Pesquisar este blog

31.8.03

Minha diarista contou que foi à noite, sem carro, debaixo de chuva à Rodoviária Novo Rio para pegar uma pessoa que ela não conhecia, que ia ficar hospedada na casa da vizinha, que também não conhecia a própria hóspede.

Achei a história esquisita e fui perguntando.

A moça veio para a Meia Maratona.

Pobre, pobre, pobre, apenas sua paixão a patrocinava. Deu sorte. Numa outra corrida, chegou em terceiro lugar, chorou de emoção, pôs a cara na Rede Globo. O prefeito da pequena cidade mineira onde mora resolveu capitalizar em, quem sabe, futuros votos a projeção de sua concidadã. Como a prefeitura não dispõe de verba para investir em esportes e esportistas, toda vez que há um evento de porte, ele mobiliza a comunidade para angariar fundos e fazer com que a moça chegue até lá. Desta vez o dinheiro só deu para a passagem de ônibus. Ela não tinha onde ficar.

Mas uma amiga da prima da cunhada ou algo assim conhecia a vizinha da minha diarista e estabeleceu-se a corrente para garantir que a heroína do esporte não ficaria ao relento em seu destino.

Ela chegou por aqui feliz da vida, com suas muitas tranças decoradas de verde e amarelo como identificação. Talvez ela não soubesse então que o lugar que a iria receber na Baixada Fluminense não faz parte da Cidade Maravilhosa. Mas isso não tem a mínima importância. Como também não tem a mínima importância ela não ter sabido da minha torcida.

Nenhum comentário: