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14.7.03

Não se trata de uma observação sobre um filme em particular, mas uma sensação de que há uma falta de sintonia entre o que leio sobre cinema e o que vejo nas telas.

Já há algum tempo acompanho através dos periódicos os filmes que ainda estão em fase de produção e entrevistas com seus realizadores e atores e fico curiosa, achando que se trata de uma proposta inovadora, de uma história inédita e instigante, de algo realmente novo e emocionante.

Quando o filme finalmente estréia, geralmente já não é mais aquilo: é menos, quase sempre muito menos. E quando vou conferir acho que arrancaram na ilha de edição justamente os pedaçoes que fariam aquela produção ser maravilhosa e deixaram simplesmente o que seria inócuo, PC, mais facilmente compreendido pelas massas ou simplesmente mais adequado à digestão do mercado. E o mercado _ pensam eles _ é um monstro ávido sempre das mesmas velharias em embalagens recicladas, fazendo-se de novidades.

Não gosto de teorias conspiratórias, então vou evitar dizer que existe um complô pelo emburrecimento planetário com intenções de dominação e serei pragmática. Parece que as cifras ficaram altas demais. Qualquer filmeco custa os olhos da cara, então é preciso que seja um sucesso total. Investimentos monstruosos são feitos na divulgação, na contratação milionária do astro/estrela do momento e isso precisa ser recuperado. Não há mecenas nesse negócio.

E fico sem saber se as tais prévias já são salpicadas de, digamos, uma certa fantasia publicitária, ou se em algum momento, entre aquelas entrevistas e o lançamento, algum bambambã decide numa canetada que isso ou aquilo não vende e amputa justamente o que seria mais interessante, aquilo que, às vezes, só os mais argutos (ou delirantes) conseguem ainda perceber, intuir ou adivinhar.

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