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10.6.02

Uma coisa que eu observo é que existe uma estrutura que acochambra os criminosos. Isso funcionava bem e era conveniente na época dos bandidos benfeitores, que estão extintos. Com a cumplicidade da população e a incompetência e corrupção policial foram criados feudos dominados pelos traficantes. Em seus domínios eles eram reis. Em pouco tempo, deixou de existir a necessidade de seduzir a população com paternalismo. Seu poderio bélico suplantou (ao menos aparentemente) o do poder instituído. O poder público perdeu o controle. Fica tudo mais ou menos em paz se ninguém ousar entrar em seus domínios. Esta é a organização básica. E as fronteiras, por mais absurdas que sejam, isolando a população honesta que não consegue um lugar melhor para morar, eram respeitadas e eram bilaterais. Onde não há aquele controle social que a humanidade demorou eras para construir, pululam e se criam hoje os reais bandidos, aqueles realmente maus, sociopatas e psicopatas.

E talvez o caso do jornalista Tim Lopes tenha servido para levantar o véu que cobria a história de um destes monstros. Sem que a população em geral soubesse, por trás de vários crimes creditados genericamente à violência urbana, na verdade estava um só indivíduo que conseguiu impor pelo medo uma liderança forte e protagonizar a maioria das barbaridades que temos acompanhado nos
jornais. Com a comoção causada (e fomentada pela Globo) com a morte do repórter, a cabeça deste criminoso vai ter que ser servida ao povo que já está farto.

Elias Maluco parace não ter avaliado devidamente o que significa torturar e assassinar um jornalista em serviço. Principalmente um mundialmente premiado e apadrinhado pela Vênus Platinada.

Fico revoltada, mas também otimista, porque creio que este seja o ponto de virada, o momento do basta.

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