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30.4.02

Tudo começou com a compra da mesa-estante de computador. Ela ficou linda. E fez sobressair a inadequação de uma estante de livros que estava do outro lado do quarto.

Devo dizer que a tal estante já me incomodava há tempos. Ela estava pendurada acima da cabeceira da cama e os livros e aquelas coisas que a gente nunca sabe direito onde colocar iam se acumulando sobre ela. Além disso, o apartamento é antigo e em alguns pontos o emboço é frágil. Uma vez acordamos de madrugada com um barulho que custamos a identificar na escuridão. O giro-visão tinha despencado junto com TV e vídeo. Então era comum eu sonhar que morria sob uma pilha de jacarandá, reboco e livros.

Resolvi aproveitar um espaço morto do corredor para instalar algumas prateleiras e abolir o motivo dos meus pesadelos. E o conselho familiar arbitrou que a estante de jacarandá iria para o lugar de outras duas bem velhas que também não me agradavam e que ficavam atrapalhando a circulação. Só que o que estava nas estantes que seriam descartadas não cabiam na que entraria em seu lugar. E começou a ciranda de mexe e arruma que já dura umas duas semanas.

Resumindo a história, praticamente todos os armários, gavetas e estantes da casa foram visitados e reorganizados. A novela ainda não acabou, mas tudo está ficando mais bonito que antes. E muito mais racional também.

A verdade é que havia coisas guardadas em caixas desde que me mudei para cá. Muito foi para o lixo ou reencaminhado. A disposição de alguns móveis ainda refletia aquele momento de correria e improviso de condensar duas casas em uma, daquele instante de susto que acontece quando você decide morar com alguém, mas sente muita necessidade de agarrar-se a seus objetos pessoais para, de alguma forma, manter ainda o pé fincado na sua individualidade. Insegurança, acho.

Outro dia meu amo e senhor leu um texto que escrevi e disse que tinha muitas das idéias dele ali. Ele estava certo. Fiquei calada, mas lembrei de uma cena de novela. Uma mulher falava que seu sonho era viver uma história como a de um casal que ela conhecia, juntos há décadas. A esposa contava um sonho para um casal amigo. Ao terminar o esposo observou que era ele quem tinha sonhado aquilo. A mulher que contava a história observava que este era o verdadeiro amor, a perfeita comunhão, quando até os sonhos se misturavam.

Nossas coisas estão sendo arrumadas. Nossa casa tem mais a nossa cara.

OK, OK... Seus discos são intocáveis e meu candidato continua sendo o Lula.

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