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19.6.03

Para fazer algum progresso com a lista que publiquei outro dia de lugares a ir, aproveitei o feriado para ir visitar o MAC em Niterói, com uma exposição impressionante do Luiz Aquila.

Não sou a fã mais ardorosa de arte contemporânea, mas a forma como os quadros estão expostos, como se fossem uma só coisa, A OBRA, como diz o próprio artista, é de bambear as pernas de qualquer um com a sensibilidade já provocada. E era assim que eu estava.

Foi a primeira vez que entrei no MAC. De outra feita, era também feriado, ficamos do lado de fora: estava fechado. Antes de chegar à exposição propriamente dita, a gente vai se embasbacando com a genialidade do Niemeyer, dá de cara com o deslumbramento daquela vista, escorrega em todas aquelas curvas e vai se ufanando.

Chegamos muito cedo à terra de Araribóia. Uma neblina pesada desanimava para praia. Mas as fortalezas, os fortes de lá são sempre interessantes. Passamos rapidamente pela Fortaleza de Santa Cruz e fomos para o Forte do Rio Branco e de lá, pegamos uma van-burrico para cima e avante até o Forte São Luiz. Não dá para descrever as belezas que se vê lá do alto.

Os canhões não me impressionam. É o portal de pedra todo trazido numerado de Portugal e montado aqui no século 18 que me emociona. Não me interessam os motivos estratégicos para se ter construído nas grimpas, fico sempre imaginando as mãos que cortaram, levantaram e empilharam as pedras dos imponentes muros.

Mas o clima bélico sempre me deixa meio macambúzia. Então foi enorme meu maravilhamento quando cheguei ainda mais alto e me deparei com a praça Fernando Pessoa, presente de Portugal para comemorar os quinhentoas anos do Brasil - a grande festa sabotada pelos indivíduos com síndrome de vira-latas, que acham que inteligência é ser sempre do contra. Lá um grande mural de azulejos portugueses pintados à mão retratam o poeta e imprimem sobre o mais lindo dos cartões postais a poesia.

MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


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