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8.10.01


Hoje ás 19:30, na Estação Botafogo 1, tem o documentário Timor Lorosae – O massacre que o mundo não viu de Lucélia Santos. O filme ilustra a inacreditável tragédia da ex-possessão portuguesa, um massacre (centenas de milhares de mortos) promovido pelos indonésios comparável ao Holocausto que levanta algumas questões interessantes e bastante atuais.

1 – Por que será que o mundo demorou tanto (25 anos) a se indignar com o que acontecia em Timor Leste?

2 – Por que Milosevic é julgado em Haia e Timor foi tratado como uma questão interna da Indonésia?

Parece bastante com “aquele” assunto, não é mesmo?

Fiquei olhando as imagens dos ataques dos aliados na TV e imaginando que nunca veremos a sofrimento estampado no rosto dos civis afegãos atingidos, que jamais assistiremos entrevistas com suas viúvas e órfãos, com seus amigos, que nenhum astro ou estrela cederá seu cachê para eles, que ninguém entrará em cadeia mundial para pedir doações para as famílias daqueles que arriscam a vida para salvar os inocentes.

Todo meu apoio a estas iniciativas que humanizam números e tentam minorar um sofrimento sem medidas. Só penso: por que elas são unilaterais? Por que a desgraça caucasiana e rica é pungente, real e personalizada e a miserável é verde e indefinida, com pipocos brilhantes e sem cara? E chego a infeliz e pouco original conclusão de que todos somos iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.

Ainda bem que reservo esta palavra para poucas ocasiões: ódio. Odeio bin Laden por ter jogado o mundo nessa lama, por ter acendido o pior lado daqueles que agora se igualam a ele. Lamento tremendamente que o ocidente tenha mordido a isca. Infelizmente o demônio encarnado sabe o que faz e apontou seus canhões para aqueles que passaram quase todas as décadas do último século em alguma sorte de guerra. E se o que se quer é uma briga, há que se provocar um inimigo belicoso. Um analista reproduziu na televisão uma impressão que eu tinha: qualquer que seja o resultado dessa empreitada (a menos que prevaleça uma racionalidade da qual já quase desacredito e ele, capturado e julgado, seja condenado a prisão perpétua), a besta sairá vitoriosa. Se for preso, julgado e executado, ele será um mártir. Se for morto em combate, ele é o mártir. Se não for capturado, ele vira herói.


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