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8.11.01

Outro dia, Violinha falava sobre o piloto Alessandro Zanardi e seu comportamento na entrevista coletiva à saída do hospital. Um acidente levou suas duas pernas e ele aparentava tranqüilidade. Ela falava de felicidade e sua presença nas pessoas, independente das circunstâncias.

Pois nos dias em que tenho hidroginástica passo sempre por um acampamento de moradores de rua. Uma delas me lascou já da primeira vez que passei por ali um sonoro boa tarde que me desconcertou. Fiquei esperando um pedido que não veio e isso me valeu um sorriso. Todas as vezes ela sorri para mim, fala alguma coisa amável... Parece tão feliz na sua miséria. Venho observando de longe, enquanto me aproximo. Ela prepara a comida do grupo, anima os outros... Na semana passada encontrei com ela em outro canto do quarteirão. Era uma visita a outra turma. Veio saltitante e sorrindo conhecer o novo cachorrinho da "vizinha". Ontem ela estava especialmente radiante, de namorado. Olhava apaixonadamente para ele, enroscava seu pescoço, deixava os dedos brincarem entre as mãos dele.

Não é comovente encontrar alegria onde só se imagina tristeza? Que mágica produz isso?

Neste quase mês de contatos imediatos, só uma vez ela fez um pedido. Queria alho para temperar a carne que preparava. Quando contei para o meu marido, ele disse que ela era uma especialista intuitiva em marketing de relacionamento. Que seja! A verdade é que ela me despertou o desejo de ajudar, não por piedade ou apenas solidariedade humana, mas por carinho...

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