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3.7.01

Voltamos da lua-de-mel trazendo na bagagem uma mandala cujo nome é Casamento. No verso do quadro tem uma descrição. Ela diz:

"O Casamento

Círculos de lótus expandem-se paralelos a outros, rítmicos, inspiração de etnias e ciclos da Natureza em exuberante colorido.

Ao Centro, na profundeza negra rodeada por pétalas puramente brancas gravita harmoniosa uma esfera incandescente cujo brilho ilumina e faz dançar alegremente as composições que a cercam.

Nos cantos, sagazes e irreverentes primitivas máscaras sorrindo na sabedoria maior que não leva tão a sério as turbulências externas porque "sabe" que no Centro paira infalivelmente a verdadeira luz.

Suavizar rígidos padrões
Fazer fluir alegria de viver e sentimento de paz
Estimular iniciativa e criatividade
Assimilar qualidade mutante de cada experiência"

Não sei se entendi direito, mas achei muito bonito.

Aliás, acho que a gente perde muito tempo tentando entender coisas que são feitas apenas para sentir. Se esmiuçarmos muito, buscarmos explicações, justificativas, porquês, o encanto se quebra. Que triste é pensar na Lua como um árido satélite da Terra cheio de buracos. Gosto mais do envolvimento do luar, de contemplar e imaginar que ela brilha em homenagem ao que vai no coração humano, que não deve ser lembrado como um órgão que bombeia sangue para o corpo.

Observo a análise profunda que as pessoas fazem das coisas mais simples e vejo o quanto elas perdem por não deixarem fluir.

Não defendo a ignorância, mal odioso. Apenas gostaria de mais leveza, naturalidade, desafetação para observar as coisas.

Lembro que quando engravidei, sentia um poder enorme, por gerar uma vida. Nada demais. A maioria das mulheres é capaz de ser mãe. Mas eu me sentia especial, vivendo o meu pequeno milagre. E me sentia abençoada ao amamentar e ver meu corpo se transformando em alimento.

Então, estava numa varanda de chalé, pendurada sobre um vale deslumbrante, ladeada por um verde inacreditável, a natureza vibrando, o frio do ar da montanha entrando pela pele como que querendo dar uma prova de vida, um cheiro que misturava clorofila, lenha queimando e boa comida, o ouro reluzindo no anular esquerdo, o homem que amo à distância de um gesto e vivi mais um dos meus pequenos milagres.

Vou tentar explicar o quê?

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