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20.2.03

Hoje tive que ser dura com uma pessoa de quem eu gosto muito, mas que vinha me incomodando com determinado comportamento.

Admito, sutileza não é uma virtude abundante em mim. Sabendo disso, quando estou lidando com pessoas queridas tomo especial cuidado. E falho.

O problema é que é difícil para algumas pessoas entenderem que o fato de você estar me casa não significa que você está disponível para um papinho de uma hora e meia ao telefone ou uma visita surpresa que tome toda a tarde. Esta é uma das grandes desvantagens de não ter um espaço físico fora da própria residência para cumprir expediente. As vantagens são grandes e eu vou ficando.

A gente aprende a lidar com esse tipo de interrupção. Geralmente a insinuação de que há uma pilha de tarefas esperando é suficiente para acordar a glândula produtora de simancol do interlocutor. Entretanto, em condições especiais de temperatura e pressão, aquela pessoa que você adora, que acompanha de perto a sua luta cotidiana, ataca. Ela deixa passar a primeira dica. Você fica mais direta e diz claramente, com todos os esses e erres, que precisa desligar porque tem muito trabalho a fazer e não pode conversar naquele momento. Se você ouvir como resposta que a pessoa sente muito, que sabe o quanto você é ocupada, mas que tem só mais uma coisinha para dizer, prepare-se. Dê a ela a chance de falar mais essa coisinha em cinco minutos. Mas antes que você precise repetir o recado e ela tenha uma crise súbita de carência e desperte em você toda a culpa cristã do mundo, aja. Ignore que está em um telefone fixo e diga que está entrando em um túnel e que a ligação vai cair. Desligue. Deixe uma mensagem carinhosa na sua própria secretátia eletrônica avisando que liga assim que puder.

Amigos de verdade _ aquelas pessoas seguras, bem resolvidas e com vida própria das quais você tomou o cuidado de se cercar _ entenderão.

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