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12.6.02

Você não vai lembrar. Para falar a verdade nem sei se percebeu. Porque este também é um de seus encantos: fazer magia sem sequer se dar conta.

Era uma destas festas infantis em que os animadores insistem para que os convidados adultos também brinquem. E quem está de bem com a vida, geralmente faz um doce, finge certa contrariedade, mas cai na farra e se diverte.

Havia uma plataforma de madeira no chão onde as crianças aprontavam. Uns 12 metros quadrados talvez. Mas não havia ninguém com menos de 16 anos por ali. Apenas casais. Alguns formados ali naquele momento para a brincadeira, outros namorados, noivos, amásios, casados...

O jogo consistia em separar os pares e cada um tinha que dançar para longe do parceiro. As animadoras ficavam ali pelo meio para garantir a distância regulamentar. Quando a música parasse, um tinha que ir na direção do outro e abraçá-lo. O casal que se unisse por último em cada rodada era retirado do jogo. Era preciso manter a concentração e a sintonia com o parceiro. Olho no olho era fundamental.

Assim saíram imediatamente os casais formados para a ocasião, depois os namoricadores, foram-se os pares em atrito... E estávamos, por fim, eu e meu cavalheiro e os avós maternos da aniversariante sobre o tablado. E por me dar conta do que aquilo representava e porque era mesmo para ser assim, a música parou e eu não estava tão atenta. O outro casal se abraçou primeiro e comemoraram a vitória com beijinhos e risinhos. E eu fiquei olhando meio abobalhada porque apenas 30 anos de um casamento feliz e cúmplice tinha conseguido abater nossa dupla. E eu vi o carinho transbordando na comemoração de nossos adversários e pensei que se apenas aqueles dois tinham conseguido superar nossa harmonia, havia algo realmente significativo e especial entre nós.

E talvez pouquíssima gente entenda esta história.

FELIZ DIA DOS NAMORADOS!

11.6.02

Meu amor saiu (como diria Forrest Gump, again...) no jornal. Desta vez como consumidor de artes plásticas. O problema é que o jornal Valor Econômico não é aberto. Não basta o link para ler a matéria. É preciso fornecer uma senha para ter acesso. Aquela coisinha detestável, você sabe...

Bom, mas quem tiver acesso e quiser conferir a matéria é 'Papel de parede do universo executivo' do dia 05/06/2002 e está aqui.
Agora sim...

Finamente consegui entender os franceses que perseguiam os brasileiros repetindo "un, deux, trois, zero". Era uma previsão para a Copa do Mundo de 2002: três jogos, nenhum gol.

Au revoir, France.

10.6.02

Uma coisa que eu observo é que existe uma estrutura que acochambra os criminosos. Isso funcionava bem e era conveniente na época dos bandidos benfeitores, que estão extintos. Com a cumplicidade da população e a incompetência e corrupção policial foram criados feudos dominados pelos traficantes. Em seus domínios eles eram reis. Em pouco tempo, deixou de existir a necessidade de seduzir a população com paternalismo. Seu poderio bélico suplantou (ao menos aparentemente) o do poder instituído. O poder público perdeu o controle. Fica tudo mais ou menos em paz se ninguém ousar entrar em seus domínios. Esta é a organização básica. E as fronteiras, por mais absurdas que sejam, isolando a população honesta que não consegue um lugar melhor para morar, eram respeitadas e eram bilaterais. Onde não há aquele controle social que a humanidade demorou eras para construir, pululam e se criam hoje os reais bandidos, aqueles realmente maus, sociopatas e psicopatas.

E talvez o caso do jornalista Tim Lopes tenha servido para levantar o véu que cobria a história de um destes monstros. Sem que a população em geral soubesse, por trás de vários crimes creditados genericamente à violência urbana, na verdade estava um só indivíduo que conseguiu impor pelo medo uma liderança forte e protagonizar a maioria das barbaridades que temos acompanhado nos
jornais. Com a comoção causada (e fomentada pela Globo) com a morte do repórter, a cabeça deste criminoso vai ter que ser servida ao povo que já está farto.

Elias Maluco parace não ter avaliado devidamente o que significa torturar e assassinar um jornalista em serviço. Principalmente um mundialmente premiado e apadrinhado pela Vênus Platinada.

Fico revoltada, mas também otimista, porque creio que este seja o ponto de virada, o momento do basta.