FENIX
(“A Foto Onde Eu Quero Estar”)
O Solar de Botafogo é um dos locais mais agradáveis para se ouvir música na cidade do Rio de Janeiro atualmente. Ontem, Mr. R. e eu fomos lá conferir o show de lançamento do novo CD do cantor Fênix, “A Foto Onde Eu Quero Estar”.
O CD não chegou a tempo da fábrica e este talvez tenha sido um dos motivos do nervosismo do artista no início da apresentação. Entretanto é sempre um susto adorável quando aquele rapaz louro começa a cantar e o que ouvimos é um doce contralto. Se você pensou em Ney Matogrosso, pode esquecer. Pelo menos por enquanto o moço de Recife deixou de lado a indumentária exótica com que aparece em alguns vídeos do YouTube. Além disso, em vários momentos, ele tira vantagem de seu amplo alcance vocal para explorar com sua interpretação notas mais graves e sair da delicadeza para o vigor quase violento. Mesmo com os sintomas da gripe dando as caras aqui e ali, ele conseguiu contorná-los e garantiu uma boa amostra do que é capaz de fazer.
Acompanhado de muito bons músicos (Billy Brandão na guitarra, Bruno Migliari no baixo, Marcelo Vig na bateria e Fabrício Belo no teclado), Fênix apresenta canções autorais de acento pop com temática emocional e emocionada. Ousa num samba inspirado, derrama-se em baladas. Quando ele introduz aqui e ali a releitura de canções de outros artistas a geripoca pia. Ele as demole e reconstrói com tanta personalidade e beleza que arrebata o público em lágrimas, como em “Hallelujah” (Leonard Cohen), ou sorrisos, como em “Paparazzi” (Lady Gaga). Ele também brinda sua audiência com uma visita ao repertório da Legião Urbana (“Meninos e Meninas”) e lembra a transgressora Marina Lima dos anos 80 ao citar “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque (“tantos homens me amaram bem mais e melhor que você”). Mas este artista merece transcender os guetos e ser mais conhecido do grande público. Se você se deparar com o anúncio do próximo show dele, largue tudo e vá.
Neste tempo em que qualquer um tem acesso aos meios de produção e é capaz de realizar o sonho de lançar um disco e se chamar de artista, Fênix nos reforça a lembrança de que para ser assim considerado é preciso bem mais que gostar de música, conhecer as técnicas e ser afinado. Sim, tudo isso é fundamental. Contudo, para se candidatar a um posto no Olimpo é preciso ter talento, presença de palco, carisma, enfim, ter estrela. Lançando seu quarto CD no Solar Botafogo – aquele local onde o técnico de som recebe cumprimentos da platéia ao final do show –, Fênix mostra que sua estrela brilha intensamente.
(“A Foto Onde Eu Quero Estar”)
O Solar de Botafogo é um dos locais mais agradáveis para se ouvir música na cidade do Rio de Janeiro atualmente. Ontem, Mr. R. e eu fomos lá conferir o show de lançamento do novo CD do cantor Fênix, “A Foto Onde Eu Quero Estar”.
O CD não chegou a tempo da fábrica e este talvez tenha sido um dos motivos do nervosismo do artista no início da apresentação. Entretanto é sempre um susto adorável quando aquele rapaz louro começa a cantar e o que ouvimos é um doce contralto. Se você pensou em Ney Matogrosso, pode esquecer. Pelo menos por enquanto o moço de Recife deixou de lado a indumentária exótica com que aparece em alguns vídeos do YouTube. Além disso, em vários momentos, ele tira vantagem de seu amplo alcance vocal para explorar com sua interpretação notas mais graves e sair da delicadeza para o vigor quase violento. Mesmo com os sintomas da gripe dando as caras aqui e ali, ele conseguiu contorná-los e garantiu uma boa amostra do que é capaz de fazer.
Acompanhado de muito bons músicos (Billy Brandão na guitarra, Bruno Migliari no baixo, Marcelo Vig na bateria e Fabrício Belo no teclado), Fênix apresenta canções autorais de acento pop com temática emocional e emocionada. Ousa num samba inspirado, derrama-se em baladas. Quando ele introduz aqui e ali a releitura de canções de outros artistas a geripoca pia. Ele as demole e reconstrói com tanta personalidade e beleza que arrebata o público em lágrimas, como em “Hallelujah” (Leonard Cohen), ou sorrisos, como em “Paparazzi” (Lady Gaga). Ele também brinda sua audiência com uma visita ao repertório da Legião Urbana (“Meninos e Meninas”) e lembra a transgressora Marina Lima dos anos 80 ao citar “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque (“tantos homens me amaram bem mais e melhor que você”). Mas este artista merece transcender os guetos e ser mais conhecido do grande público. Se você se deparar com o anúncio do próximo show dele, largue tudo e vá.
Neste tempo em que qualquer um tem acesso aos meios de produção e é capaz de realizar o sonho de lançar um disco e se chamar de artista, Fênix nos reforça a lembrança de que para ser assim considerado é preciso bem mais que gostar de música, conhecer as técnicas e ser afinado. Sim, tudo isso é fundamental. Contudo, para se candidatar a um posto no Olimpo é preciso ter talento, presença de palco, carisma, enfim, ter estrela. Lançando seu quarto CD no Solar Botafogo – aquele local onde o técnico de som recebe cumprimentos da platéia ao final do show –, Fênix mostra que sua estrela brilha intensamente.
Um comentário:
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