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20.6.01

FLUTUANDO

Pensei que seria simples. Afinal, eu já passei pela experiência de um casamento e divido a vida com o atual companheiro por quase dez anos. Entretanto, à medida que a grande data vem chegando, sou tomada por uma vertigem, uma excitação, uma ansiedade que só pensei possível às noivinhas de vinte anos. E cá estou nervosa às vésperas do meu casamento.

Não tenho cerimônia em que pensar ou grandes providências a tomar. Tudo apenas emoção, felicidade e expectativa. Ainda bem... Que seria de nós se um movimento importante como este não mexesse com nossas estruturas? Olho para ele dormindo ao meu lado e penso que nada mudará e ao mesmo tempo penso: este é o homem com quem me casarei (mas já estou casada!).

Quase levei uma amiga à loucura procurando uma roupa adequada para a ocasião. Desnecessário dizer que depois de uma tarde inteira entrando e saindo de loja, não encontrei nada que me satisfizesse plenamente. Eu já estava sem graça por arrastá-la por aquela saga e ela atravessava os batentes das portas das lojas com seu bom humor inabalável e dizia que eu procurava um modelito para eu casar com meu marido. Que riqueza ter amigos assim...

Ontem foi dia de hidroginástica. Como qualquer temperatura igual ou menor que vinte graus é inverno rigoroso para cariocas, a piscina, mesmo aquecida, estava vazia. Estou orgulhosa de mim, porque atividades físicas nunca foram meu forte e ainda estou motivada a comparecer às aulas.

Estava realmente me aplicando, cumprindo as ordens da instrutora com afinco, quando reparei que na direção que eu estava indo, à minha frente não havia viva alma. Fechei os olhos e, com o macarrão entre as pernas, flutuando apenas com a cabeça para fora da água tépida, tive uma sensação de arrebatamento, como se lançada para dentro de uma memória remotíssima de conforto e calma. A sensação era de estar mergulhada no nada absoluto e, ao mesmo tempo, comungar plenamente com universo. Acho que eu estava em um útero...

Embora esta experiência deva ter durado pouquíssimo tempo, foi intensa e quando corpo, mente e espírito retornaram juntos à aula de hidroginástica, eu estava leve e tinha deixado para trás toda a tensão de nubente.

"And I think to myself: what a wonderful world..."

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