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26.8.03



Ofélia (1894)
Paul Albert STECK



Para Freud, Hamlet era um histérico que aparentava ter, como demonstram suas atitudes para com Ofélia, repulsa ao sexo.

Encontra-se um comportamento misógino na violência com que Hamlet trata Ofélia "Ha, ha, are you honest?" (ato III, cena 1) e adiante ele diz a ela: "Or, if thou wilt needs marry, marry a fool; for wise men know will enough what monsters you make of them". Na segunda passagem, o "you" refere-se a todas as mulheres e o tratamento dado a Ofélia, qua aparece como vítima da tragédia, é causado pela raiva contra sua mãe e um ódio histérico das mulheres produzido por sua loucura. Alguns defendem Hamlet dizendo que ele trata Ofélia dessa forma porque está afetivamente desiludido e desconfia que ela tenha ajudado sues inimigos: quando ele diz "where’s your father?" (ato III, cena 1) ele havia percebido que Polônio o estava espionando.

De acordo dos diálogos da tragédia, Hamlet alerta seus amigos de que ele possívelmente vai fingir-se de louco. Se Hamlet realmente era louco, fingia-se de louco ou era considerado louco, é um assunto que tem suscitado discussão dos críticos por muito tempo.

Ofélia aceita encontra-se com Hamlet porque quer ajudá-lo; depois de um animador começo, Ofélia desperdiça suas chances com a tola estratégia feminina de acusar Hamlet de rejeitá-la. Então ele lança um ataque ainda mais feroz contra ela, mandando-a para um convento: "Get thee to a nunnery. Why wouldst thou be a breeder of sinners?" (ato III, cena 1).

Embora não haja nenhuma evidência textual que sustente que Ofélia cometeu suicídio, já que a peça mantém a hipótese de que ela afogou-se, realmente parece que ela não pôde ver nenhum bom destino para sua vida futura. Sua vida futura só poderia ser a morte. A Rainha descreve o afogamento de Ofélia que, tendo perdido a razão depois da morte do pai, supostamente caiu em um riacho e foi afundando lentamente, à medida que suas roupas se encharcavam.

A morte de Ofélia

Ernest Legouvé

Perto de um riacho, Ofélia
Colhia, seguindo a margem,
Na sua doce e terna loucura,
Pervincas, botões de ouro,
Lírios cor de opala,
E flores de um rosa pálido
A que se chama dedos de morto.

Depois, elevando nas suas brancas mãos
Os ridentes tesouros da manhã,
Ela os suspendia aos ramos,
Aos ramos de um salgueiro vizinho.
Mas demasiado fraco o ramo se dobra,
Quebra, e a pobre Ofélia
Cai, com a grinalda na mão.

Alguns instantes o seu vestido avolumado
A suporta ainda sobre a corrente
E, como uma vela desfraldada,
Ela flutuava sempre cantando,
Cantando alguma velha balada,
Cantando como uma náiade
Nascida no meio desta torrente.

Mas esta estranha melodia
Passou rápida como um som.
O vestido pesado pela água
Depressa no abismo profundo
A pobre insensata arrastou,
Deixando apenas começada
A sua melodiosa canção.


"How can I actually blame women for waiting for the man? The man does not want anything else, either. There is no man who would not be flattered if a woman reacted to his sexuality. Hatred towards women is nothing else but hatred towards one's own still unconquered sexuality."
Weininger

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