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17.12.01

Uma coisa que me dá imenso prazer é mostrar as coisas da minha cidade, do meu país para quem estiver interessado em conhecer. Não estou falando do pacotão clássico, que constam do catálogo de qualquer agência de turismo internacional, mas das coisas legítimas, que fazem parte do cotidiano dos locais.

O trabalho da amiga francesa que nos acompanhou ontem é relacionado com o candomblé e para isso ela está acostumada a ir onde o povo está. No final de semana anterior ela foi filmar um terreiro em Mauá. Conosco ela queria lazer, ir a um bar que tivesse samba de verdade. Estephanio´s nos pareceu a melhor opção.

Quando chegamos, reparamos que algo estava diferente. A mesa em torno da qual o grupo Roda de Saia faz o show estava do lado de fora do bar, ao contrário das outras vezes. A gente bonita que freqüenta o lugar não estava dando muita bola para a chuva insistente e tomava a rua. Quando nos aproximamos, reparamos que, além de tantã e cavaquinho geralmente usados no local, num canto havia surdão e outros instrumentos de bateria. Teríamos sambão!

No processo de aclimatação, ouvimos samba de raiz. Não consigo deixar de me emocionar com coisas como Folhas Secas e A Voz do Morro. De repente os grandes instrumentos tomaram o lugar dos demais. Ficamos sabendo que vai sair um bloco do bar. E que o enredo é Beth Carvalho.

Existe uma lenda que afirma que carioca não sai de casa quando chove. Talvez antes do Estephanio´s abrir suas portas...

Houve um tempo em que eu me sobressaia na multidão com 1,78m. Agora não mais. Pelo menos entre a juventude sarada e amante do samba na Zona Norte. Êta gente grande e forte!

E a chuva cai... E alguém anuncia que o enredo havia se materializado ali. E a ma-ra-vi-lhosa, po-de-ro-sa e vi-ta-mi-na-da Beth assume o microfone e é ovacionada. E dá uma canja de primeiríssima com seus maiores sucessos. E o povo canta junto... E a moçada samba... E a chuva cai lá fora, você vai se molhar, já lhe pedi não vá embora... E vou festejar... E é impossível ficar triste quando a gente se propõe a colocar o nariz fora de casa nesta cidade...

Botecos abrem e fecham... Alguns têm música... Outros têm bom chope... Alguns quitutes deliciosos... Pouquíssimos transcendem e têm espírito...

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