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4.6.02

Desconfio que eu seja mesmo uma pessoa estranha. Até eu que convivo comigo 24 horas por dia, vez ou outra não me entendo.

Não ligo para jóias. Gosto de receber flores, mas acho que não me comovo como deveria. Fico incomodada com luzes de velas durante jantares onde quero muito ver todas as nuances no rosto e, principalmente nos olhos do acompanhante. Acho desconfortável beijar acaloradamente na areia da praia. Resumindo: clichês românticos não foram feitos para mim.

Então ontem ele chegou do trabalho com uma sacolinha amarela na mão. Era um presente para mim. Não pude acreditar quando de lá de dentro puxei a minha boneca.

Ele levou, sem que eu soubesse, minha Susi negra, que eu ganhei aos 5 anos e achei durante uma arrumação de armário outro dia, para uma repaginada. Toda a caraca acumulada em três décadas havia sido removida. Seu cabelo está arrumado e brilhante. A roupa, que eu mesma fiz em algum momento da minha infância, está limpíssima. A cintura articulada, que estava quebrada, foi consertada.

Minha boneca está linda e ressuscitada. E ele me deu esse presente numa segunda-feira qualquer, sem qualquer motivo especial.

Parece que jamais serei



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Mas aparentemente só precisei de metade da sua vida para ter o que ela jamais conseguiu.

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