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27.2.02



Uma coisa que me impressiona é que todo mundo odeia a Globo, mas poucos se animam a evitá-la definitivamente.

Ando muito curiosa a respeito do comportamento humano desde que surgiu esse fenômeno chamado reality show. Fico lendo os comentários nos jornais e de vez em quando dou uma olhada nos programas para ver o que é que eles têm de tão hipnotizante. Não consigo atinar sobre o que passa na cabeça de quem paga (e caro) para ver gente fazendo nada interessante 24 horas por dia.

Outro dia entrei num desses blogs cuja pauta é o Big Brother. Todos, invariavelmente falavam mal. Diziam que era tudo armação, criticavam o nível intelectual dos participantes, apontavam defeitos e mais defeitos... E continuam todos ligadísimos minuto a minuto!

O que é isso? Não é apenas a curiosidade pelo outro, natural no ser humano. Será que as pessoas tentam se justificar, por se verem presas a algo tão medíocre, criticando? Algo como: "assisto sim, mas eles não me enganam, porque sou muito esperto"? Acho isso poderia ser traduzido por uma mente realmente crítica como: "eles estão conseguindo seus objetivos; enquanto eu olho para criticar, aumento a audiência, ajudo na conquista do apoio necessário para perpetuar esse tipo de produção e ainda me exponho voluntariamente aos patrocinadores que correm sempre para diante de meus olhos e ouvidos."

Seria mais honesto admitir que assiste porque gosta, porque acha as baixarias, os palavrões, a exposição dos corpos fascinantes; que se esqueceu de padrões éticos, do conceito de cultura e de privacidade em busca do prazer de olhar, de se comparar, de se identificar...

Também sinto um tom de revanche nos comentários como o similar do SBT é superior, porque tem gente conhecida e não uns ninguéns. Imagino o que de interessante pessoas tão nobres tenham para apresentar, além de músculos sarados e cabelos oxigenados... Mas há um gostinho de júbilo ao ver a Vênus Platinada batida semana após semana em um de seus horários mais nobres. Pouco importa como isso foi feito ou a que preço.

Parece estranho escrever num blog sobre a perda da importância da privacidade e acho que só mesmo para mim e muito poucos isso faz sentido.

Importante mesmo é saber que vai "pagar peitinho" hoje à noite ou quem será o próximo casal a causar ondulações sob o edredon. Quem é louco nesses tempos de falar de cinema, música, literatura, teatro e artes plásticas? Quem há de questionar o que é um artista agora que está definido que é aquele que colocou a cara na TV por mais de duas vezes?

Será que vou ter que começar a me preparar para ser mordida por ratos por renegar o Big Brother?




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