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31.3.02

Sei que muitos podem discordar, mas creio que uma das bênçãos desta cidade é a mistura das classes sociais. Mesmo nos bairros mais ricos, é possível encontrar representantes de favelas, cortiços e afins como vizinhos. Isso diminui a distância e faz com que pessoas mais sensíveis tenham a oportunidade de experimentar outras formas de cultura e confirmar que todo mundo tem dor de barriga, quer ser feliz e sonha com uma vida digna para os filhos. Porque conhecimento é o único remédio que conheço para dar fim ao preconceito.

Ainda assim, conviver com diferenças nem sempre é fácil. Aqui pertinho tem uma casa de cômodos, um conjunto de sobrados que faz parte de um daqueles processos intermináveis de herança, contam que de um barão, e foi ocupada por pessoas que não tinham para onde ir. Observo com curiosidade a movimentação por lá. Há muita festa, muita criança, algumas brigas fomentadas por 51, que chegam às raias do cômico.

E, como a maioria da população brasileira, lentamente as coisas vão melhorando para eles. Alguns conseguem até sair de lá e ir para um lugar mais adequado. Quem não consegue, tenta fazer a vida mais confortável. Assim um deles comprou um aparelho de som novo. Deduzo isso porque a música toca sem parar. E houve dinheiro suficiente para comprar, além do eletrodoméstico, dois discos. E esse é o problema: são dois - e somente dois - discos!

Eles tocam sem parar dia e noite, revezando-se em alto volume, e suspeita meu lado paranóico, com o intuito claro de me levar à loucura. Acordo com Jose & Durval, conhecidos nacionalmente como Chitãozinho e Xororó. Aí vem Àgua da Minha Sede, do Zeca Pagodinho. Então, novamente o pai e tio da Sandy e do Júnior e mais uma vez o ex-morador de Xerem. Ad infinitum...

Adoro o Zeca, mas assim não há cristão que agüente! E o que falar da dupla sertaneja?
Socorro!

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