras pessoas também podem estar vendo ou não, mas simplesmente não tem a lindeza de dizer.
  3. Alegram e emocionam a gente simplesmente sendo como são.
  4. Sempre sabem qual é a boa, contam pra você e têm um talento agregador enorme, sustentado em muito carisma e boa-gentice.
  5. Estejam presentes em casamentos, batizados, formaturas, premiações, visitem no hospital, vão ao seu velório e nos lançamentos dos seus livros.
  6. Choram e riem, mas nunca deixam de tentar/amar/levantar/cair/criar de novo.

27.2.12

Equilíbrio

Depois que ouvi aquele samba ontem, não consegui mais tirá-lo da cabeça. Ele toca no meu desktop nesta segunda-feira em que as pessoas estão se desejando feliz ano novo, numa referência ao final do Carnaval, segundo diz a lenda, a época em que o ano realmente começa no Brasil.

É sempre uma piada divertida, mas adquire tons irônicos para quem, como eu anda trabalhando muito, não tira férias há tanto tempo, acumula função sobre função sobre função. E ainda assim eu sambo. E sambar é um verbo que se desdobra em outros: encontrar, sorrir, brincar, brindar, abraçar, além de, logicamente, cantar e dançar.

Ontem citei a Regina Casé, ao dizer que a felicidade está no real. Hoje complemento dizendo que a felicidade está no equilíbrio. Sambar depois do trabalho (enquanto o samba não vira o trabalho definitivamente). Sonhar sem perder o chão. Buscar o que se quer desde que não se vá magoar alguém (incluo-me aí). Trabalhar ouvindo aquele samba tocar sem parar, nos fones ou só dentro da cabeça, e ainda assim, não perder a concentração.

Bom dia, boa semana, feliz ano novo!

24.1.12

Bezerra no Cantagalo


Meninos, eu vi. E fui ver porque sou dessas. Sou de falar do que vivi e não apenas do que vejo na TV, leio nos jornais, revistas e internet. Já estava passando da hora de conferir in loco a cerzidura da cidade partida. Aproveitei o bom motivo e a boa companhia e, pela primeira vez, “subi o morro cantando”. Era uma homenagem ao sambista Bezerra da Silva no Morro do Cantagalo.

Só a homenagem a um personagem como Bezerra da Silva é, em si, uma ideia que atiçaria meus gostos rebeldes. Ele cantou a marginalidade, a opressão policial, as dores e delícias da malandragem como ninguém e desde sempre despertou minha simpatia e curiosidade. Quando recebi o convite para participar do evento no pacificado Cantagalo, nem pisquei, topei na hora. A programação incluía a apresentação da minha roda de samba favorita, o Samba de Benfica, o lançamento de cordel “A Chegada de Bezerra da Silva no Céu” de Vitor Alvim (Lobisomem) e a exibição do curta “Coruja”, sobre o homenageado, seguida de debate com os compositores que forneceram material para o repertório de Bezerra. Tudo isso em um local que já me fisgou pelo nome: Museu de Favela. Programão imperdível, portanto.

Coisa mais linda a vista que se abre enquanto subimos o elevador panorâmico que leva aos píncaros da comunidade. Ali mesmo, na passarela que liga o elevador às vielas, o samba começou. E foi com alegria que constatei que as letras de alguns deles vão ficando como registro de um passado do qual não sentiremos saudades, como em “Nomes de Favela” de Paulo César Pinheiro (“O galo já não canta mais no Cantagalo / A água já não corre mais na Cachoeirinha / Menino não pega mais manga na Mangueira / E agora que cidade grande é a Rocinha! / Ninguém faz mais jura de amor no Juramento / Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus / Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres / E a vida é um inferno na Cidade de Deus”) . Parece que vai ganhando espaço na realidade da cidade o otimismo de Martinho da Vila em “Quando Essa Onda Passar” (“Quando essa onda passar / Vou te levar nas favelas / Para que vejas do alto / Como a cidade é bela / (...) / Pegar o Mané do Cavaco / E levar pra uma roda de samba”). Sei que a perfeição está distante e talvez nós, humanos, jamais cheguemos a ela, mas “a onda” está passando.

Olhos curiosos apareciam nas janelas, nas curvas das vielas, no alto das escadas, nos parapeitos das lajes. Algumas crianças tentavam palavras em inglês conosco, achando que éramos gringos. Mas não estávamos lá em safári antropológico, montados em jeeps. Fomos com os pés no chão e o coração na boca. Queríamos aprender com as diferenças e descobrir as semelhanças. Assim, a desconfiança e o estranhamento no olhar foram cedendo espaço para sorrisos e gentilezas. O pessoal do Museu de Favelas é tão bacana, prestativo, atento e carinhoso que seria ótimo se fossem dar umas aulas para equipes de outros pólos culturais da cidade. O negrinho do morro, todo trabalhado no funk, observava interessado enquanto a moça branca do asfalto lhe mostrava como tocar samba. A dona do quiosque explicava como conseguiu aquele penteado tão descolado. Uma pequena multidão de moradores se formou para mostrar o caminho quando pedimos informação para um rapaz que bebia sua cerveja na porta de casa.


O sol se pôs ao lado dos Dois Irmãos pintando aquela paisagem deslumbrante enquanto samba, poesia popular e cinema enriqueciam nossa alma. Mais que tudo, aquela tarde quente na laje, aquele início de noite fresca lá no alto, é mais um bem-vindo capítulo na aproximação dos habitantes da cidade. E, quem sabe, a gente consiga mais facilmente se dar conta de que nós, os do morro e os do asfalto, somos os dois irmãos.


(Veja as fotos.)