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28.3.03

UMA REVISTA CONSCIENTE
Vendida nas ruas, Ocas repete no Brasil experiência que deu certo no exterior


A revista Ocas (Organização Civil de Ação Social) é produzida por uma equipe de profissionais que trabalha de forma voluntária e contando com alguns apoios. Trata-se de um instrumento que tenta desenvolver auto-estima e devolver cidadania à população de rua da cidade. Uma iniciativa que vai se consolidando no Brasil, no Rio e em São Paulo, repetindo uma bem-sucedida experiência de outros 42 países, que, como aqui, enxergam na informação e oportunidade de trabalho um atalho para o resgate da dignidade.

Ocas nasceu ano passado, fazendo parte da International Network of Street Papers, uma rede composta por diversas publicações que funcionam em esquema similar: são vendidas por moradores de rua, que, depois de cadastrado, ganham os primeiros exemplares gratuitamente, passando, adiante, a ser os agentes de sua própria transformação. No Brasil, as revistas são vendidas a R$2. Desse valor, R$1,50 fica para o vendedor.

A equipe da Ocas é formada por uma série de profissionais voluntários como jornalistas, designers e fotógrafos. Uma psicóloga, Elaine Santos Caetano, é contratada do projeto no Rio. Faz o contato e cadastramento dos vendedores e avaliação de sua situação social. No Rio são 194 vendedores inscritos, mas apenas cerca de sete trabalham regularmente.

A Ocas não tem sede própria. Um galpão no Dispensário Imaculada Conceição, em Botafogo, serve como centro de distribuição e contato. Em São Paulo, está instalada em um espaço cedido por uma igreja no Brás. Fundalmentalmente conta o apoio de uma gráfica paulista e de patrocínios de instituições como o British Council e a empresa M. Officer, que agora estudam a continuidade da ajuda.

Com tiragem de 7,5 mil, Ocas tem todo mês cerca de 70% dos exemplares vendidos. Vez por outra esgota a edição, como a do mês de outubro, centrada no problema da pobreza.

Ocas mescla reportagens de viés social, comportamento, ensaios críticos, notícias internacionais e espaço para os próprios vendedores se expressarem. Mas é preciso ressaltar, não se trata de um projeto assistencialista.

_ As pessoas devem comprar a revista não para ajudar, mas porque conhecem e gostam do trabalho _ diz o editor.

Luciano Rocco sabe que o projeto não é a solução para todos.

_ Ninguém acha que eles vão vender revista a vida toda. Esse é apenas o primeiro passo para um caminho em direção à reconquista da cidadania e reintegração social _ sublinha.


(resumo da matéria publicada no Jornal do Brasil em 1º de fevereiro de 2003)

Os vendedores têm idade mínima de 18 anos, recebem treinamento, assinam um código de conduta e portam crachá. Por favor, compre apenas de vendedores identificados.

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