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23.2.03

A idéia era ficar o dia inteiro de papo pro ar, devorando revistas, jornais e um ou outro filminho.

Mas não. Fazer o que se moro na Cidade Maravilhosa, se o dia amanheceu ensolarado e se uma brisa gostosa espanta de leve o calor?

Já era tarde para pensar em praia com criança. Sim, finalmente consegui acordar num horário bacana. Por vício dos últimos dias abri os olhos às 6:30, mas foi enorme a satisfação de simplesmente virar as costas para o relógio ao procurar uma posição mais confortável no travesseiro e curtir a cama por algumas horinhas mais.

Foi ele quem viu que ainda de manhã ia haver um bailinho de Carnaval. Eu topo na hora pro diversos motivos.

Faz tempo que não trabalho no Centro e raramente tenho assuntos para resolver por lá. Sou freqüentadora do Teatro Rival, mas uma quadra numa metrópole pode ser absurdamente diferente de dia e de noite. Então me sinto meio turista na Cinelândia diurna.

Ainda não tinha visto o enorme (e vazio, pelo menos no domingo) estacionamento criado sob a Praça Mahatma Gandhi. Nem a praça depois da retirada dos tapumes. O espanto estava ali, atrás das grades que protegem o novo espaço. Eu, que trabalhei ali no Edifício Serrador na época em que estagiava na Petrobrás, nunca reparei a vastidão da vista a partir daquela calçada, emoldurada por prédios antigos: Monumento aos Pracinhas, Pão de Açúcar... Não lembro se antes havia alguma coisa que obstruísse a visão ou se eram só as calçadas lotadas dos dias de semana, os camelôs, os meninos de rua, a correria que não me deixavam ver direito...

E ali estavámos eu e eles mais uma vez desbundando diante da cidade.

Nunca tinha entrado no Odeon depois que o velho cinema agregou a sigla BR em seu nome e se transformou em espaço cultural. O lugar é lindo, lindo. E nem vou contar que uma certa criatura sentada ao meu lado quase não segurou a onda ao ouvir tocar o sinal e ver as cortinas vermelhas se abrindo, como os cinemas de sua infância.

Adoro tudo sobre Menino Maluquinho, o filme. E gosto mais a cada vez que vejo. Pedro recita a fala dos personagens ao meu lado.

Depois da sessão, palhaços e uma banda nos aguardavam à porta. As melhores marchinhas carnavalescas de todos os tempo animavam o início de tarde cercadas pela Biblioteca Nacional, pelo Theatro Municipal, pelo Obelisco e pelo Amarelinho. Eu bem que vi o Museu de Belas Artes esticando o pescoço para conferir o que se passava.

Aos poucos foram chegando o casal de pernas-de-pau, as palhacinhas que desciam da sacada por tecidos encarnados, o malabarista...

Um menino de rua me esticou a mão imunda num cumprimento. Eu estiquei a minha também. Ela foi amparada por um sorriso triste porque Carnaval também tem pierrô.

A caçarola que meu filho levava à cabeça como fantasia em homenagem ao mais famoso personagem infantil do Ziraldo logo virou receptáculao para toda sorte de bugiganga que ele ia recolhendo: máscaras baratas de saci, animais recortados em E.V.A. que foram jogados como confetes, spray de espuma carnavalesca...

Tudo isso pela módica quantia de R$2,00 (sim, dois reais!) por cabeça. O estacionamento tem desconto com a validação da bilheteria.

Depois almoço no Nova Capela e outra surpresa. Foi inaugurado um anexo ao célebre restaurante. Longe dos padrões do espaço anterior, que ainda está lá firme e forte (e lotadíssimo a qualquer hora do dia ou da noite), ele foge do estilo brega português-suburbano com suas paredes azulejadas para o estilo brega Barra-norte-americano. O cabrito com arroz e brócolis com porção extra de alho continua dos deuses. E é sempre divertida a caça às celebridades, já que o lugar de repente virou modinha (sou freqüentadora com histórico por lá, levada pelas mãos de um praticamente sócio fundador). Hoje avistei o Ivo Meireles, com seus cabelos esticados crescidos e tingidos de uma cor entre abóbora e carmim e suas unhas manicuradas em negro.

Descanso dominical? Pois sim...

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