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16.12.05

KING KONG

Fui ontem assistir à pré-estréia de King Kong. Quem me conhece sabe que meu negócio não é filme de aventura. E eu saí da sala escura babando.

Claro que ganhar ingresso é delicioso, ainda mais com um pré-estréia bem produzida, com ambientação de mata, quando entramos no prédio sob de pássaros e outros bichos nos envolvem como também os galhos de árvore e as folhas espalhadas pelo chão que ficam ainda mais aliciante com a iluminação especial. Depois que o filme começou, a gente até perdoou o atraso no início da projeção. Afinal, a pipoca e o refrigerante também eram de graça e tínhamos o que fazer. Eu tinha grandes trunfos também: excelentes companhias. À minha esquerda uma criança de 10 anos e à direita alguém que sabe tudo de cinema e duas cadeiras adiante, uma das pessoas mais inteligentes que deste país.

Não sei quanto a você, mas em determinado ponto a gente acha que tanta produção pode ser para disfarçar alguma falha. Mas o filme começa e a gente instantaneamente simpatiza com a personagem da Naomi Watts. Jack Black consegue ser ótimo sempre. E o nariz torto e avantajado do Adrien Brody em sua excessiva magreza dá ao vencedor do Oscar um ar de desamparo que combina bem com a estranheza do personagem roteirista romântico e surpreendentemente bravo. E cada novo personagem apresentado é tri-dimensional e rico.

Entretanto é quando se chega à ilha - destino do inzoneiro diretor de cinema e todos os que por um motivo ou outro caíram em sua lábia - que a genialidade de Peter Jackson explode na tela, com diversos e apavorantes monstros, incluindo o mais feroz de todos, o ser humano. A fita se mantém num nível altíssimo de ação daí em diante, com espaços curtos e bem colocados para humor e romance, dominando a platéia de uma forma irresistível. Em algumas cenas, o menino ao meu lado quicava de emoção e de tão excitado, chegou a levantar-se e eu tive que puxá-lo de volta à cadeira e à realidade. O casal ao meu lado embevecia-se com a excelência de cinema raramente alcançada em todos os tempos. Da expressividade "facial" do grande símio aos grandes cenários, da reconstituição da Nova Iorque dos anos 30 ao destaque às diferenças entre as relações da mocinha com a besta e com o mocinho, tudo é maravilhoso e perfeito.

A clássica cena final é reconstituída brilhantemente, cheia de emoção e técnica. E o filme vai acabando e nos deixa com a sensação de que conseguiram melhorar o que já era muito bom. E quando as luzes se acendem e conferimos o relógio, levamos um susto ao constatar que mais de três horas se passaram e nem nos demos conta, tão arrebatados que fomos pelo rei de mais de 7 metros de altura e a musa que foi sua ruína.

King Kong é literalmente um blockbuster, mas no melhor sentido que a palavra pode assumir.