Pesquisar este blog

21.2.04

Total estranheza

Por que a Alcione, notória mangueirense, está cantando um samba-enredo antigo da Portela (Contos de Areia) que será levado para o Sambódromo pela Tradição?

20.2.04

E amanhã tem Fla-Flu.

Quando eu era pequena torcia pro Flamengo ganhar não só pelo time, mas também porque da vitória do time da Gávea dependiam os semanais humor, leniência e propensação ao sim do meu pai.

Agora tenho marido e filho rubro-negros. O moleque foi com o uniforme da equipe para o bailinho de carnaval da escola. Tem mais: estou de cara pro crime, pendurada sobre o Maior do Mundo. O grande clássico carioca pulsa forte. É carnaval, afinal.

E tenho que reforçar minha mandinga. O Flu vem com os quatro R's: Romário, Roger, Ramon e o Ridículo do Edmundo.

Estou torcendo por pelo menos um gol do Ivson.
O que será de mim quando o Império Serrano entrar na avenida cantando Aquarela Brasileira do Silas de Oliveira? Este samba me arrebata a alma, me arranca lágrimas sempre que o ouço. E não só por si - e olha que ele é uma coisa de lindo - mas por tudo o que evoca, seja historicamente*, seja nas minhas mais remotas lembranças
particulares.


Bacanal
(Manuel Bandeira)

Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!

Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada.
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé Momo!

Lacem-na toda, multicores
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- Vinhos!... o vinho que é meu fraco!...
Evoé Baco!

O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos.
Evoé Vênus!



* Aquarela Brasileira foi composto em homenagem a Ary Barroso, autor de Aquarela do Brasil, conhecido internacionalmente como hino informal do nosso país, simplesmente como Brasil. Ary faleceu no dia do desfile e a notícia chegou na hora que a escola entrava na avenida. Os componentes desfilaram em silêncio e chorando e o mais lindo samba-enredo de todos os tempos não ganhou o carnaval.

Muitos componentes seguiram direto para o funeral e, ainda fantasiados, carregaram o caixão de Ary.
Consegui uma receitinha quase básica de um dos meus favoritos:

LULAS COM ARROZ DE BRÓCOLIS

Ingredientes

30 ml de azeite
8 g de curry ou açafrão
10 g de pimenta preta
100 ml de vinho branco
20 g de limão
250 g de lulas
30 g de bacon
100 g de brócolis
10 g de alho (eu poria mais, muito mais)
30 g de arroz

Modo de fazer

Refogue o bacon em cubos até que fiquem crocantes. Ferva as lulas cortadas em anéis de 2 centímetros de espessura no vinho branco e no limão por aproximadamente 5 minutos ou até começarem a dourar. Dissolva o curry no caldo. Em seguida, adicione tudo ao refogado de bacon, deixando pelo menos 15 minutos. Cozinhe o brócolis em água fervente. Refogue o arroz com alho e azeite. Quando estiver quase pronto, acrescente o brócolis.
Rende um prato.

19.2.04

Roubei um tempinho hoje e estou vendo aquelas coisas que estou sempre deixando pra depois, ocupada em apagar incêndios ou em simplesmente tocar a vida.

Esta eu vi no blog da Vicky:

Não corra atrás das borboletas; plante uma flor em seu jardim e todas as borboletas virão até ela.
(D. Elhers)
Plus ça change, plus c'est la même chose.
That's pure banana oil!

17.2.04

Calor


Tenho tido tanto de tudo, que quando o ponteiro pequeno aponta para o dez s? quero encontrar meu travesseiro. Mas como ? fevereiro e a cidade ? o Rio, normalmente esse encontro tem sido adiado por algumas horas. E recebo mais de muitas coisas. Samba, bom papo e cerveja, por exemplo.

Outro dia, pedi uma por??o de jil? para acompanhar o chope. Sabe que rolou? Juro!

As conseq??ncias do dil?vio (leia abaixo) continuam, mas coloquei em a??o o meu pensamento m?gico. Faz-de-conta que este pedreiro n?o est? quebrando esta parede do banheiro com azulejos que ningu?m vai encontrar igual para repor bem aqui do lado da minha mesa de trabalho. Faz-de-conta que quando ele terminar aqui, ele n?o vai come?ar na cozinha. Funciona, sabia? Pergunta pra este elefante rosa com la?o verde-lim?o aqui do lado.

F. furou para o desfile-ensaio da Vila, no Boulevard 28 de Setembro. Foi uma pena. Teria sido uma noite ainda mais divertida, se a L. (chilena) e ao G. (estadunidense) al?m dos brazucas se juntasse uma francesa. [N?o esquecer: me matricular na aula de esperanto.] De qualquer forma n?o faltou anima??o e a noite foi ?tima.

Perdi 30 minutos da minha vida numa fila e ao ser atendida descobri que eu n?o precisava ter entrado nela. A sorte ? que sempre ? poss?vel fazer observa??o de seres humanos numa situa??o dessas. E esse ? um dos meus hobbies, muito melhor observar p?ssaros. Por exemplo, hoje consegui observar uma mo?a com as unhas do p? pintadas de um azul turquersa que acompanha as cores da sand?lia, da bolsa e da blusinha de alcinha (os diminutivos desta frase s?o uma homenagem especial). Ela tinha os cabelos rec?m-pintados de vermelho e raspados na altura da nuca de modo a formar um sol em espiral com retas que saiam dele formando seus raios. Quando me aproximei da carnavalesca figura, reparei que ela descrevia uma cena de agonia e o subseq?ente funeral. O outro senhor parecia ter tingido os parcos cabelos que come?avam na altura das orelhas com papel crepon, tamanha a irregularidade das mechas que variavam do vinho ap?tico ao preto desbotado. O resto era bem normalzinho, se n?o levarmos em considera??o a meia branca tipo sapatilha usada com uma sand?lia Rider preta.

Imagina uma laranja bem espremidinha. Pois ?. Mas vou deixar para descansar apropriadamente quando estiver sob 7 palmos de terra. Ou, como quase tudo nesta terra, fica pra depois do carnaval.