Pesquisar este blog

20.2.04

O que será de mim quando o Império Serrano entrar na avenida cantando Aquarela Brasileira do Silas de Oliveira? Este samba me arrebata a alma, me arranca lágrimas sempre que o ouço. E não só por si - e olha que ele é uma coisa de lindo - mas por tudo o que evoca, seja historicamente*, seja nas minhas mais remotas lembranças
particulares.


Bacanal
(Manuel Bandeira)

Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!

Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada.
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé Momo!

Lacem-na toda, multicores
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- Vinhos!... o vinho que é meu fraco!...
Evoé Baco!

O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos.
Evoé Vênus!



* Aquarela Brasileira foi composto em homenagem a Ary Barroso, autor de Aquarela do Brasil, conhecido internacionalmente como hino informal do nosso país, simplesmente como Brasil. Ary faleceu no dia do desfile e a notícia chegou na hora que a escola entrava na avenida. Os componentes desfilaram em silêncio e chorando e o mais lindo samba-enredo de todos os tempos não ganhou o carnaval.

Muitos componentes seguiram direto para o funeral e, ainda fantasiados, carregaram o caixão de Ary.

Nenhum comentário: