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8.9.03

Sim, eu engulo. É verdade. Às vezes. Por amor ou amizade.

Conversando com amigas, lembramos de um episódio já ocorrido há algum tempo. Recordávamos que alguém se comportou de maneira bastante inconveniente e que eu “engoli” a situação. Todos tinham memória do fato. Todos perceberam que a situação era desconfortável. E quando eu disse que este era um dos motivos pelos quais eu não apreciava especialmente esta pessoa, responderam:

- Engraçado... Pensamos que você tivesse gostado. Você não reagiu.

É verdade. Em parte. Ao contrário do meu hábito, fui sutil. Tentei me esgueirar para fora da situação, mas a criatura em questão insistia. A partir da minha terceira tentativa de dar fim ao caso, só voltando ao meu normal e sendo direta e nem sempre polida.

Quando amigos falam, eu ouço. Geralmente têm algo a ensinar sobre nós mesmos. E porque eram amigos falando, fiquei pensando sobre o caso. Diante de tamanho desconforto para mim, porque não reagi?

Era um dia muito especial. Era além de especial, eu diria que único. Eu estava cercada de pessoas queridas, e o momento era de congraçamento. Já havia sido apresentada à pessoa em questão anteriormente e meu santo não cruzou com o dela, mas ali ela foi introduzida como amiga de amigas. A todo instante, a anfitriã referia-se a ela com enorme carinho.

Sim, eu poderia ter sido áspera com ela e tê-la feito parar de me importunar. Mas seu comportamento era perturbador, mas não insuportável. Ela não valia uma deselegância com a dona da casa, o estremecimento naquele clima alegre, a ruína da tarde.

Sim, eu engoli. Por amizade.

E engulo todos os dias, por amor a terceiros e por pena do agente do meu desconforto.

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