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5.3.07


CARTA ABERTA DE ARTISTAS BRASILEIROS SOBRE A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA

Acabamos de comemorar o menor desmatamento da Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas vezes a Alemanha e três Estados de São Paulo. Não há motivo para comemorações. A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços ambientais importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se estende por mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico engendrado pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo, propiciando a vida da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na regulação da temperatura do Planeta.

Depois de tombada na sua pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam fogo às suas vestes de esmeralda abrindo passagem aos forasteiros que a humilham ao semear capim e soja nas cinzas de castanheiras centenárias. Apesar do extraordinário esforço de implantarmos unidades de conservação como alternativas de desenvolvimento sustentável, a devastação continua. Mesmo depois do sangue de Chico Mendes ter selado o pacto de harmonia homem/natureza, entre seringueiros e indígenas, mesmo depois da aliança dos povos da floresta “pelo direito de manter nossas florestas em pé, porque delas dependemos para viver”, mesmo depois de inúmeras sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela Amazônia, a devastação continua.

Como no passado, enxergamos a Floresta como um obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada. Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos ou então uma fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.
Um país que tem 165.000 km2 de área desflorestada, abandonada ou semi-abandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem a necessidade de derrubar uma única árvore. É urgente que nos tornemos responsáveis pelo gerenciamento do que resta dos nossos valiosos recursos naturais.

Portanto, a nosso ver, como único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo o que determina o § 4º, do Artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê:

"A Floresta Amazônica é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais"

Assim, deve-se implementar em níveis Federal, Estadual e Municipal A INTERRUPÇÃO IMEDIATA DO DESMATAMENTO DA FLORESTA AMAZÔNICA. JÁ!

É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história.

SOMOS UM POVO DA FLORESTA!


subscreva o manifesto no site.
"A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem."
(Monteiro Lobato)

"As mudanças climáticas são uma ameaça maior ao planeta que o terrorismo."
(Stephen Hawking)

"A hora mais escura da noite é a mais próxima do alvorecer."
(Masaharu Tanigushi)

"A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas."
(Goethe)
Amei esta peça publicitária!

1.3.07

Quanto você pagaria por uma visão do futuro?

Aqui você pode ver o futuro. É uma cortesia minha.

Assista e depois fale comigo. Tenho outros detalhes pra você.

28.2.07

COMO COBRAR ATITUDES DOS POLÍTICOS SEM SAIR DE SUA CASA?


Use apenas 5 minutos de seu tempo para cobrar de quem tem o DEVER de fazer seu estado funcionar!

Não se esqueça de que NINGUÉM pode pressionar tanto os políticos quanto o POVO. Medidas como aumento salarial de políticos foram bloqueadas por PRESSÃO POPULAR através de TELEFONEMAS e INTERNET. FAÇA SUA PARTE! Os verdadeiros responsáveis por garantir a sua segurança são ELES!

Como fazer isso?

1) PELA INTERNET

Aqui, você cobra dos deputados estaduais do Rio de Janeiro.
Aqui, você cobra dos deputados federais.
Aqui, você cobra dos senadores.


2) POR TELEFONE

A ligação é GRATUITA em todos os casos:

Aqui, você cobra dos deputados federais do Rio de Janeiro: 0800220008
Aqui, você cobra dos deputados federais: 0800619619
Aqui, você cobra dos senadores: 0800 612211

22.2.07

O Carnaval deste ano foi uma delícia.

Filho viajou com a família de um amiguinho e revivi meus carnavais de solterice, livre, leve e solta. Quer dizer, solta, mas não avulsa. Meu amo e senhor e eu mais um par de amigos animadíssimos nos metemos em todos os blocos que conseguimos alcançar, enfiamos o pé na jaca (com a devida responsabilidade, afinal já não somos, digamos, bebês) e nos divertimos muito.

O Rio de Janeiro é uma vila. A gente sai de casa e esbarra nos amigos e conhecidos. Quem está no desvio tem que se cuidar :-) É também o retrato da resiliência. Mesmo com faixa de luto no braço, com um minuto de silêncio antes de começar a batucada, ninguém deixou a peteca cair. Banda de Ipanema, Bloco de Segunda, Bip Bip, Banda da Sá Ferreira, Rio Maracatu, capoeira com jongo que não sei o nome... E muita praia, porque o sol resolveu dar as caras lindamente após um verão de muito fazer doce.

Não sou o olho que tudo vê, é claro, mas circulei muito e não vi uma briga sequer. Ou meu anjo da guarda está merecendo um Oscar de melhor ator coadjuvante ou esta foi uma festa de muita paz.

Ontem, em plena quarta-feira de cinzas, lá estava eu no rabo de mais um bloco, o Virtual. Depois, lavei os confetes, a espuma, os respingos de cerveja e muito suor no pôr-de-sol de Ipanema.

Hoje, vida que segue.

Domingo tem Monobloco.

16.2.07

"As leis se complicam quando se multiplicam."
(Marquês de Maricá)

"Seja a mudança que você quer no mundo."
(Gandhi)

"Arriscar e amar até o fim."
(Marina Lima)

"O tempo apara todas as arestas e dá o acabamento necessário a tudo."
(Maria Bethânia)

"O papel mais difícil que já enfrentei foi o de amadurecer."
(Elizabeth Taylor)

"Passamos a amar não quando encontramos uma pessoa perfeita, mas quando aprendemos a ver perfeitamente uma pessoa imperfeita."
(San Kenn)

"Passarinho que acompanha morcego dorme de cabeça para baixo."
(João Nogueira)

"A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros."
(provérbio chinês)

"Mas / o silêncio / só existe disfarçado."
(Francisco Bosco)

"A glória é um alimento que se dá a quem já não pode saboreá-lo."
(Carlos Drummond de Andrade)

12.2.07

Sobre a pena capital

Como todo mundo, fiquei estarrecida com o brutal assassinato do Joãozinho.
Mas hoje, começaram a chegar aqueles e-mail que pipocam na caixa postal quando coisas desse tipo acontecem. São sempre os mesmos, o discurso é sempre igual.
Um amigo me enviou um convite para participar de uma comunidade que pregava o "olho por olho, dente por dente".
Eis o que respondi:

Obrigada pelo convite, mas não posso aceitar. Estou super-revoltada com esse crime. Sou super a favor de punição rigorosa para os criminosos. Mas olho por olho dente por dente, como dizia Gandhi, gera uma terra de cegos banguelas. (...) Bom, estou fora de qualquer coisa que me faça ficar minimamente parecida com esses monstros. Pena de morte, além de não resolver, nivela a todos por baixo.

Mas mensagens com o mesmo teor parecem brotar dos bueiros, então prefiro as palavras do Fausto Wolff:

Dizem que, durante uma entrevista na TV, Sandra Cavalcanti defendeu a pena de morte. Jaguar, um dos entrevistadores, teria perguntado: - O que a senhora sugere: garrote vil, afogamento, decapitação ou fogueira?

Sempre fui contra a pena de morte e passei a achar que os Estados Unidos eram governados por psicopatas quando, ainda garoto, soube que Ethel Rosemberg fora assassinada pela Justiça americana na cadeira elétrica. Era pequenininha e aqueles cintos de couro e metal não apertaram bem suas pernas. Ainda viva foi eletrocutada novamente, ocasião em que sua cabeça quase pegou fogo. Mais tarde fui a favor da pena de morte para os que eram a favor da pena de morte. Depois mudei de idéia. Não se pode matar alguém apenas por ser burro, caso contrário nem teríamos gente aparecendo na TV.

16.1.07

12.1.07

"O certo é reconhecer: no fundo de mim / Sou sem fundo."
(Antônio Cícero)

"O prêmio por uma coisa bem feita é tê-la feito."
(R. W. Emerson)

"Não precisa correr tanto; o que tiver de ser seu às mãos lhe há de ir."

(Machado de Assis)

"A espera às vezes dura um pouco / Um dia, um mês, um existir."
(Marina Lima)

"Preserve os gatos pingados. Afinal, eles são só meia dúzia."
(anônimo)

"De tudo somente fica / O que for para ser vivido."
(Thereza Christina Motta)

"Deixe que o beijo dure / Deixe que o tempo cure."
(Jorge Dexter / Zélia Duncan)

"A moda é passageira, como as pessoas, mas ressucita, e elas não."

(Carlos Drummond de Andrade)

"Moda é o que você adota quando você não sabe quem você é."
(Quentin Crisp)

"O que é chamado de moda é tradição momentânea."

(Goethe)

"Só há uma maneira de se chagar ao coração de um homem, minha filha. Com uma faca."
(Viviana Gómez Thorpe)

10.1.07

Sou Uma Criança, Não Entendo Nada
(Erasmo Carlos)

Antigamente quando eu me excedia ou fazia alguma coisa errada.
Naturalmente minha mãe dizia: "ele é uma criança, não entende nada".
Por dentro eu ria satisfeito e mudo. Eu era um homem e entendia tudo.
Hoje só, com meus problemas rezo muito, mas eu não me iludo.
Sempre me dizem quando fico sério: "ele é um homem e entende tudo".
Por dentro com a alma atarantada, sou uma criança, não entendo nada.


No final dos anos 1970, a escola onde eu estudava promoveu eleições, mas já não lembro qual eram os cargos que os vencedores ocupariam. Algo decorativo, imagino, pois vivíamos período de trevas na política. Recordo, entretanto, que os nomes das chapas causaram comoção. Devo destacar que naquela época, naquele bairro, o sinal da Rede Globo nem sempre chegava claro, não haviam as parabólicas, nem TV a cabo, e a torre de UHF no alto da Serra do Mendanha ainda era um projeto. Assim, a TV Tupi tinha forte audiência na região. Por isso as chapas receberam os nomes de "O Astro", em homenagem à novela de Janete Clair exibida pela Vênus Platinada em horário nobre e "O Profeta", folhetim de Ivani Ribeiro levada então pela Tupi. A cisão advinda dessa escolha fez com que a acalorada disputa sobre qual álbum de figurinhas era o mais interessante, o dos personagens da Disney ou o de ciências, fosse completamente esquecida.

Não perdia um capítulo de "O Profeta", com o saudoso Carlos Augusto Strazzer no papel título e Débora Duarte no papel de irmã feia carismática. Também lembro da Márcia de Windsor (que trabalhava como jurada em programa de calouros) como a mãe que acobertava as armações da irmã arrivista. Mas quase não tenho registro da história em si, além dos poderes do protagonista, usados em causa própria contra os conselhos dos sensatos e da paixão da feiosa por ele. Assisto a poucos capítulos do remake na Globo, mas eles não despertam qualquer recordação do original.

Estranho como nossas memórias são mais de sensações do que de fatos. E me lembro das sensações da disputa na escola, de como adorava ver a novela e tentar ver o rosto de Jesus na imagem do borrão na abertura, mas não recordo bem do enredo.

De qualquer forma, pelo pouco que vi, constato que muita coisa não despertaria interesse no mundo de hoje. O mocinho tendo que casar contra sua própria vontade porque engravidou a vilã? Hoje em dia o golpe da barriga não rola. Ou rola?

Aliás, acho que cada vez mais teremos novelas de época, porque os grandes clichês folhetinescos foram exterminados pelas novas tecnologias. Desencontros e bolos? Na era do celular!? Desconhecidos que se aproximam e se apaixonam, descobrem que são irmãos e só no final concluem que não. Ou quem é o verdadeiro pai da criança... Vai exame de DNA aí? E a carta, aquela que desvenda tudo, ou compromete, ou inocenta? Cadê os missivistas de caneta e papel em 2007?

É, o povo da dramaturgia tem que ralar para criar novos chavões. Mas por enquanto eles ainda falam de e com o pessoal que ainda não chegou no século XXI.
"Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza."
(Oscar Wilde)

"Odeio dinheiro. Mas odeio ainda mais a sua falta."
(Katherine Mansfield)

"Que ninguém se engane, só se consehue a simplicidade através de muito trabalho."
(Clarice Lispector)

"A arte de agradar é a arte de enganar."
(Marquês de Vauvernagues)

"A felicidade é como a saúde: se não sentes a falta dela, significa que ela existe."
(S. Turgenev)

"A idade nem sempre traz sabedoria. Às vezes a idade vem sozinha."
(anônimo)

"O homem está sempre desposto a negar tudo aquilo que não compreende."
(Pascal)

"Não menos do que saber, agrada-me duvidar."
(Dante Alighieri)

"Mesmo cativo o pássaro não liga / Prendem seu corpo, não sua cantiga."
(Billy Blanco)

"O que você não vê com seus olhos não invente com sua língua."
(provérbio inglês)

26.12.06

"A coroa real não impede a dor de cabeça."
(George Herbert)

"Não corra atrás das borboletas. Plante uma flor em seu jardim e todas as borboletas virão até ela."
(D. Elhers)

"A morte do homem começa no instante em que ele desiste de aprender."
(Albino Teixeira)

"O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo."
(Balzac)

"Brincar é condição fundamental para ser sério."
(Arquimedes)

"As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho."
(Mário Quintana)

"A loucura é diagnosticada pelos sãos,que não se submetem a diagnóstico."
(Carlos Drummond de Andrade)

"Temos uma boca e dois ouvidos mas jamais nos comportamos proporcionalmente."
(provérbio chinês)

"As pessoas que falam muito mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades."
(Millôr Fernandes)

"As mulheres são capazes de tudo. Os homens, do resto."
(Henry de Régnier)

20.12.06

Merda no ventilador

Demitido, repórter da Globo critica direçãoDemitido, repórter da Globo critica direção


Demitido, Rodrigo Vianna, repórter da TV Globo, critica a direção da emissora.

A TV Globo informa que Rodrigo Vianna encaminhou a mensagem após ter sido informado pela emissora de que seu contrato não seria renovado.

Leia íntegra da carta de Rodrigo Vianna:

LEALDADE

Quando cheguei à TV Globo, em 1995, eu tinha mais cabelo, mais esperança, e também mais ilusões. Perdi boa parte do primeiro e das últimas. A esperança diminuiu, mas sobrevive. Esperança de fazer jornalismo que sirva pra transformar - ainda que de forma modesta e pontual. Infelizmente, está difícil continuar cumprindo esse compromisso aqui na Globo. Por isso, estou indo embora.

Quando entrei na TV Globo, os amigos, os antigos colegas de Faculdade, diziam: "você não vai agüentar nem um ano naquela TV que manipula eleições, fatos, cérebros". Agüentei doze anos. E vou dizer: costumava contar a meus amigos que na Globo fazíamos - sim - bom jornalismo. Havia, ao menos, um esforço nessa direção.

Na última década, em debates nas universidades, ou nas mesas de bar, a cada vez que me perguntavam sobre manipulação e controle político na Globo, eu costumava dizer: "olha, isso é coisa do passado; esse tempo ficou pra trás".

Isso não era só um discurso. Acompanhei de perto a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando da TV, e a tentativa dele de profissionalizar nosso trabalho. Jornalismo comunitário, cobertura política - da qual participei de 98 a 2006. Matérias didáticas sobre o voto, sobre a democracia. Cobertura factual das eleições, debates. Pode parecer bobagem, mas tive orgulho de participar desse momento de virada no Jornalismo da Globo.

Parecia uma virada. Infelizmente, a cobertura das eleições de 2006 mostrou que eu havia me iludido. O que vivemos aqui entre setembro e outubro de 2006 não foi ficção. Aconteceu.

Pode ser que algum chefe queira fazer abaixo-assinado para provar que não aconteceu. Mas, é ruim, hem!

Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto".

Tudo isso aconteceu. E nem foi o pior.

Na reta final do primeiro turno, os "aloprados do PT" aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui.

Ao lado de um grupo de colegas, entrei na sala de nosso chefe em São Paulo, no dia 18 de setembro, para reclamar da cobertura e pedir equilíbrio nas matérias: "por que não vamos repercutir a matéria da "Istoé", mostrando que a gênese dos sanguessugas ocorreu sob os tucanos? Por que não vamos a Piracicaba, contar quem é Abel Pereira?"

Por que isso, por que aquilo... Nenhuma resposta convincente. E uma cobertura desastrosa. Será que acharam que ninguém ia perceber?

Quando, no JN, chamavam Gedimar e Valdebran de "petistas" e, ao mesmo tempo, falavam de Abel Pereira como empresário ligado a um ex-ministro do "governo anterior", acharam que ninguém ia achar estranho?

Faltando seis dias para o primeiro turno, o "petista" Humberto Costa foi indiciado pela PF. No caso dos vampiros. O fato foi parar em manchete no JN, e isso era normal. O anormal é que, no mesmo dia, esconderam o nome de Platão, ex-assessor do ministério na época de Serra/Barjas Negri. Os chefes sabiam da existência de Platão, pediram a produtores pra checar tudo sobre ele, mas preferiram não dar. Que jornalismo é esse, que poupa e defende Platão, mas detesta Freud! Deve haver uma explicação psicanalítica para jornalismo tão seletivo!

Ah, sim, Freud. Elio Gaspari chegou a pedir desculpas em nome dos jornalistas ao tal Freud Godoy. O cara pode ter muitos pecados. Mas, o que fizemos na véspera da eleição foi incrível: matéria mostrando as "suspeitas", e apontando o dedo para a sala onde ele trabalhava, bem próximo à sala do presidente... A mensagem era clara. Mas, quando a PF concluiu que não havia nada contra ele, o principal telejornal da Globo silenciou antes da eleição.

Não vi matérias mostrando as conexões de Platão com Serra, com os tucanos.

Também não vi (antes do primeiro turno) reportagens mostrando quem era Abel Pereira, quem era Barjas Negri, e quais eram as conexões deles com PSDB. Mas vi várias matérias ressaltando os personagens petistas do escândalo. E, vejam: ninguém na Redação queria poupar os petistas (eu cobri durante meses o caso Santo André; eram matérias desfavoráveis a Lula e ao PT, nunca achei que não devêssemos fazer; seria o fim da picada...).

O que pedíamos era isonomia. Durante duas semanas, às vésperas do primeiro turno, a Globo de São Paulo designou dois repórteres para acompanhar o caso dossiê: um em São Paulo, outro em Cuiabá. Mas, nada de Piracicaba, nada de Barjas.!

Um colega nosso chegou a produzir, de forma precária, por telefone (vejam, bem, por telefone! Uma TV como a Globo fazer reportagem por telefone), reportagem com perfil do Abel. Foi editada, gerada para o Rio. Nunca foi ao ar!

Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do "dossiê". Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?

E o caso gravíssimo das perguntas para o Serra? Ouvi, de pelo menos 3 pessoas diretamente envolvidas com o SP-TV Segunda Edição, que as perguntas para o Serra, na entrevista ao vivo no jornal, às vésperas do primeiro turno, foram rigorosamente selecionadas. Aquele diretor (aquele, vocês sabem quem) teria mandado cortar todas as perguntas "desagradáveis". A equipe do jornal ficou atônita. Entrevistas com os outros candidatos tinham sido duras, feitas com liberdade. Com o Serra, teria havido, deliberadamente, a intenção de amaciar.

E isso era um segredo de polichinelo. Muita gente ouviu essa história pelos corredores...

E as fotos da grana dos aloprados? Tínhamos que publicar? Claro. Mas, porque não demos a história completa? Os colegas que estavam na PF naquele dia (15 de setembro), tinham a gravação, mostrando as circunstâncias em que o delegado vazara as fotos. Justiça seja feita: sei que eles (repórter e produtor) queriam dar a matéria completa - as fotos, e as circunstâncias do vazamento. Podiam até proteger a fonte, mas escancarando o que são os bastidores de uma campanha no Brasil. Isso seria fazer jornalismo, expor as entranhas do poder.

Mais uma vez, fomos seletivos: as fotos mostradas com estardalhaço. A fita do delegado, essa sumiu!

Aquele diretor, aquele que controla cada palavra dos textos de política, disse que só tomou conhecimento do conteúdo da fita no dia seguinte. Quer que a gente acredite?

Por que nunca mostraram o conteúdo da fita do delegado no JN?

O JN levou um furo, foi isso?

Um colega nosso, aqui da Globo ouviu a fita e botou no site pessoal dele... Mas, a Globo não pôs no ar... O portal "G-1" botou na íntegra a fita do delegado, dias depois de a "CartaCapital" ter dado o caso. Era noticia? Para o portal das Organizações Globo, era.

Por que o JN não deu no dia 29 de setembro? Levou um furo?

Não. Furada foi a cobertura da eleição. Infelizmente.

E, pra terminar, aquele episódio lamentável do abaixo-assinado, depois das matérias da "CartaCapital". Respeito os colegas que assinaram. Alguns assinaram por medo, outros por convicção. Mas, o fato é que foi um abaixo-assinado em defesa da Globo, apresentado por chefes!

Pensem bem. Imaginem a seguinte hipótese: a revista "Quatro Rodas" dá matéria falando mal da suspensão de um carro da Volkswagen, acusando a empresa de deliberadamente não tomar conhecimento dos problemas. Aí, como resposta, os diretores da Volks têm a brilhante idéia de pedir aos metalúrgicos pra assinar um manifesto em defesa da empresa! O que vocês acham? Os metalúrgicos mandariam a direção da fábrica catar coquinho em Berlim!

Aqui, na Globo, muitos preferiram assinar. Por isso, talvez, tenhamos um metalúrgico na Presidência da República, enquanto os jornalistas ficaram falando sozinhos nessa eleição...

De resto, está difícil continuar fazendo jornalismo numa emissora que obriga repórteres a chamarem negros de "pretos e pardos". Vocês já viram isso no ar? Sinto vergonha...

A justificativa: IBGE (e, portanto, o Estado brasileiro) usa essa nomenclatura. Problema do IBGE. Eu me recuso a entrar nessa. Delegados de policia (representantes do Estado) costumavam (até bem pouco tempo) tratar companheiras (mesmo em relações estáveis) como "concubinas" ou "amásias". Nunca usamos esses termos!

Árabes que chegaram ao Brasil no início do século passado eram chamados de "turcos" pelas autoridades (o passaporte era do Império Turco Otomano, por isso a nomenclatura). Por causa disso, jornalistas deviam chamar libaneses de turcos?

Daqui a pouco, a Globo vai pedir para que chamemos a Parada Gay de "Parada dos Pederastas". Francamente, não tenho mais estômago.

Mas, também, o que esperar de uma Redação que é dirigida por alguém que defende a cobertura feita pela Globo na época das Diretas?

Respeito a imensa maioria dos colegas que ficam aqui. Tenho certeza que vão continuar se esforçando pra fazer bom Jornalismo. Não será fácil a tarefa de vocês.

Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao JG, temos um desfile de gente que está do mesmo lado.

Mas sabem o que me deixou preocupado mesmo? O texto do João Roberto Marinho depois das eleições.

Ele comemorou a reação (dando a entender que foi absolutamente espontânea; será que disseram isso pra ele? Será que não contaram a ele do mal-estar na Redação de São Paulo?) de jornalistas em defesa da cobertura da Globo:

"(...)diante de calúnias e infâmias, reagem, não com dúvidas ou incertezas, mas com repúdio e indignação. Chamo isso de lealdade e confiança".

Entendi. Ele comemora que não haja dúvidas e incertezas... Faz sentido. Incerteza atrapalha fechamento de jornal. Incerteza e dúvida são palavras terríveis. Devem ser banidas. Como qualquer um que diga que há racismo - sim - no Brasil.

E vejam o vocabulário: "lealdade e confiança". Organizações ainda hoje bem populares na Itália costumam usar esse jargão da "lealdade".

Caro João, você talvez nem saiba direito quem eu sou.

Mas, gostaria de dizer a você que lealdade devemos ter com princípios, e com a sociedade. A Globo, infelizmente, não foi "leal" com o público. Nem com os jornalistas.Vai pagar o preço por isso. É saudável que pague. Em nome da democracia!

João, da família Marinho, disse mais no brilhante comunicado interno:

"Pude ter certeza absoluta de que os colaboradores da Rede Globo sabem que podem e devem discordar das decisões editoriais no trabalho cotidiano que levam à feitura de nossos telejornais, porque o bom jornalismo é sempre resultado de muitas cabeças pensando".

Caro João, em que planeta você vive? Várias cabeças? Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!

Cumpro agora um dever de lealdade: informo-lhe que, passadas as eleições, quem discordou da linha editorial da casa foi posto na "geladeira". Foi lamentável, caro João. Você devia saber como anda o ânimo da Redação - especialmente em São Paulo.

Boa parte dos seus "colaboradores" (você, João, aprendeu direitinho o vocabulário ideológico dos consultores e tecnocratas - "colaboradores", essa é boa... Eu não sou colaborador, coisa nenhuma! Sou jornalista!) está triste e ressabiada com o que se passou.

Mas, isso tudo tem pouca importância.

Grave mesmo é a tela da Globo - no Jornalismo, especialmente - não refletir a diversidade social e política brasileira. Nos anos 90, houve um ensaio, um movimento em direção à pluralidade. Já abortado. Será que a opção é consciente?

Isso me lembra a Igreja Católica, que sob Ratzinger preferiu expurgar o braço progressista. Fez uma opção deliberada: preferiram ficar menores, porém mais coesos ideologicamente. Foi essa a opção de Ratzinger. Será essa a opção dos Marinho?

Depois, não sabem porque os protestantes crescem...

Eu, que não sou católico nem protestante, fico apenas preocupado por ver uma concessão pública ser usada dessa maneira!

Mas, essa é também uma carta de despedida, sentimental.

Por isso, peço licença pra falar de lembranças pessoais.

Foram quase doze anos de Globo.

Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha - nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil.

Havia o João Paulada - o faz-tudo da Redação.

Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces...

Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo.

Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós - nas ruas, no Metrô, na padaria.

Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia "vallet park", nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.

Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.

Mas, há as pessoas. Essas valem a pena.

Pra quem conseguiu chegar até o fim dessa longa carta, preciso dizer duas coisas...

1) Sinto-me aliviado por ficar longe de determinados personagens, pretensiosos e arrogantes, que exigem "lealdade"; parecem "poderosos chefões" falando com seus seguidores... Se depender de mim, como aconteceu na eleição, vão ficar falando sozinhos.

2) Mas, de meus colegas, da imensa maioria, vou sentir saudades.

Saudades das equipes na rua - UPJs que foram professores; cinegrafistas que foram companheiros; esses sim (todos) leais ao Jornalismo.

Saudades dos editores - que tiveram paciência com esse repórter aflito e procuraram ser leais às minúcias factuais.

Saudades dos produtores e dos chefes de reportagem - acho que fui leal com as pautas de vocês e (bem menos) com os horários!

Saudades de cada companheiro do apoio e da técnica - sempre leais.

Saudades especialmente, das grandes matérias no Globo Repórter - com aquela equipe de mestres (no Rio e em São Paulo) que aos poucos vai se desmontando, sem lealdade nem respeito com quem fez história (mas há bravos resistentes ainda).

Bem, pelo tom um tanto ácido dessa carta pode não parecer. Mas levo muita coisa boa daqui.

Perdi cabelos e ilusões. Mas, não a esperança.

Um beijo a todos.

Rodrigo Vianna.

19.12.06

Parece que Papai Noel está mesmo em baixa. Cada vez fica mais difícil convencer às espertíssimas crianças de hoje em dia da ubiqüidade e das generosidade e riqueza infinitas do Bom Velhinho.

Na Alemanha e na Áustria este ano, a afirmação de que a imagem do senhor barbudo em pijama vermelho de pom-pons brancos é uma criação da Coca-Cola que acabou desvirtuando o espírito natalino da louvação do Menino-Deus para o consumo desenfreado, desaguou num boicote sem precedentes à figura. As vitrines da Germânia aboliram a imagem de Papai Noel. Por lá não se ouve mais o ho-ho-ho.

Imagine você que Papai Noel foi expulso da Disney World. Duvida?

E agora este artigo.

18.12.06

Coloquei no ar um blog novinho em folha. Este aqui continua a bagunça de sempre. o papo é mais sobre música e assuntos afins. Dá um pulinho também.
"Tento entender a vida, o mundo e o mistério e, para isso, escrevo."(Lya Luft)

"Contradizer-se... Que luxo!"
(Jean Cocteau)

"A arte é um compêndio da natureza formado pela imaginação."
(Eça de Queiroz)

"Qualquer idiota é apaz de pintar um quadro. Mas só um gênio é capaz de vendê-lo."

(Samuel Buttler)

"Os poetas têm autorização para mentir."
(Plínio, o jovem)

"A vaidade é dos mesquinhos, o orgulho é dos grandes."
(Lorde Byron)

"A intriga humana me fascina."
(Nélida Piñon)

"A injustiça feita a um é ameaça feita a todos."
(Mostequieu)

"A sabedoria é filha da experiência."
(Leonardo Da Vinci)

"Há pessoas silenciosas que são muito mais interessantes que os melhores oradores."
(Benjamin Disraeli)
As Melhores de 2006

No sábado trabalhei o dia inteiro. Este final de ano tem sido de lascar. Mas não estou reclamando. Quando parei, já às sete, por tanto tempo lutando mentalmente contra o alvoroço da turba que se reunia sob a minha janela para o show da Sangalinha, estava absolutamente moída. Mas mantive o combinado, tomei um banho e fui para a festa de aniversário de um amigo. O convite dizia: chegue cedo, porque à meia-noite o som pára. Bom, ia ter música. Oba!

Conhecemos o sujeito e ele logo nos deixou de boca aberta. Era nosso dentista. Mas as afinidades eram grandes e logo descobrimos que além do consultório, o papo tinha que continuar em torno de uma mesa de bar. Claro que meu dentista também tem uma banda e foi ele quem primeiro me falou do Estephanio's, o melhor bar com música no Rio de Janeiro.

A festa rolou num estúdio e quem chegava tocava, cantava ou simplesmente, como eu, aplaudia. Tenho muitas turmas. E essa é uma que me dá muita alegria. Ouvi música velha e música nova. Música brasileira e do Velho Continente. Rock, reggae, blues, jazz... Gente que sente um prazer evidente em se reunir para cultuar Orfeu.

E entre as canções que foram entoadas, aquela que se tornou uma obsessão para mim em 2006: Crazy, do Gnarls Barkley. Até o clipe se encaixava com uma pesquisa que eu estava fazendo sobre o teste de Rorschach, porque estava muito interessada na projeção pessoais que fazemos nas situações independente do que de fato é apresentado.

Desconheço muitas das canções apresentadas abaixo, mas além de Crazy, também Smile me fisgou. Senti falta de uma outra que cantarolo sempre. Dizem que uma boa música é aquela que traduz sentimentos que estão no ar. Muitos dos grandes dizem que não compuseram suas obras primas, colheram do cosmo. Keith, por exemplo, sonhou com o riff de Satisfaction. Guardadas as devidas proporções, eu tinha uma mensagem importante para passar para uma pessoa muito amada e não estava conseguindo encontrar um jeito de fazer minha mensagem chegar sem soar como um sermão de tia chata. E aí veio Put your records on para eu tentar entrar em sintonia com quem eu precisava. Rolou.


Bom, eis a lista das Melhores de 2006, segundo a revista Rolling Stones:


1 - Crazy, Gnarls Barkley
2 - Steady As She Goes, Raconteurs
3 - Ridin', Chamillionaire
4 - What You Know, TI
5 - Vans, The Pack
6 - Thunder on the Mountain, Bob Dylan
7 - Smile, Lily Allen
8 - Wamp Wamp (What it Do), Clipse e Slim Thug
9 - Dimension, Wolfmother
10 - Ooh La La, Goldfrapp

(fonte)

15.12.06

"Sonhar é acordar-se para dentro."
(Mário Quintana)

"Imaginação é mais importante do que conhecimento."
(Albert Einstein)

"Não fique na cama. A não seu que você possa ganhar dinheiro nela."
(George Burns)

"O que foi, já se foi/Quero o que será."

(Gonzaguinha)

"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação(...), ninguém precisará enseinar-lhe a amar seu semelhante."

(Albert Shweitzer)

"A paz não pode ser mantida à força; só pode ser conseguida pela compreensão."
(Einstein)

"Somos estrangeiros/Onde quer que estejamos."
(Fernando Pessoa)

"Viver sozinha é como estar numa festa onde ninguém olha para você."
(Marilyn Monroe)

"O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte."
(Friedrich Nietzsche)

"Engraçado, costumam dizer que tenho sorte. Só eu sei que, quanto mais eu me preparo, mais sorte eu tenho."
(Anthony Robbins)

9.12.06

O site dele voltou, com força total.