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1.9.05




Uma das únicas coisas que não têm limites nesse mundão de meu Deus é a estupidez humana. Todo mundo sabe que espinha é bicho que não se atiça. O melhor a fazer é aplicar aquele gelzinho milagroso e rezar para fazer efeito antes da grande festa que já está chegando. Pois é, as grandes borbulhas sempre decidem que a melhor época para fazerem morada no meu rosto é às vésperas dos festejos ansiosamente aguardados.

E então lá estávamos, a pústula e eu, nos encarando mutuamente através do espelho quando decido demonstrar que definitivamente pertenço à mesma raça que aqueles infelizes de Nova Orleans que saqueiam a cidade devastada e atiram nos helicópteros que vêm resgatar suas vítimas e tomo a mais idiota de todas as atitudes: espremo a dita cuja. E eis que o que era uma relativamente pequena vermelhidão, um discreto inchaço e um certo latejamento transformaram-se na tragédia que me acordou de dor no meio da madrugada.

Lancei mão da maior almofada da casa sob o travesseiro para tentar fazer o sangue descer da cabeça para o resto do corpo. Fiz compressa. Rezei para todos os santos com os quais possa ter ainda um mínimo de crédito. Tudo em vão. Vingança de espinha espremida é fogo.

Até daria para tirar onda de uma aplicação de botox mal feita, algo como a boca da Goldie Hawn em The First Wives Club, mas a falta de simetria denunciaria a farsa, já que a desgraça só se abateu sobre o lábio inferior. Penso agora em usar um approach mais ecologicamente correto, tipo caiapó style, sabe?

Porque por enquanto nada de Iracema lábios de mel para mim. Passei a remeter à imagem do Cacique Raoni.


(*)ilustração de Sérgio Macedo

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