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27.4.02

NON


Ontem fiquei um tempão com um amigo francês ao telefone.

Gosto sempre de ouvir a versão interna para os fatos, deixando o que leio nos jornais apenas como complemento.

Ele falava de susto, de decepção, da sensação de abalo no que se acreditava certo, da acomodação que levou às pessoas a preferir curtir um dia de sol a cumprir o dever cívico e que resultou na chegada de Le Pen ao segundo turno das eleições francesas.

Tive a impressão de que ele estava bastante emocionado do outro lado da linha ao falar do risco que corre seu país de eleger um político de posições fascistas. Ele tem medo de que as inúmeras manifestações que pipocam por todo país (a maior deve ser no 1º de maio) descambem para a violência e que isso ratifique os temores dos que apoiam aquele que crê que o holocausto não passa de ficção. Porque em todo lugar do mundo as pessoas simples acreditam em propostas imediatistas, em políticos que prometam resolver seus problemas já, não importando o preço a ser pago. Porque em qualquer lugar do mundo, é sempre mais fácil jogar a culpa no outro, no diferente, nos estrangeiros...

Entendo as preocupações do meu amigo, mas acho que tudo vai terminar bem ou, pelo menos, retirado o melhor candidato da disputa, o pior não conseguirá eleger-se. O susto serviu para sacudir quem estava acomodado e agora, com tanta gente consciente da importância do comparecimento às urnas, a França vai conseguir livrar-se deste pesadelo.

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