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27.3.03

Ontem ele pôs o ponto final no seu livro e foi jogar bola.

Ele plantou algumas árvores, teve dois filhos, três netos, uma esposa adorável, amigos, muitos amigos, familiares que o tinham na mais alta estima.

Ele transformava cada cantinho da casa com seu capricho e suas habilidades de marceneiro amador.

Quando o meu pai estava muito doente, eu falava sem parar em tratamentos. Ele ajudu no que pôde e como pôde e me olhou bem no fundo dos olhos com seu carinho e eu soube que não havia tratamento possível. Eu via nele mais do que a dor de estar perdendo um mais-que-amigo-primo-mais-que-primo-irmão. Via o pavor que ele tinha de uma morte lenta e dolorosa.

Ele "namorou" minha mãe quando eram os dois crianças.

Ele dizia que não conseguia acompanhar as conversas inteligentes do meu pai e do meu padrinho, mas era o mais esperto de todos. Aproveitou a vida com graça e alegria.

Os melhores Natais da minha vida foram os que passei na casa dele, com primos e todo o seu alto astral.

Ele ajudou a transformar o terreno baldio da vizinhança numa área de lazer bonita e bem aproveitada por todos.

Ele ontem foi jogar bola lá depois de pôr o ponto final no seu livro. E teve um enfarte fulminante.

Hoje meu tio Carlinhos é mais uma saudade em mim.

Até o nosso próximo encontro mais adiante.

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