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6.7.01

Sou um bicho estranho. Ao mesmo tempo em que a mesmice e a falta de paixão me deixam desanimada, a pressão me tira completamente a disposição.

Parece esquisito e é. Tenho zilhões de pequenas coisas para realizar hoje e cá estou escrevendo para não dormir. Sim, pressão me dá um sono e simultaneamente me causa insônia. Fico meio paralisada, com vontade de largar tudo de mão e tão tensa que não páro de lembrar de mais detalhes e mais tarefas e mais pequenas questões para resolver.

Outro dia, eu comentava sobre a falta de tempo e as escolhas que a gente tem que fazer continuamente, diante de tantas ofertas e possibilidades do mundo atual e uma amiga me presenteou com uma poesia da Cecília Meireles que falava de alternativas mutuamente excludentes. Isso me lembra que hoje no final da tarde meu filhote participa uma apresentação para comemorar o centenário da poetisa e de que amigos merecem apenas o melhor de mim sempre.

Se eu ganhasse um real a cada vez que determinada pessoa me liga, eu já teria amealhado somente hoje uma pequena fortuna. Que tipo de serviço anda-se prestando hoje em dia, quando o porteiro abre a porta para que alguém estranho ao prédio toque direto a campainha sem se identificar ao interfone e que esse alguém à porta responde apenas que é a entrega, sem informar o que está entregando nem qual empresa representa? O interrogatório através do olho mágico, recebendo respostas lacônicas, me tomou um tempo de que definitivamente não disponho. Hoje quero ter a opção de desperdiçar meu tempo apenas fazendo coisas absolutamente úteis. Como escrever aqui.

Será que apenas eu me atrapalho distribuindo tópicos na agenda e encaixando ginástica, médico, aquele filme imperdível, a peça super elogiada, o show histórico, as visitas, as festas, o chopp, o nada fazer, as compras, o salão, aquele documentário, os livros e familiares entre as atividades profissionais e a rotina doméstica? Será que estou naquela fase ansiosa querendo tudo ao mesmo tempo agora que só passa quando chegamos aos quarenta? Quantas horas seriam suficientes para que tudo fluísse sem correria? Do que eu seria capaz de abrir mão para ter uma vida mais tranqüila e menos rica? Será que eu seria mais feliz se deixasse que outras pessoas tomassem a direção e apenas curtisse a paisagem?


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