Pesquisar este blog

10.5.04

No sábado, mais uma vez, fui à Portela para um de seus almoços de samba. Adoro o ambiente de samba. Há sempre uma aura de confraternização, uma felicidade contagiante, um prazer...

E cada dia vejo que isso é o contrário do que ocorre com outra grande riqueza da cultura nacional, o futebol. O esporte bretão anda rodeado de violência dentro e fora dos campos, muita briga, muita morte. Da minha janela, observo as torcidas indo e vindo. Enquanto nas escolas de samba, independente da competição, há sempre respeito pelas adversárias, no futebol, faz parte da graça espezinhar o oponente.

Noto - em algumas torcidas isso é mais evidente - que ainda mais comemorada que a própria vitória é a derrota do rival. Se você duvida, procure um vascaíno num dia em que o time cruzmaltino arrebenta a boca do balão e depois num dia de derrota do rubro-negro. É fácil constatar que nada lhe dá mais prazer que ver o Flamengo perder. Se for vexaminosamente, tanto melhor.

É por essas e por outras que acho que um ciclo do futebol brasileiro está encerrado. Talvez também faça parte do processo o enfraquecimento dos times cariocas, com sua jugular entregue aos cartolas. Outra razão poderia ser o fato de os jogadores não mais fazerem a bola rolar por gosto pelo esporte ou por amor ao seu clube. Joga-se pelos grandes deuses, o dólar e o euro. Tão logo conseguem alguma projeção, os rapazes arribam para o Velho Continente, para as Arábias, para a Terra do Sol Nascente. Fica por aqui quem (ainda) não conseguiu se destacar, quem não se adaptou e voltou com rabinho entre as pernas, quem já deveria ter se aposentado. Enfim, o sobejo.

E é dessa lavagem que se faz o futebol que se joga no Brasil hoje.

Nenhum comentário: