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22.6.01

JUNHO, MÊS DE FESTAS

Jamais ouvi alguém falando mal de festa junina. Imagino que estes detratores devam existir. Apenas não são tão barulhentos ou não tem tanto acesso aos microfones públicos como os que não gostam de Natal, alegando que trata-se de puro comércio; os que afirmam que os festejos de Ano Novo são muito barulho por apenas uma convenção do calendário; os que dizem que Carnaval é o ópio do povo; e ainda os que dizem que detestam Caetano porque ele vende um milhão de cópias (isso é outra história, que ratifica a fantástica frase do Tom que dizia que no Brasil sucesso é imperdoável).

Eu adoro todas estas datas e penso com meus botões que muitas pessoas reagem a elas simplesmente porque acham que é bonito ser contestador, que é sinal de inteligência mostrar-se questionador e acabam embarcando em causas furadas. Fico com a impressão de que isso é ranço dos tempos de ditadura, em que tudo era censurado e que mostrar-se conhecedor de esquemas ocultos dava status. Vejo gente contando como vantagem o fato de ter sido abordado para alguma negócio escuso e, mesmo jurando que negou-se a participar, crê que o simples fato de ter sido cogitado como integrante de uma negociata ou falcatrua ou esquemão lhe empresta superioridade.

Mas eu ia falar das festas juninas, sobre as quais jamais ouvi um issozinho. Até na escola da minha sobrinha, que é dirigida por protestantes, há uma festa junina. Claro que não é em homenagem a São João ou a seus colegas Antônio e Pedro, mas há barraquinhas, decoração especial e apresentação de dança (que não é quadrilha). Também recebe um nome especial, algo como Festival de Inverno, mas é essencialmente uma festa junina.

Eu adoro tudo. Principalmente quando toda a tradição é mantida, incluindo os preparativos: cortar bandeirinha, selecionar e preparar os pratos típicos, montar fogueira e pau-de-sebo, martelar as barraquinhas, ensaiar a quadrilha, costurar remendos nas roupas dos rapazes e fitinhas nos vestidos das mocinhas, a maquiagem... E quando está pronto e a festa começa, a gente engorda quilos sem pensar em balança, adora aquelas músicas com sabor de infância que para os urbanóides só cabem mesmo neste espaço, dança que nem palhaço, vira criança, fica vendo se alguém vai ter coragem de pular a fogueira, espera o primeiro animado por quentão escorregar no mastro... Delícia das delícias!

Ontem fui a uma destas. Minha incumbência foi a canjica, que fiz com todo carinho (trabalhgo recompensado por uma super-panela cheia até a boca detonada em tempo recorde). Arrumei o pimpolho a caráter. Peguei meu par pelo braço e me diverti a valer numa noite de céu aberto e temperatura que convidava a abraços.

Devo estar com um erê encostado, porque estas coisas simples têm me alegrado tanto a vida... Hoje já corri pela rua, já soprei bolinha de sabão, já fiz e recebi cosquinha, já vi desenho animado...

Mas também tenho brincado de mulherzinha. E o bom de ser uma mulher moderna é poder vestir esta personagem sem problemas, sem medo de estar abrindo a retaguarda. Que maravilha preocupar-se com roupa e salão de beleza! Ainda mais por uma causa nobre...

Viva a visita ao shopping! Viva a panela de canjica! Viva São João, Santo Antônio e São Pedro!

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